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Brasil define nova taxa de juros em meio a alta na luz e incertezas sobre tarifas

Copom se reúne esta semana para debater juros

Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) aprova redução de tarifas de energia elétrica da Enel SP a partir de julho. Na imagem: Conta de luz incluindo valor de bandeira de escassez hídrica (Foto Marcello Casal Jr./Agência Brasil)
Conta de energia elétrica (Foto Marcello Casal Jr./Agência Brasil)

NESTA EDIÇÃO. Copom se reúne em meio aos impactos da energia na inflação e à entrada em vigor das tarifas dos EUA. 

Rio de Janeiro terá prejuízo de R$ 830 milhões com tarifas, calcula Firjan. 

Senaro Laércio Oliveira (PP/SE) apresenta em agosto novo projeto de lei para para limitar compras de gás natural pela Petrobras e abrir competição no mercado. 

FS inicia construção de planta de etanol com capacidade para 540 milhões de litros por ano. 


EDIÇÃO APRESENTADA POR

O Comitê de Política Monetária (Copom) se reúne na terça (29/7) e na quarta (30/7) para debater a taxa básica de juros, em um cenário marcado pela pressão inflacionária vinda da energia elétrica e pelas incertezas sobre as tarifas dos Estados Unidos contra produtos brasileiros.

  • Na reunião mais recente, em junho, o Copom elevou a taxa Selic de 14,75% para 15%.

As tarifas de energia vêm sendo pressionadas pela bandeira vermelha, cobrança adicional que ocorre quando os reservatórios das hidrelétricas estão baixos e há maior necessidade de acionamento de usinas termelétricas. 

  • Na sexta (25/7), a Aneel confirmou que a bandeira vermelha para o mês de agosto será no patamar 2, com um adicional de R$ 7,87 para cada 100 quilowatts-hora (kWh) consumidos.
  • É uma escalada na cobrança: em junho e julho havia sido a bandeira vermelha patamar 1, com adicional de R$ 4,46 a cada 100 kW/h. Em maio, a bandeira foi amarela. 
  • A última vez que a bandeira vermelha 2 foi acionada foi em outubro de 2024. Desde então, no entanto, houve alterações nos parâmetros usados para calcular o acionamento das bandeiras, a chamada “aversão ao risco”. O cenário agora, portanto, é diferente.

O cenário tem impactos diretos na inflação

  • Segundo dados do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), em julho a bandeira na conta de luz e reajustes de tarifas em cinco capitais pressionaram a inflação. A prévia indica alta de 0,33% no mês, maior do que em junho, que foi de 0,26%. 
  • O item de maior peso na inflação de junho e julho foi, justamente, a energia elétrica. 

Além da energia, a tensão comercial com os EUA também pressiona o cenário econômico. 

  • O país vive a incerteza dos impactos na economia das tarifas de 50% impostas pelo presidente dos EUA, Donald Trump, aos produtos brasileiros, previstas para entrar em vigor na próxima sexta-feira (01/8). 
  • O governo brasileiro segue com os esforços para negociar as taxas, mas já indicou que pode acionar a Lei da Reciprocidade Econômica.
  • A adoção de tarifas recíprocas também pode impactar a inflação, com uma pressão sobre os preços dos combustíveis. Nas últimas semanas, a principal fonte de diesel importado para o Brasil foram as refinarias dos EUA. 
  • Enquanto isso, a União Europeia e os EUA chegaram a um acordo no fim de semana para reduzir as tarifas anunciadas por Trump para o bloco europeu. O pacote incluiu a ampliação da compra de energia pela Europa, estimada em US$ 750 bilhões ao longo de três anos.


Tarifaço. O estado do Rio de Janeiro terá um prejuízo de R$ 830 milhões caso entrem em vigor as tarifas anunciadas pelo governo dos Estados Unidos a partir de 1º de agosto, calculou a Firjan.

  • O Rio de Janeiro é o segundo maior estado exportador para os Estados Unidos, ficando atrás apenas de São Paulo. Em 2024, o Rio importou R$ 8,9 bilhões dos Estados Unidos e exportou R$ 7,4 bilhões.

Minerais na negociação. O vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin (PSB), foi questionado sobre uma possível negociação com os Estados Unidos sobre os minerais críticos, mas evitou cravar qualquer cenário de conversa sobre este tema. Segundo ele, a pauta “é muito longa e pode ser explorada e avançada”.

  • Já ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira (PSD), disse em entrevista à CNN Brasil que o governo está preparando uma política para os minerais críticos. O objetivo da medida, segundo ele, é recepcionar capital — independentemente da origem do dinheiro. 

Cotação do petróleo. O Brent para outubro caiu 1,02% (US$ 0,70), a US$ 67,66 o barril na sexta-feira (25/7). Na semana, a cotação caiu 2,34%. 

  • O mercado foi influenciado pelas incertezas em torno do acordo comercial entre EUA e UE, além do impacto da autorização para a Chevron retomar a extração de petróleo na Venezuela

Preços de referência. A ANP aprovou a elevação dos preços de referência do petróleo. A mudança entra em vigor em 1º de setembro, mais cedo que o esperado, porém reduzirá os pagamentos a serem feitos pelas petroleiras, frente a proposta anterior. 

  • O aumento, portanto, frustra as expectativas de arrecadação do governo federal, que chegou a estimar ganhos adicionais de R$ 1 bilhão ainda este ano. O valor depende da flutuação dos preços do barril, derivados e câmbio, mas a decisão da ANP mitiga de forma estrutural o aumento da base de cálculo.

Produtores independentes. Durante o Sergipe Oil & Gas, petroleiras independentes falaram ao estúdio eixos sobre o cenário para as atividades no Brasil. 

  • O CEO da Mandacaru Energia, Caetano Machado, defendeu que os poços com baixa produtividade precisam de um tratamento diferenciado por parte dos órgãos reguladores. 
  • “Estamos falando de 6 mil metros cúbicos de gás por dia. O pequeno produtor não vai misturar o gás com ninguém. Eu produzo, comprimo, boto no caminhão e entrego no produtor final. Eu não passo por gasoduto de ninguém, não misturo meu gás com ninguém, não tenho mistura de correntes”, explicou.
  • Já o diretor-geral da Carmo Energy apontou que o aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) sobre risco sacado tem um impacto significativo para a companhia. O STF derrubou tarifa sobre essas operações. 

Progás. O senador Laércio Oliveira (PP/SE) confirmou ao estúdio eixos que apresentará em agosto um novo projeto de gas release para limitar compras de terceiros pela Petrobras e abrir a competição no mercado

  • Defendeu também uma rápida aprovação do Profert, programa que desonera o gás natural e concede benefícios fiscais para fábricas de fertilizantes. 

Por falar em fertilizantes…. A previsão do governador de Sergipe, Fábio Mitidieri (PSD), é que a fábrica de fertilizantes (Fafen) da Petrobras no estado vai retomar as atividades em dezembro. A expectativa é da criação de 1.500 empregos diretos e indiretos.

‘Dia D’ do gás. O Ministério de Minas e Energia prepara, para o próximo dia 5 de agosto, o anúncio de um pacote de entregas para o setor de gás natural. 

  • A ideia do governo é lançar, na ocasião, o leilão estruturante de gás da União para indústrias e o decreto de regulamentação do mandato do biometano, junto com o anúncio do Gás Para Todos, o novo vale-gás para compra de botijões de gás liquefeito de petróleo (GLP). Veja os detalhes nas gas week.

Fique ligado: a agência eixos lança no próximo dia 30 de julho o videocast gas week, o novo programa semanal da indústria de gás natural do Brasil. Confira mais detalhes da novidade.

Data centers. Para o secretário de Desenvolvimento Econômico de Sergipe, Marcelo Menezes, projetos de data center precisam de diferentes alternativas energéticas além das renováveis, dada a alta demanda por eletricidade e a necessidade de suprimento firme. 

  • O secretário criticou a MP 1307, que obriga a contratação de energia renovável nova por projetos que desejam se instalar em zonas de processamento de exportação (ZPEs).

Amazonas Energia. A Justiça Federal concedeu na quinta (24/7) mais uma prorrogação para a conclusão da transferência da Amazonas Energia para a Âmbar, do grupo J&F. As partes terão mais 90 dias para se acertarem com a Aneel.

Opinião: Quem representa John Galt no setor elétrico brasileiro? Planejamento centralizado sob a lógica do “monopólio natural” distorce sinais econômicos e compromete decisões de investimento, escreve Daniel Steffens, sócio da área de Energia e Infraestrutura do Urbano Vitalino Advogados.

E30. A ANP abriu a consulta pública sobre a minuta de resolução com regras para aumento da octanagem da gasolina. A medida é necessária para viabilizar a elevação do percentual da mistura de etanol anidro à gasolina, de 27% para 30%, previsto para 1º de agosto.

Etanol de milho. A FS iniciou a construção de sua quarta unidade industrial em Mato Grosso. A planta, localizada em Campo Novo do Parecis, recebeu aporte de R$ 2 bilhões e deverá entrar em operação em dezembro de 2026. A unidade terá capacidade para produzir 540 milhões de litros de etanol por ano.

Opinião: A transição energética justa começa com inclusão e olhar para o campo. O setor de biodiesel levará à COP30 modelo de energia verde e inclusiva, que valoriza os territórios e busca o desenvolvimento regenerativo, escreve André Lavor, o CEO e cofundador da Binatural.

Emissões portuárias. A Antaq autorizou o início da segunda fase do Inventário de Emissões de Gases de Efeito Estufa do setor aquaviário, com foco na obtenção de dados primários diretamente de portos, terminais e Empresas Brasileiras de Navegação (EBNs).

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