CAMPINAS — O Brasil tem um potencial imenso para interiorizar o gás natural canalizado, mas precisa de infraestrutura, disse o assessor de tecnologia da Bahiagás, Magno Bernardo, em entrevista ao estúdio eixos, durante a EVEx Brasil 2025, em Natal, Rio Grande do Norte.
Segundo Bernardo, a interiorização pode potencializar a transição energética através do combustível, que ele considera “o vetor de descarbonização” para substituição do diesel tanto na indústria quanto no transporte rodoviário.
“É uma ação por todas as distribuidoras e através da associação (Associação Brasileira das Empresas Distribuidoras de Gás Canalizado – Abegás) também, a criação dos corredores sustentáveis e metas específicas para ampliar esse atendimento nas rodovias brasileiras”, afirmou o assessor.
Entretanto, para isso, é necessário o desenvolvimento de infraestrutura.
“É uma pauta de auxílio das transportadoras, de todos os agentes de mercado, nessa parceria, nessa integração de diversos agentes, em levar a infraestrutura energética para a interiorização da malha brasileira, principalmente de transporte, que é tão carente e tão necessária de desenvolvimento”, disse.
Chamadas de biometano diversificam suprimento de gás natural
Nesta quarta (9/7), a companhia lançou uma chamada pública para aquisição de até 800 mil m³/dia de gás natural, com fornecimento previsto para começar em janeiro de 2026.
Após a abertura do mercado de gás, a Bahiagás tem nove supridores e 12 contratos do energético para a Bahia.
“Isso traz modicidade tarifária, isso traz um potencial de atração de investimentos para o estado da Bahia, a partir de indústrias que consomem e querem consumir um gás mais competitivo”, disse Bernardo.
Segundo ele, as chamadas de biometano tornam isso ainda mais forte, porque permitem a diversificação dos supridores de gás para o estado.
A empresa já fez duas chamadas e está com uma terceira sendo redesenhada para atendimento da região de Juazeiro, no Ceará.
Projetos de estocagem trazem regularidade para oferta e demanda
De acordo com o assessor da Bahiagás, projetos de estocagem trazem regularidade para a balança de compra e venda de suprimentos.
Na Bahia, a Brava Energia já demonstrou interesse em transformar o campo de Manati em uma grande instalação de armazenamento de gás natural, projeto inédito no país.
Já existente em países da Europa, a estocagem subterrânea tem, entre seus benefícios, a segurança energética e a flexibilidade ao fornecimento, já que permite que comercializadores acomodem a produção quando a demanda é menor que a oferta.
Bernardo destacou que, projetos de inovação, incluindo os de captura de carbono e de desenvolvimento de bioenergias, trazem a possibilidade de geração de outros combustíveis.
“Tem água de reuso, que pode ser feita eletrólise para hidrogênio, tem o CO2 biogênico, tem o CH4 também, sendo produzido a partir do biogás, tem o upgrade para o biometano, então todas essas moléculas num só ambiente, é possível gerar outros combustíveis do futuro, como o metanol, por exemplo”, afirmou.
Bernardo considerou que é necessário o desenvolvimento da cadeia de valor para os combustíveis do futuro, como o hidrogênio.
Além disso, ele afirmou que o blend de gás natural, biometano e hidrogênio deve ocorrer em um futuro próximo e é necessária atenção ao percentual da mistura.
“Principalmente os gasodutos em aço, (…) com um tempo de implantação razoável, precisam ter uma atenção específica a qual percentual, garantindo a sua integridade, especificamente dessa infraestrutura enterrada, para que não venha a comprometê-la”, afirmou.
“Então esse percentual talvez aí é um estudo, é um ponto de atenção crítico para todos os agentes do setor”, completou.