O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse à reportagem da TV Globo, após entrevista coletiva nesta sexta-feira (1º/8), que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva pode ligar para ele “à hora que quiser” para tratar sobre tarifas.
A declaração ocorre após um pequeno adiamento da vigência das tarifas e a desidratação do pacote de sanções comerciais. Quando o presidente norte-americano anunciou as tarifas de 50%, em 9 de julho, afirmou que a sobretaxa atingiria todas as exportações brasileiras.
“Ele pode falar comigo a qualquer hora que ele queira sobre tarifas. Vamos ver o que acontece, mas eu amo o povo do Brasil”, disse.
A motivação para as tarifas é política, sem fundamentos comerciais, já que o Brasil é deficitário na relação comercial com os EUA.
Um total de 694 produtos ficaram de fora da Ordem Executiva assinada na quarta-feira (30), elevando o valor da tarifa de importação de produtos brasileiros para 50%.
Entre as exceções estão produtos como petróleo e derivados, suco e polpa de laranja, combustíveis, minérios, fertilizantes e aeronaves civis, incluindo seus motores, peças e componentes. Também ficaram de fora do tarifaço produtos como polpa de madeira, celulose, metais preciosos, energia e produtos energéticos e fertilizantes.
Não há menção a etanol ou açúcar entre as isenções. Portanto, a princípio, esses produtos estão sujeitos às taxas.
O petróleo bruto é, atualmente, um dos principais produtos exportados pelo Brasil aos EUA. Dados da Petrobras divulgados na noite de terça (29/7) mostraram que as vendas para as refinarias norte-americanas aumentaram no segundo trimestre de 2025.
O Instituto Brasileiro do Petróleo e do Gás (IBP) vinha defendendo uma flexibilização das taxas para o petróleo, por ser uma commodity global.
Entretanto, analistas apontavam que o Brasil conseguiria encontrar outros mercados para o petróleo, caso os EUA aplicassem as tarifas sobre o produto.
Etanol é alvo de tensões
A primeira rodada de tarifas dos EUA sobre produtos brasileiros ocorreu em abril, com uma taxa de 10%. Na ocasião, a tarifa era menor do que a aplicada a outras regiões, como China e União Europeia.
Entretanto, em fevereiro a Casa Branca já havia citado o etanol brasileiro como um dos exemplos de políticas tarifárias consideradas “injustas” pelos estadunidenses.
Os EUA aplicam uma taxa de 2,5% sobre o etanol brasileiro, enquanto o Brasil cobra 18% sobre o produto estadunidense.
No Nordeste, produtores de açúcar e etanol da Paraíba calculam perdas de R$ 40 milhões na cadeia produtiva com tarifas do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre produtos brasileiros.
Segundo estimativas do Sindialcool da Paraíba, o impacto será maior para o açúcar, onde empresas e trabalhadores já foram contratados, já que o produto responde por cerca de 49% do total das exportações do estado.