Pronunciamento oficial

"Não há vencedores em guerras tarifárias", diz Lula em pronunciamento

Presidente afirmou que Donald Trump aplica "chantagem inaceitável" contra as instituições brasileiras

BRASÍLIA — O presidente Lula alertou, em pronunciamento oficial na noite desta quinta-feira (17/7) que “não há vencedores em guerras tarifárias”. Ele também reforçou que mais de dez reuniões foram feitas com representantes do governo dos Estados Unidos e que enviou, em 16 de maio, uma proposta de negociação.

À época, o Brasil havia recebido a tarifação mínima imposta pelo presidente Donald Trump, de 10%, mas era afetado por taxas específicas a alguns produtos, como o aço.

“Esperávamos uma resposta e veio uma chantagem inaceitável em forma de ameaça às instituições brasileiras e com informações falsas sobre o comércio entre o Brasil e os Estados Unidos”, acusou.

Os dados utilizados pelo governo para combater a informação apontam 15 anos de robusto superávit para os EUA, de 410 bilhões de dólares.

Lula também defendeu o Judiciário brasileiro de interferências externas e disse que a Justiça do Brasil respeita o devido processo legal, o princípio da presunção da inocência, do contraditório e da ampla defesa. A fala é uma referência a declarações e à carta enviada pela Casa Branca, que menciona perseguição ao ex-presidente Jair Bolsonaro e apoiadores.

“Minha indignação é ainda maior por saber que esse ataque ao Brasil tem apoio de alguns políticos brasileiros. São verdadeiros traidores da pátria. Apostam no quanto pior, melhor. Não se importam com a economia do país e os danos causados ao nosso povo”, comentou.

Outra frente de ataque de Trump sobre o Brasil tem relação com as big techs, o que também foi combatido por Lula no pronunciamento.

O presidente reforçou que essas empresas são obrigadas a seguir as leis brasileiras para atuarem no Brasil, mas a ação do governo e do Judiciário brasileiros vem sendo alvo de críticas de Trump e apoiadores, que alegam censura.

Por ordem de Trump, o Escritório do Representante de Comércio dos Estados Unidos iniciou uma investigação contra o Brasil, incluindo comércio digital e serviços de pagamento eletrônico, contexto no qual se insere o PIX.

“Temos um dos sistemas de pagamento mais avançados do mundo e vamos protegê-lo”, rebateu Lula.

As investigações também recaem sobre “tarifas injustas e preferenciais”, aplicação de medidas anticorrupção, proteção da propriedade intelectual, etanol e desmatamento ilegal.

A redução no desmatamento da Amazônia — ao contrário do que ocorre no Cerrado — foi apontada por Lula como outro ponto de avanço na sua gestão.

“Se necessário, usaremos todos os instrumentos legais para defender a nossa economia, desde recursos à Organização Mundial do Comércio até a Lei da Reciprocidade, aprovada pelo Congresso Nacional”, frisou.

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