diálogos da transição

Navio sustentável terá prioridade na BR do Mar

Regulamentação da BR do Mar pretende impulsionar cabotagem, reduzir emissões e ampliar competitividade da indústria naval

Organização Marítima Internacional (IMO) retoma discussão sobre imposto de carbono para a navegação. Na imagem: Navio cargueiro transporta containers (Foto: Hector Galarza/Pixabay)
Navio cargueiro transporta containers | Foto: Hector Galarza/Pixabay

NESTA EDIÇÃO. Decreto da BR do Mar prevê mais incentivos para quem investir em navios sustentáveis. 

Governo estima corte anual de R$ 19 bilhões em custos logísticos, além de redução nas emissões de carbono no transporte de cargas.


EDIÇÃO APRESENTADA POR

Com expectativa de melhorar a eficiência logística, reduzir emissões de CO2 e ampliar a frota de navios que atendam padrões de sustentabilidade, o governo Lula (PT) assinou nesta quarta (16/7) o decreto que regulamenta a política de incentivo à cabotagem conhecida como BR do Mar.
 
Sancionada em 2022 por Jair Bolsonaro (PL), a lei 14301/2022 flexibilizou o afretamento de embarcações estrangeiras para serem usadas no transporte de cargas no interior do país. Na época, a previsão era aumentar de 11% para 30% a participação desse meio de transporte na logística nacional.
 
A regulamentação traz regras para esse afretamento, e busca também assegurar o interesse na produção nacional e conteúdo local. 
 
O texto deve ser publicado no Diário Oficial da União na quinta (17), segundo o ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho (Republicanos).
 
De acordo com o MPor, um dos instrumentos no decreto é o estímulo para que Empresas Brasileiras de Navegação (EBNs) adotem embarcações sustentáveis.
 
Elas estão agora autorizadas a ampliar em até 50% a tonelagem de sua frota própria com afretamento de embarcação estrangeira, mas se for sustentável, o percentual sobe para 100%
 
Além disso, se a EBN tiver navios sustentáveis, poderá afretar o dobro de modelos tradicionais com a mesma capacidade. E caso contrate embarcações estrangeiras sustentáveis, poderá afretar até três navios.
 
Os critérios são sociais e ambientais. Equidade de gênero, capacitação, saúde e segurança do trabalhador, por exemplo, estão entre os compromissos sociais que devem ser assumidos pelas companhias.
 
Já os ambientais ainda serão definidos por uma portaria do MPor.
 
“Quanto mais navios e embarcações dialoguem com agenda de sustentabilidade, mais incentivos [a ENB] terá para que possa estimular sua competitividade”, disse Costa Filho durante evento de anúcio do decreto.



Cada navio novo pode retirar das estradas 4,8 mil contêineres, hoje transportados por caminhões a diesel.
 
É uma questão de eficiência logística que se traduz em economia financeira — R$ 19 bilhões por ano — e redução de emissões.
 
O governo tem divulgado estimativas da Infra SA de que um eventual aumento de 60% no transporte por cabotagem de carga conteinerizada pode representar uma redução de mais de 530 mil toneladas de CO2 equivalente por ano, quando comparado com o transporte rodoviário.
 
Vale dizer que as emissões da cabotagem estão em queda no Brasil. 
 
Entre 2021 e 2023, o total de emissões de carbono diminuiu 7,68% na cabotagem e na navegação interior, de acordo com o inventário de gases de efeito estufa da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq).
 
Em 2021, essas modalidades de navegação apresentaram emissões de carbono que equivalem a 2,99 milhões de toneladas. A quantidade caiu para 2,76 milhões de toneladas de carbono em 2023.


Etanol na mira. O acesso ao mercado brasileiro de etanol está entre os principais alvos de uma investigação aberta pelos Estados Unidos contra o Brasil. A averiguação vai incluir também o combate ao desmatamento ilegal. O processo foi iniciado pelo Escritório do Representante Comercial dos EUA (USTR, na sigla em inglês).
 
Novo licenciamento. Várias frentes parlamentares ligadas a temas socioambientais lançaram, na terça (15/7), manifesto pelo adiamento da votação final do projeto da nova Lei Geral do Licenciamento Ambiental, prevista para esta semana no Plenário da Câmara dos Deputados.

  • Apelidado de “PL da devastação” pelos ambientalistas, o texto também foi classificado de “inconstitucional, retrógrado e negacionista das mudanças climáticas”.

Leilão de gás. O ministro Alexandre Silveira (MME) cravou nesta quarta (16/7) que o preço do gás natural poderá ficar entre US$ 5 a US$ 7 o milhão de BTU no primeiro leilão da União sobre esse insumo. O certamente poderá ser realizado ainda neste ano. 

  • A previsão vem após a publicação, na sexta passada (11), da MP dos Vetos, que aumenta os poderes do CNPE para, na prática, possibilitar a redução do valor do gás para o consumidor industrial, uma bandeira da pasta.

PCHs. A Aneel reconheceu a viabilidade de 26 projetos de pequenas centrais hidrelétricas, que somam 191,1 MW de potência instalada. Além desses registros, a agência também aprovou ajustes em dois projetos de PCHs e em uma usina hidrelétrica de maior porte.
 
Crise orçamentária. A ANP anunciou nesta semana a adoção de novas medidas operacionais para lidar com restrições orçamentárias. A partir de 28 de julho, o protocolo do escritório central, no Rio de Janeiro, passará a funcionar em horário reduzido. Também foi suspenso o contrato com a empresa que gerencia o atendimento ao cidadão por telefone.
 
Mudança climática desafia financiamento. Os investimentos em infraestrutura, incluindo o setor de energia, no Brasil estão batalhando para encontrar novos mecanismos de financiamento que atendam às necessidades de transição energética e adaptação. Especialistas da KPMG apontam que a transição energética está entrando em uma nova fase, marcada por um maior pragmatismo econômico.
 
Indústria verde. Neoenergia e Nexus Ligas anunciaram nesta quarta (16) um de autoprodução de energia de 15 MWm com validade de 10 anos. A produtora de ligas de manganês passará a ser sócia de Canoas 3, no complexo eólico Neoenergia Chafariz, na Paraíba. O contrato visa suprir 27% da demanda atual da Nexus.

Newsletter diálogos da transição

Inscreva-se e fique por dentro de tudo sobre Transição Energética