BRASÍLIA — Manter a renovabilidade da matriz elétrica brasileira é um desafio diante do atual cenário de mudanças, segundo o secretário nacional de Transição Energética e Planejamento do Ministério de Minas e Energia (MME), Gustavo Ataíde.
A declaração ocorreu nesta quinta-feira (14/8), durante o Fórum de Meio Ambiente e Sustentabilidade do Setor Elétrico (FMASE), em Brasília.
Ataíde afirmou que as metas estipuladas na Estratégia Nacional de Mitigação, inserida no Plano Clima, encontraram resistência.
“A gente chegou até a ser criticado por ser pouco ambicioso, mas a manutenção desses níveis [de renovabilidade] é um desafio enorme diante do que a gente projeta e dos desafios futuros”, disse.
O secretário lista como problemas a serem enfrentados no futuro a maior ocorrência de eventos climáticos extremos, as altas temperaturas que exigirão maior consumo de energia elétrica, a carga necessária para atender veículos elétricos e a possibilidade de instalação de grandes data centers no Brasil.
A Secretaria Nacional de Transição Energética e Planejamento é a responsável por elaborar leilões de contratação de energia e traçar estratégias para lidar com o atendimento à carga.
Para os próximos anos, Ataíde vê oportunidades para a implantação de sistemas de armazenamento, como hidrelétricas reversíveis e baterias químicas.
Segundo ele, essas tecnologias serão importantes para o atendimento da carga, especialmente no fim de tarde, onde ocorre um salto de consumo.
Setor contestou metas do Plano Clima
Entre as metas inseridas no Plano Clima, está a instalação de 800 megawatts (MW) de baterias no Sistema Interligado Nacional (SIN).
A estimativa está abaixo da capacidade do país e leva em conta dados desatualizados, afirma a Associação Brasileira de Soluções de Armazenamento de Energia (Absae).
A entidade defende que é possível promover a contratação de 2 gigawatts (GW) de potência já no primeiro leilão, que aguarda definição do governo federal.
Já a meta de 6,3 GW em repotenciação de hidrelétricas representa apenas um terço do potencial mapeado pelo setor.
A Associação Brasileira de Geradoras de Energia (Abrage) vê a possibilidade de expansão de 18,5 GW a partir de motorização de poços vazios, modernização de equipamentos e ampliação de casas de força.
Cancelado pelo MME, o Leilão de Reserva de Capacidade (LRCAP) teve 5,4 GW registrados em 12 projetos de ampliação de hidrelétricas. Portanto, somente esses projetos já seriam capazes de alcançar 85% da meta.