JUIZ DE FORA — O Conselho de Administração da Petrobras aprovou, nesta quinta-feira (7/8), um reposicionamento estratégico no mercado de combustíveis e que passa pelo retorno ao negócio de distribuição de gás liquefeito de petróleo (GLP).
A companhia comunicou ao mercado que o novo posicionamento prevê a atuação da estatal “em negócios rentáveis e de parcerias nas atividades de distribuição, observadas as disposições contratuais vigentes”.
Além disso, a estatal destacou que pretende integrar a área de distribuição a outros negócios no Brasil e no exterior; e ampliar a oferta de soluções de baixo carbono aos clientes.
A Petrobras dá, assim, o primeiro passo para retornar à distribuição de GLP, após a privatização da Liquigás pela companhia, em 2020, no governo de Jair Bolsonaro (PL).
Com o aval do Conselho de Administração, o corpo executivo da Petrobras vai começar a estruturar os planos para a retomar ao setor.
Governo ataca aumento das margens do setor
O reposicionamento vem no contexto das discussões sobre o crescimento das margens do setor de GLP.
O mercado é, hoje, majoritariamente, atendido pela Petrobras e, no elo da distribuição, dominado por Copa Energia, Nacional Gás, Supergasbras e Ultragaz.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem feito críticas reiteradas às margens de revenda do gás de cozinha e citado a ausência da Petrobras no elo de distribuição como uma dificuldade para pressionar as margens dos combustíveis — não só o GLP.
“A gente não tem hoje uma distribuidora. Se a gente tivesse a BR, poderíamos utilizar a rede de postos para entregar esse gás. Hoje a Petrobras consegue entregar a R$ 37. Quem está roubando esse gás que chega a R$ 140?”, questionou, há cerca de um mês.
O governo federal tem prometido um novo programa, o Gás para Todos — que cria um subsídio direto na aquisição de botijões de gás de cozinha para famílias de baixa renda inscritas no Cadastro Único (CadÚnico).
A medida provisória do novo vale-gás vem sendo discutida desde dezembro do ano passado. A expectativa era que a edição da medida acontecesse no fim do primeiro semestre, mas a crise fiscal acabou atrapalhando os planos.
O governo chegou a programar para esta semana a edição da MP, mas cancelou a reunião do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) de terça-feira (5/8) que trataria do assunto.
A discussão sobre as margens das distribuidoras de GLP ganhou corpo em maio, quando a presidente da Petrobras, Magda Chambriard, fez críticas incisivas às empresas e disse que os lucros eram maiores que os do pré-sal.
“Quando chega no GLP, é muito pior. A gente está vendo um GLP na refinaria da ordem de R$ 35, R$ 36 o volume de 13 quilos. Quando chega na porta, como é o caso do Brasil, chega R$ 170. Então, é uma margem gigante. Eu diria que é uma margem que muitas vezes supera a margem do pré-sal. A gente está tendo mais vantagem vendendo GLP do que produzindo pré-sal”, disse a executiva em entrevista coletiva durante a OTC, em Houston.
Veja abaixo as declarações: