BRASÍLIA — A presidente da Petrobras, Magda Chambriard, afirmou que o aumento das margens de distribuição no setor de gás liquefeito de petróleo (GLP) aumentaram a atratividade desse mercado e justificam a decisão do conselho de administração de autorizar o retorno da companhia ao setor.
“Qual foi o negócio que em tão curto período de tempo aumentou sua atratividade em 188%? É disso que nós estamos falando. Nós não vamos, de jeito nenhum, nos autolimitar”, disse Chambriard nesta sexta (8/8).
A pretensão de voltar à distribuição de GLP ocorre num contexto de enfrentamento, pelo governo, do crescimento das margens do setor. Reclamações quanto ao preço do botijão já foram verbalizadas pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva em diversas ocasiões.
A irritação do governo com o aumento das margens tem o amparo técnico da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), que publicou nota técnica mostrando um aumento da margem líquida de distribuidoras de GLP quatro vezes maior do que a inflação entre 2020 e 2023. É o número citado por Chambriard.
Segundo o diretor executivo de logística da Petrobras, Claudio Schlosser, a Petrobras já atuava no mercado por meio da venda direta para grandes clientes. Com a decisão do conselho, começa a estudar como será o retorno à distribuição.
“É mais uma oportunidade em que a gente pode identificar uma melhoria na [utilização] da infraestrutura. Temos visto efetivamente que o mercado de GLP é um mercado com uma margem mais elevada, que tem uma margem premium nos últimos anos, que cresceu praticamente quase 188%”, disse.
Além de apresentar uma margem líquida crescente, as distribuidoras de GLP que atuam no Brasil também possuem uma sólida posição de caixa. Entre 2019 e 2023, conforme a EPE, os recursos em caixa das distribuidoras avaliadas apresentaram um crescimento de 313%, frente à inflação inferior.
Conselho da Petrobras aprovou volta ao GLP por unanimidade
Além dos votos do governo, representantes dos bancos e fundos com participação minoritária da Petrobras apoiaram o início dos estudos para retomar sua atuação no elo abandonado com a privatização da Liquigás, em 2020.
Para isso, o conselho levou em conta justamente a disparada nas margens de distribuição do setor, fenômeno que está na ordem do dia do Planalto, Ministério de Minas e Energia (MME) e da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).
“Se o mercado estivesse regulado, dentro de uma situação mais justa, talvez a gente não tivesse tanta pressa”, afirmou Rosangela Buzanelli à agência eixos, nesta sexta (8/8). Partiu dela a proposta aprovada no conselho, onde atua desde 2020, eleita pelos trabalhadores.
“O problema é que a Petrobras reduz os preços [na refinaria] – porque a gente não precisa esfolar ninguém, e está aí um resultado maravilhoso, com distribuição de dividendos –, mas isso não se reflete no consumidor final”, diz.
A Petrobras fechou o balanço do segundo trimestre na quinta (7/8), com lucro líquido de R$ 26,7 bilhões, compensando a queda da ordem de 10% nos preços do Brent com o aumento da produção. O resultado veio em linha com o trimestre anterior.
No período, recolheu R$ 66 bilhões em tributos para União, estados e municípios e vai pagar outros R$ 8,7 bilhões em dividendos e juros sobre capital próprio para os acionistas.