A Votorantim Cimentos, maior cimenteira do Brasil, quer produzir concreto com neutralidade de carbono até 2050, substituindo combustível fóssil e ampliando o uso de energia renovável em suas operações.
Com um dos maiores índices de emissões de CO2 na atmosfera, a indústria de cimento – usado na fabricação do concreto, junto com água, areia e brita – é responsável por 7% das emissões globais de gases do efeito estufa, segundo estimativas.
De acordo com a Votorantim, entre 1990 e 2020, a empresa conseguiu reduzir em 25% suas emissões de dióxido de carbono por tonelada de cimento, volume que passou de 763 kg de CO2/ton de cimento para 576 kg de CO2.
“Até 2030, reduziremos outros 12% (para 520kg de CO2 por tonelada), como uma meta intermediária para chegarmos em 2050 com uma produção de concreto neutro em carbono”, explicou à agência epbr o diretor global de Sustentabilidade da Votorantim Cimentos, Álvaro Lorenz.
A empresa aposta na substituição do consumo de combustível fóssil, nos fornos de produção do cimento, por biomassas (como caroço de açaí e coco babaçu) e resíduos sólidos urbanos.
“O coprocessamento é a principal forma de substituição de energia térmica, utilizando em especial pneus inservíveis, resíduos industriais e urbanos e biomassas. Só os investimentos em coprocessamento para uso de combustíveis alternativos ficarão na casa dos R$ 556,3 milhões nos próximos cinco anos em todas as regiões onde atuamos”, anuncia Lorenz.
Além disso, a empresa, em parceria com a joint venture da Votorantim Energia e o fundo de pensão canadense CPP Investments, está investindo em energia eólica adicionada à autogeração hidrelétrica – amplamente usada pela companhia.
“Dois novos complexos eólicos devem ser inaugurados até 2023, adicionando 220 megawatts (MW) em capacidade instalada de geração de energia, cuja maior parte se destinará às nossas operações, aumentando a participação de renováveis no Brasil para 56%”, diz Lorenz.
Outras medidas programadas são a redução do percentual de clínquer, principal ingrediente do cimento, com a aplicação de outros materiais com propriedades hidráulicas; a busca por tecnologias que permitam capturar o carbono emitido no processo produtivo; e a utilização eficiente e reciclagem de concreto, maximizando a absorção de CO2 por meio da recarbonatação.
Emissão de debêntures sustentáveis
Recentemente, a Votorantim Cimentos captou R$ 450 milhões em emissão de títulos sustentáveis, ou sustainability-linked bond (SLB) no mercado nacional. Foi a primeira empresa brasileira de construção civil a emitir esse tipo de título ESG (sigla em inglês para Ambiental, Social e Governança).
“Esta foi primeira emissão de debêntures ESG que a Votorantim Cimentos realizou no mercado de capitais brasileiro. A companhia possui também cerca de US$ 350 milhões em dívidas no exterior atreladas a indicadores de sustentabilidade e buscamos sempre crescer, inovar e aumentar a eficiência operacional do nosso negócio utilizando a sustentabilidade como um de nossos direcionadores estratégicos”, explica o diretor.
A captação nacional foi coordenada pelos bancos Itaú BBA, Santander e UBS BB, e a verificação dos indicadores de sustentabilidade foi feita pela Bureau Veritas, baseada nas metas de descarbonização assumidas pela empresa.
“Com o cumprimento das metas estabelecidas a cada dois anos, a Votorantim Cimentos terá benefícios nas condições de pré-pagamento da dívida”, diz Lorenz.
“Nossos Compromissos de Sustentabilidade para 2030 estão alinhados com as melhores práticas ambientais, sociais e de governança, conhecidas como ESG e convergem com nosso comprometimento com a agenda de Mudanças Climáticas”, conclui.
- Empresas
- Energia
- Energia Elétrica
- Energias Renováveis
- Transição energética
- Biomassa
- Canada Pension Plan Investment Board (CPP Investments)
- Carbono neutro
- Cimento
- Combustíveis fósseis
- Debêntures
- Diesel R (HBIO)
- Energia eólica
- Energia Renovável
- ESG
- Gases de Efeito Estufa (GEE)
- Net Zero 2050
- Votorantim
- Votorantim Cimentos