Um novo projeto de pesquisa e desenvolvimento (P&D) vai testar a viabilidade de produzir hidrocarbonetos a partir da captura de CO2 e fontes renováveis de energia, para produção de produtos de hidrocarbonetos sintéticos.
Batizado de CO2CHEM, o projeto será desenvolvido pela Repsol Sinopec Brasil (RSB), em parceira com o RCGI, centro de pesquisa da USP; Senai Cetiq; e da Hytron, criada a partir de pesquisas na Unicamp e voltada para soluções para produção de hidrogênio.
A ideia é processar combustíveis e outros produtos sintéticos derivados de cadeias de carbono (hidrocarbonetos).
A estratégia de descarbonização, por sua vez, vem dos insumos – monóxido de carbono (CO) e hidrogênio (H2) – obtidos a partir da captura de dióxido de carbono (CO2), um gás do efeito estufa, e da eletrólise da água usando energia gerada a partir de fontes renováveis.
Assim, ao menos no processo industrial de fabricação dos combustíveis, é possível evitar a emissão de carbono.
“Uma das alternativas que exploramos é a utilização do CO2 proveniente de diferentes fontes para gerar produtos de alto valor agregado, como combustíveis e produtos químicos, especialmente aqueles que ainda não possuem substitutos, como lubrificantes, querosene de aviação ou petroquímicos”, explica Támara García, Gerente de Pesquisa e Desenvolvimento da Repsol Sinopec.
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Segundo a RSB, serão implantados, em escala piloto, dois sistemas integrados com tecnologias nacionais capazes de consumir CO2.
O carbono pode vir tanto das operações exploração e produção de petróleo e gás, como queima de combustível ou até mesmo a captura do ar.
“Esse processo industrial é mais sustentável ao fechar o ciclo do carbono e diminuir a pegada de CO2 das nossas atividades”, diz.
Com a demanda por redução da pegada de carbono de substituição de combustíveis fósseis, petroleiras vêm definindo metas de descarbonização para o horizonte 2050, o que fomenta projetos como o CO2CHEM.
“Atualmente, a redução das emissões de CO2 é um dos pilares fundamentais da nossa estratégia de Pesquisa e Desenvolvimento, alinhado ao objetivo global do grupo Repsol de ter zero emissões líquidas até 2050”, explica Támara.
A executiva detalhou a estratégia de P&D da companhia durante participação em evento produzido pela epbr, em parceria com o IBP, no fim do ano passado.
Támara García no Backstage Rio Oil & Gas 2020
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Cláusula de P&D
Além da empresa e instituições de pesquisas, o CO2CHEM tem apoio financeiro da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) e da Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (EMBRAPII).
Na indústria nacional de petróleo, todos os produtores, caso da RSB, tem a obrigação de investir em P&D localmente, em projetos autorizados pela ANP. Entre 2018 e 2020, os campos geraram R$ 5,4 bilhões em obrigações de investimento.
O Instituto alemão Fraunhofer participará em algumas etapas do projeto, firmando uma importante colaboração para transferência tecnológica da Alemanha para o Brasil.
“E devido ao seu pioneirismo, o projeto tem atraído interesse de outras importantes agências de financiamento, como a FAPESP, um importante órgão de fomento à pesquisa do Estado de São Paulo, que se demonstrou interessada pelo escopo técnico do projeto”, diz a RSB.
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