NESTA EDIÇÃO. Ibama e Petrobras chegam a consenso para avançar na última etapa antes da emissão da licença da Bacia da Foz do Amazonas.
Pesquisa aponta que maior parte da população é contra enchimento de botijões por marcas diferentes, proposta da reforma do setor de GLP.
Congresso adia novamente instalação da Comissão Mista da MP da tarifa social.
Aneel posterga regulamentação de baterias e usinas reversíveis.
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Petrobras na iminência da resposta para a Foz do Amazonas
A definição sobre a licença ambiental para a Petrobras perfurar o poço exploratório em águas profundas na Bacia da Foz do Amazonas é iminente, depois que a companhia conseguiu chegar a um consenso com o Ibama para a última etapa do processo.
É o mais próximo que a companhia já chegou da liberação desde a primeira negativa do Ibama, em 2023.
- Em reunião na terça-feira (12/8), equipes técnicas da Petrobras e do órgão ambiental definiram a data para a realização da Avaliação Pré-Operacional (APO).
- O presidente do Senado Federal, Davi Alcolumbre (União/AP), divulgou que o início da APO deve ocorrer no dia 24 de agosto.
- “Essa é uma vitória do Amapá e do Brasil. Um marco, resultado do empenho e do trabalho conjunto de vários atores que defendem um futuro energético sustentável para o nosso país”, disse Alcolumbre em nota.
Segundo a diretora de Exploração e Produção da Petrobras, Sylvia dos Anjos, a companhia “está mais perto” de obter a autorização para a perfuração.
- A APO é um simulado de emergência de vazamento de petróleo para testar a capacidade de respostas a eventuais emergências.
- O teste vai durar de três a quatro dias e já vai ser realizado com a sonda na locação. Se a atuação da companhia nesta etapa for considerada suficiente pelo Ibama, a previsão é que a licença saia “em poucos dias”, segundo a diretora. A perfuração, então, começa logo em seguida.
A companhia tem pressa para viabilizar a atividade: o contrato da sonda deslocada para o Amapá termina em outubro. Portanto, vai precisar renovar o contrato para seguir adiante.
- Além disso, a companhia tem um custo diário de R$ 4,6 milhões com a sonda e embarcações de apoio deslocados para a costa do Amapá.
- O prejuízo é multibilionário: o custo para viabilizar a atividade já havia ultrapassado R$ 1 bilhão em 2023.
A área ambiental do governo é contra a perfuração, que marca a ampliação das atividades de óleo e gás para uma nova fronteira exploratória.
- Na segunda-feira (11/8), organizações ambientais entregaram uma carta ao Itamaraty pedindo que o Brasil defenda o fim da expansão de petróleo e gás na Amazônia.
O presidente Lula (PT), no entanto, vem cobrando publicamente o avanço da atividade, assim como Alcolumbre, sob o argumento da importância dos recursos do petróleo para o desenvolvimento da região Norte.
- Localizada na Margem Equatorial, a Bacia da Foz do Amazonas é considerada de grande potencial por estar próxima a descobertas na Guiana e no Suriname. É, assim, a principal aposta da Petrobras para a reposição de reservas na próxima década.
Ao todo, a estatal tem seis blocos na Bacia da Foz do Amazonas, onde planeja perfurar 8 poços até 2029.
A entrada de grandes petroleiras dos Estados Unidos na disputa por áreas no leilão, inclusive, marcou o retorno da concorrência internacional pela região.
A companhia adquiriu mais dez áreas na região na mais recente rodada de licitações da ANP, em junho, mas ainda não há previsão de perfurações nesses blocos.
Preço do barril. Os contratos futuros de petróleo fecharam em queda na terça-feira (12/8), enquanto investidores avaliam os desdobramentos das negociações comerciais entre os EUA e a China, além de aguardarem o encontro entre o presidente Donald Trump e o líder russo, Vladimir Putin.
- O Brent para outubro recuou 0,77% (US$ 0,51), a US$ 66,12 o barril.
- Os preços também foram influenciados pelas projeções divulgadas pelo Departamento de Energia dos Estados Unidos e a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep)
- O cartel, inclusive, ampliou a expectativa para a oferta de combustíveis líquidos do Brasil neste ano. Agora, a Opep prevê crescimento de 230 mil barris/dia na produção brasileira em 2025, que deve chegar a média de 4,4 milhões de barris/dia no ano.
Opinião: No debate público, é preciso superar a falsa dicotomia entre desenvolvimento e proteção ambiental. O licenciamento é instrumento de gestão de riscos, não um entrave burocrático, escreve o consultor e ex-presidente da Petrobras, Jean Paul Prates.
Definição da nova diretoria da ANP. O presidente da Comissão de Infraestrutura (CI) do Senado Federal, Marcos Rogério (PL/RO), designou o senador Laércio Oliveira (PP/SE) como relator da indicação de Pietro Mendes para a diretoria da ANP.
- A decisão ocorre em meio à indefinição para as sabatinas e uma tentativa do líder do governo e senador pelo PT da Bahia, Jaques Wagner, de trocar a indicação de Mendes pelo advogado Ângelo Rezende, ligado ao partido e ao próprio senador.
ANP contra a parede. A regulamentação dos critérios para classificação de gasodutos de transporte foi alvo de ataques nesta terça (12/8), na Câmara. Deputados federais acusaram a ANP, em audiência pública na Comissão de Minas e Energia, de formular a proposta sem diálogo prévio com o Congresso.
- E a sessão virou, então, palco para evocação de parlamentares à PEC das Agências, que propõe a subordinação dos reguladores às comissões temáticas da Câmara.
Explicações sobre o Repetro. A Comissão de Assuntos Econômicos do Senado aprovou o requerimento para que o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), e o ministro de Minas e Energia (MME), Alexandre Silveira (PSD), prestem esclarecimentos sobre o Repetro, o regime aduaneiro especial do setor de petróleo e gás natural.
- Haddad, inclusive, foi ao Congresso nesta terça (12/8) e defendeu que o Brasil defina uma estratégia para minerais críticos e terras raras. Ele defendeu que o país não se resuma a “um simples exportador de mais uma commodity“.
Contra a reforma do GLP. Uma pesquisa do Instituto Locomotiva apontou que 93% dos brasileiros veem a possibilidade do enchimento de botijão de gás por marcas diferentes como uma janela para a adulteração do gás liquefeito de petróleo (GLP), conforme proposta em análise na ANP.
Novas regras para biocombustíveis. A ANP publicou a nova resolução que regulamentará a autorização de produção de biocombustíveis e de operação de instalação de usinas. Uma das principais mudanças é a ênfase de que produtores de biodiesel podem adquirir, mas não vender metanol.
Opinião: A defesa do RenovaBio não é uma defesa de um modelo específico de negócio, mas sim da previsibilidade, da equidade e da sustentabilidade no mercado de combustíveis, escreve o diretor do Instituto Combustível Legal (ICL), Carlo Faccio.
Inflação. A energia elétrica residencial aumentou 3,04% em julho e foi o subitem de maior pressão individual no IPCA do mês, com uma contribuição de 0,12 ponto porcentual.
- Já os preços dos combustíveis tiveram queda de 0,64% em julho, após recuo de 0,42% no mês anterior.
- Segundo a ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet (MDB), a inflação ainda preocupa o governo, mas há otimismo e um esforço para que a taxa fique dentro da meta até o fim de 2025. Ela afirmou ainda que espera que seja “mínimo” o impacto nas contas públicas do plano de socorro às empresas afetadas pelas tarifas dos Estados Unidos.
MP da tarifa social. O Senado cancelou pela segunda vez a reunião de instalação da comissão mista para análise da MP 1300. A eleição do presidente, vice e do relator estava marcada para terça (12/8) e ainda não foi remarcada.
- A MP tem vigência até o dia 19 de setembro. A expansão da gratuidade da tarifa social de energia elétrica depende da aprovação da medida no Congresso.
Adiamento também nas baterias. Após impasses sobre tarifas, a Aneeladiou a regulamentação dos sistemas de armazenamento de energia. A análise inclui baterias químicas de armazenamento (BESS), autônomas ou acopladas a usinas renováveis, e hidrelétricas reversíveis.
Usinas híbridas. Potencial aliado na mitigação de prejuízos provocados pelos cortes na geração de energia renovável, o armazenamento de energia em baterias está nos planos da Auren, que avalia a entrada no segmento. No entanto, o custo ainda é uma barreira a ser superada.
Destino de estatal nuclear. O Tribunal de Contas da União (TCU) determinou que o Ministério de Minas e Energia (MME) apresente, em até 180 dias, uma proposta fundamentada sobre a manutenção ou reestruturação da Nuclep.
- A medida é resultado de auditoria que apontou problemas na organização e no controle de custos da estatal.
Data centers. A indefinição do governo federal sobre uma política nacional para data centers pode levar a uma migração de investimentos para países vizinhos como Uruguai, Chile e Colômbia, alerta o vice-presidente da Associação Brasileira de Data Centers (ABDC), Luis Tossi.
Opinião: O Acordo Global para a Eliminação da Poluição por Plásticos pode ser o ponto de virada e funcionar como um catalisador de transformações no consumo e na cadeia produtiva, desde que seja implementado com flexibilidade, apoio técnico e financiamento adequado, escreve o diretor de Desenvolvimento Sustentável da Braskem, Jorge Soto.