Cúpula do Clima: Maiores economias globais aumentam compromissos de descarbonização

Cúpula do Clima: Maiores economias globais aumentam compromisso de descarbonização
Evento marca o retorno dos Estados Unidos à linha de frente no combate ao aquecimento global - Foto: White House

Estados Unidos, Japão e Reino Unido anunciaram hoje (22) novas metas de redução de emissões de gases de efeito estufa, durante a abertura da Leaders Summit on Climate (Cúpula de Líderes sobre o Clima), enquanto China, Índia, França e Alemanha reforçaram suas ambições rumo à economia verde.

Anfitrião do evento que reuniu 40 líderes mundiais, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, elevou as metas climáticas do país e prometeu reduzir suas emissões em 50% até 2030, em comparação aos patamares de 2005.

A nova meta é quase o dobro do último compromisso feito por Barack Obama em 2015, que prometeu reduzir 28% das emissões até 2025.

“Estamos prontos para enfrentar esse desafio (…) Os EUA não estão esperando, estamos prontos para agir”, afirmou Biden.

O presidente destacou os ganhos gerados pela transição rumo à economia de baixo carbono, em especial com novos projetos de energias renováveis.

“O primeiro que penso é nos trabalhos (…) Vejo a oportunidade de criar milhões de empregos sindicalizados, de classe média e bem remunerados”, disse.

Além dos EUA, o Japão, quinto maior emissor de carbono do mundo, também revisou suas metas e prometeu corte de emissões em 46% até 2030, em relação ao níveis de 2013, e alcançar a neutralidade em 2050. O compromisso anterior era reduzir as emissões em 26% na próxima década.

“Nós cumpriremos os esforços para reduções de 46% nas emissões para termos mais de 75% da meta cumprida antes do prazo necessário”, afirmou o primeiro ministro do Japão, Yoshihide Suga.

O Reino Unido, que vai sediar em novembro a COP26 – conferência da ONU sobre o clima -, seguiu o mesmo caminho e anunciou 78% de cortes nas emissões até 2035. A nova meta havia sido divulgada dois dias antes da cúpula e foi confirmada hoje pelo primeiro ministro Boris Johnson.

“Se realmente queremos deter as mudanças climáticas, então este deve ser o ano em que levamos isso a sério. Porque a década de 2020 será lembrada ou como a década em que os líderes mundiais se uniram para virar a maré, ou como um fracasso”, disse Johnson.

Ele destacou o papel das grandes economias em ajudar os demais países no combate às mudanças climáticas.

“Há uma obrigação dos países desenvolvidos fazerem mais”, disse.

Segundo ele, caberá “às nações mais ricas do mundo se juntarem para contribuírem com mais do que os US$100 bilhões de dólares com que se comprometeram em 2009”.

O Acordo de Paris previa criação de um fundo de pelo menos US$ 100 bilhões destinado a financiar projetos de combate às mudanças climáticas em países mais pobres.

O líder Chinês, Xi Jinping, também fez seu discurso na mesma direção e defendeu o multilateralismo.

“Países desenvolvidos precisam aumentar a ambição global e a ação e ajudar os países em desenvolvimento para essa transição de baixo carbono”.

Apesar de não ter apresentado novas metas, Xi destacou o compromisso em reduzir o uso de carvão e o recente acordo feito com os EUA para redução das emissões de ambos os países. Atualmente o país é o maior emissor global de gases de efeito estufa.

“A China está ansiosa para trabalhar com os Estados Unidos e melhorar a governança global. Lutamos por uma sociedade mais equilibrada e priorizamos o meio ambiente. Queremos atingir nossas metas climáticas antes de 2030, quando será o pico das emissões de carbono, e a neutralidade na emissão de carbono antes de 2060”.

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A Índia, que hoje é a sexta maior economia do mundo, também anunciou um acordo com os EUA focado no desenvolvimento de projetos de energia limpa.

“O presidente Biden e eu estamos lançando a uma agenda climática e uma parceria Índia-Estados Unidos para energia verde em 2030. Juntos, ajudaremos a mobilizar investimentos demonstrando tecnologia verde e possibilitando colaborações verdes”, disse o primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi.

A presença dos chefes de estados das maiores economias globais no encontro realizado por Biden, recoloca os EUA como líder na agenda global do clima – papel que o país abandonou durante a gestão do ex-presidente Donald Trump, que retirou os Estados Unidos do Acordo de Paris.

“Estou muito feliz de ver que os Estados Unidos estão de volta à agenda das mudanças climáticas. A contribuição dos EUA até 2030 é uma mensagem importante para a comunidade global”, afirmou a chanceler da Alemanha, Angela Merkel.

Merkel explicou que o combate às mudanças climáticas “é um trabalho hercúleo”, mas que a Alemanha já reduziu suas emissões em 40%, na comparação com 2019, e pretende diminuir 55% até 2022.

“A União Europeia será neutra em carbono em 2050, com pelo menos 55% menos de emissões, com relação aos níveis de 1990, até 2030. E nós da Alemanha daremos contribuição para essa meta europeia”, disse a chanceler.

O presidente francês, Emmanuel Macron, destacou os esforços dos países desenvolvidos em aumentar suas metas.

“Basicamente, 2030 é o novo 2050 (…) Precisamos agir mais rapidamente para implementar os compromissos para 2030. Um plano de ação que seja claro, mensurável e verificável”, disse.

Para ele é necessária uma transformação do sistema financeiro e a definição de regulamentações internacionais para estimular a economia verde.

“Se não definirmos um preço para o carbono, não haverá transição”, concluiu Macron.

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