BRASÍLIA — Em uma declaração à imprensa nesta terça-feira (8/7), durante a visita do primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse que “Brasil e Índia podem ser os motores de um novo modelo de desenvolvimento baseado em energias limpas”.
Lula afirmou que o Brasil chegará à COP30, que ocorrerá em Belém em novembro, como líder da transição energética justa, demonstrando que é possível conciliar a redução de emissões de gases de efeito estufa com o crescimento econômico e a inclusão social.
A declaração vem na esteira do documento final do Brics, lançado no domingo (6/7), onde seus onze membros reforçam o papel dos combustíveis fósseis na segurança energética e cobram financiamento climático de países ricos.
Segundo o presidente brasileiro, a parceria com a Índia na Aliança Global para Biocombustíveis, lançada durante a presidência indiana do G20 em 2023, é um exemplo de como ambos podem se posicionar nesse novo modelo de desenvolvimento.
Lula ressalta o papel da Índia como o mercado de bioenergia que mais cresce no mundo, com meta de ampliar a mistura de etanol na gasolina para 20% e de 5% de biodiesel na composição do diesel.
Neste contexto, a larga experiência brasileira com biocombustíveis e o fato de a matriz de transportes brasileira já ter consolidado os motores flex são questões apontadas no comunicado desta terça para fortalecer os pontos em que o Brasil poderá contribuir nessa parceria.
Florestas, tecnologia e relações comerciais
Lula convidou o primeiro ministro indiano a se juntar ao Fundo Florestas Tropicais para Sempre, uma iniciativa que busca remunerar países que preservam suas florestas.
Os planos para a relação bilateral incluem o desenvolvimento tecnológico e defesa. Lula elogiou as políticas indianas de infraestruturas públicas digitais, que se contrapõem à concentração de empresas privadas, e manifestou o desejo de criar um centro de excelência no Brasil para trazer esse potencial.
A colaboração no desenvolvimento e produção de vacinas e medicamentos também é uma prioridade, visando fortalecer o complexo industrial da saúde brasileiro.
Na área de defesa, Lula ressaltou que a busca por autonomia em um mundo polarizado aproxima as políticas dos dois países. As visitas recentes dos três comandantes das Forças Armadas brasileiras à Índia demonstram a seriedade dessa cooperação.
O presidente Lula expressou ao primeiro-ministro Modi a disposição da Embraer de consolidar sua presença na Índia em parceria com empresas locais, com transferência de tecnologia e formação profissional, enxergando nos aviões da empresa um meio para a Índia concretizar o plano UDAN (sigla em hindi que significa “que todos possam voar).
Também defendeu ser necessário impulsionar o fluxo comercial bilateral, que atualmente está em US$ 12 bilhões, considerado aquém do potencial das duas economias.
“Quando estive na Índia, há 20 anos, tínhamos como perspectiva chegar a 15 bilhões de dólares”, lembrou Lula, indicando a determinação de triplicar esse valor em curto prazo.
Desde a cúpula do G20 em Nova Délhi, em setembro de 2023, mais de 70 missões brasileiras de promoção comercial e de investimentos foram à Índia, e o Brasil recebeu 40 visitas técnicas indianas.