Lista suja

ICL cobra sanções após Justiça conceder liminares contra lista de inadimplentes no RenovaBio

Distribuidoras conseguiram liminares na Justiça que, na prática, impedem a aplicação de penalidades

Consumidor abastece carro com gasolina. Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
Consumidor abastece carro com gasolina. Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

BRASÍLIA — Após a publicação da lista de inadimplentes do RenovaBio pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), o Instituto Combustível Legal (ICL) cobrou transparência e rigor na aplicação das penalidades às distribuidoras que não cumprem com as metas de descarbonização.

Em nota divulgada nesta segunda-feira (21/7), o ICL afirmou que a divulgação é um instrumento essencial para garantir a isonomia concorrencial no setor.

A tolerância à inadimplência prejudica os agentes regulares e incentiva práticas desleais”, disse a entidade após uma dezena de devedores conseguir liminares na Justiça para não serem penalizados com a proibição de comercializar produtos.

“O instituto lamenta que decisões liminares estejam sendo usadas para tentar barrar a aplicação das sanções, enfraquecendo um instrumento legítimo de fiscalização e penalização de práticas irregulares. O descumprimento das metas ambientais, além de comprometer os objetivos do programa, gera distorções que afetam negativamente os agentes que atuam de forma ética”, disse o ICL, por meio de nota.

O instituto alegou que a lei 15.802/2024 representa um avanço importante ao tipificar o descumprimento das metas como crime ambiental e permitir a cassação da autorização de operação em caso de reincidência.

O ICL negou que essas sanções comprometam o abastecimento de combustíveis no país, mas estimulam a regularização dos agentes.

Ao todo, 11 liminares beneficiam distribuidoras com metas não cumpridas no Renovabio, totalizando 1,646 milhão de Cbios não aposentados.

As decisões acataram argumentos de distribuidoras independentes que afirmam que não é possível exigir a comprovação da aposentadoria dos créditos de carbono para o cumprimento das metas antes da entrada em vigor da lei que prevê as novas regras.

O decreto que regulamentou o endurecimento das regras no mercado de combustíveis foi publicado pelo governo federal apenas em abril de 2025.  

Resposta da Câmara

O presidente da Frente Parlamentar Mista do Biodiesel (FPBio), deputado federal Alceu Moreira (MDB/RS), apresentará um projeto de lei para exigir o depósito judicial de valores da negociação de créditos de descarbonização (CBIOs) antes de liminares que suspendem as sanções previstas no programa RenovaBio.

A proposta visa assegurar que as distribuidoras comprovem, por meio de depósito prévio, o cumprimento das obrigações ambientais.

O presidente da FPBio criticou a postura dos agentes e disse que a Justiça reforçou uma brecha para adiar o cumprimento de metas.

“Esse quadro consagra a ideia de que o crime compensa no Brasil. Empresas que contestam metodologias ou se valem de manobras processuais ganham tempo e vantagens competitivas desleais”, disse em nota

“Ao se escorarem em liminares e técnicas protelatórias, conseguem driblar a aplicação imediata de multas e restrições de mercado, enquanto empresas que cumprem suas obrigações são penalizadas injustamente”, acrescentou.

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