A produtora de aço ArcelorMittal comunicou recentemente o início da produção de aço carbono neutro, o XCarb, para atender clientes que também estão em processo de transição para atividades de baixo carbono, com destaque para as energias renováveis.
Grandes demandantes de aço e metal, as usinas de energias solar e eólica deverão dobrar suas capacidades nos próximos cinco anos. Somente em 2021, as renováveis atingirão uma expansão recorde, com quase 218 GW entrando em operação — um aumento de 10% em relação a 2020 –, segundo a Agência Internacional de Energia (IEA, em inglês).
De acordo com um estudo de caso da ArcelorMittal, cada novo MW de energia solar requer entre 35 a 45 toneladas de aço, e cada novo MW de energia eólica requer de 120 a 180 toneladas de aço.
No caso das turbinas eólicas, feitas predominantemente de aço, estima-se que o material representa quase 80% da massa total da turbina, mostra o National Renewable Energy Laboratory.
Segundo a ArcelorMittal, o processo de descarbonização vai demandar muito mais metal. A companhia explica que o aço carbono neutro será produzido a partir de material reciclado (sucata), utilizando eletricidade renovável, o que resulta em uma pegada de carbono baixa, podendo chegar até 300kg de CO2 por tonelada de aço.
“O aço é potencialmente reciclado infinitas vezes. Hoje, temos índices de reciclagem que são desejados por muitos outros materiais. Estamos falando de 85 a 90%. Dependendo do uso do material”, explicou Leonardo Ribeiro, analista de Meio Ambiente da ArcelorMittal, durante webinar sobre Economia Circular.
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Economia circular
A indústria de aço é uma das maiores emissoras de CO2. Para cumprir seu compromisso de neutralidade em carbono até 2050, a ArcelorMittal está adotando algumas práticas de economia circular.
“Nós somos parte de 7% das emissões mundiais de carbono. Estamos procurando descobrir novas formas de inserir a circularidade dentro dos processos produtivos. A economia circular vem apara ajudar a gente de forma transversal”, afirmou o analista da companhia.
Uma das iniciativas da empresa é a substituição do carvão fóssil nos altos fornos por biocarvão produzido a partir de biomassa, e a conversão de CO2 , emitido pelos fornos, em bioetanol, usado para fabricar produtos químicos de baixo carbono.
Outro projeto envolve a captura de gases residuais ricos em hidrogênio do processo de fabricação do aço para ser injetado nos altos-fornos, também para reduzir o uso de carvão.
Certificados verdes
A eficiência na produção do aço também deverá ser repassada aos clientes em forma de certificados verdes. As reduções de CO2 no processo produtivo serão contabilizadas e verificadas, de forma independente, e depois convertidas em certificados verdes de aço.
“Os clientes têm a oportunidade de comprar certificados vinculados à compra do produto aço, permitindo que possam relatar a redução nas suas emissões de CO2 Escopo 3 de acordo com o padrão GHG Protocol Corporate Accounting and Reporting Standard”, afirmou a companhia em comunicado.
A empresa espera ter 600 mil toneladas equivalentes aos certificados verdes de aço até o final de 2022.
“Temos um papel importante a desempenhar para ajudar a sociedade a atingir os objetivos do Acordo de Paris e estamos determinados a liderar a transição da nossa indústria para um aço neutro em CO2” disse Aditya Mittal, CEO da ArcelorMittal no lançamento do XCarb.
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