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Opep desafia planos de arrecadação do governo com leilão bilionário do pré-sal

Com a decisão da Opep+ de acelerar o aumento da oferta em agosto, analistas do mercado já veem o preço do barril cair para abaixo de US$ 60 até o fim do ano

Ministros Fernando Haddad, da Fazenda, e Alexandre Silveira, do MME, falam com jornalistas (Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil)
Os ministros da Fazenda, Fernando Haddad, e de Minas e Energia, Alexandre Silveira (Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil)

NESTA EDIÇÃO. Opep+ acelera aumento da oferta e desafia os planos de arrecadação do governo com liquidação antecipada do pré-sal.

Alexandre Silveira diz que “há uma real possibilidade” de queda no preço dos combustíveis.

saldo da Cúpula do Brics. Petrobras reafirma interesse em participar de leilão na Índia.

ANP suspende período exploratório de contratos da Petrobras na Bacia Foz do Amazonas enquanto Ibama não autoriza perfuração.


EDIÇÃO APRESENTADA POR

Com a decisão da Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados (Opep+), de acelerar o aumento da oferta em agosto, analistas do mercado já veem o preço do barril cair para abaixo de US$ 60 até o fim do ano.

É mais uma peça no tabuleiro a desafiar os planos de arrecadação do governo Lula (PT) com a venda antecipada de petróleo ainda não contratado em áreas já concedidas no pré-sal – uma operação que guarda suas complexidades e que ainda terá de passar pelo crivo de órgãos de controle.

A liquidação antecipada do pré-sal aguarda sanção de Lula, após a articulação do governo junto ao Congresso Nacional para incluir o texto na MP 1291, que amplia o uso do Fundo Social. A medida já foi aprovada pelos parlamentares.

  • O governo estima a arrecadação de até R$ 20 bilhões – com o Brent a US$ 70 o barril e o dólar a R$ 5,70.
  • Flutuações de curto prazo nos preços da commodity não necessariamente afetam a modelagem de leilões de petróleo;
  • mas fato é que as projeções levadas em consideração estão descoladas do atual cenário de preços do mercado – as projeções mais conservadoras, inicialmente apresentadas, indicavam um potencial de R$ 15 bilhões de arrecadação.

Na prática, o leilão vai ser uma forma de antecipar receitas da União em reservatórios não contratados dos campos de MeroTupi e Atapu, grandes áreas produtoras no pré-sal.

As medidas fazem parte do pacote fiscal proposto pelo MME ao presidente Lula (PT) para ampliar a arrecadação, no contexto da crise desencadeada pelo aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) e o congelamento do pagamento de emendas parlamentares. 

  • O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, disse nesta segunda (7/7) ao Valor que a expectativa é realizar o leilão em novembro.


Preços dos combustíveis. Silveira também afirmou, nesta segunda (7/7), que “há uma real possibilidade” de queda no preço da gasolina e do diesel nas próximas semanas caso a cotação da commodity se mantenha a atual.

Mas o petróleo voltou a subir. Os contratos futuros do Brent, para setembro, avançaram 1,87%, a US$ 69,58 o barril, nesta segunda-feira (7/7), mesmo após a Opep+ decidir, no fim de semana, elevar a produção acima do esperado

  • Mercado observa os desdobramentos das negociações tarifárias dos EUA, a recente desvalorização do dólar e a expectativa de corte das taxas de juros americanas antes do fim do ano.

Cúpula do Brics. O embaixador André Corrêa do Lago, presidente da COP30 no Brasil, afirmou que a Declaração-Marco sobre Finanças Climáticas do Brics, anunciada nesta segunda (7/7), está alinhada com a agenda brasileira: mostra o compromisso do Sul Global com a transição energética e reafirma o multilateralismo no enfrentamento à emergência climática.

  • Em discurso na sessão da cúpula, no domingo (6/7), no Rio de Janeiro, o presidente Lula criticou os incentivos dados pelo mercado à produção de petróleo e gás. Segundo ele, no ano passado, os 65 maiores bancos do mundo concederam US$ 869 bilhões em financiamentos ao setor.
  • Ao falar sobre os investimentos na exploração de fósseis no país, a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva (Rede), afirmou que as “contradições existem no mundo inteiro, não só no Brasil”; mas que o importante é que “estamos dispostos” a superá-las.

Aproximação com a Índia. Petrobras e setor privado defendem cooperação tecnológica em petróleo, biocombustíveis e SAF [sigla em inglês para combustível sustentável de aviação] entre os dois países, durante o Fórum Econômico Brasil-Índia, no Rio de Janeiro, evento paralelo à Cúpula dos Brics.

  • A Petrobras, aliás, reafirmou seu interesse em participar da 10ª Rodada de licitação de blocos de óleo e gás do país asiático.
  • e o presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Ricardo Alban, destacou que o Brasil pode complementar as negociações para ser protagonista de SAF para o mundo junto com a Índia. 

Transportes. Brasil e China assinaram acordo para iniciar estudos conjuntos sobre o corredor ferroviário que ligará os oceanos Atlântico e Pacífico.

Guerra tarifária. O ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin (PSB), disse que os EUA têm “a ganhar” ao manter e ampliar a relação comercial com o Brasil.

  • A declaração ocorre em meio às sinalizações de Donald Trump de querer aplicar uma tarifa adicional de 10% sobre importações de países ligados ao Brics.
  • Alckmin afirmou que há alternativas para aprofundar o comércio bilateral entre os dois países e citou os setores de combustíveis, energia e minerais estratégicos dentre aqueles com potencial de crescimento conjunto.

Aceno ao Irã. O presidente Lula criticou neste domingo (6/7), na abertura da Cúpula do Brics, a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), a quem acusou de “instrumentalização”. O Irã rompeu temporariamente a colaboração com a AIEA.

Perfuração no pré-sal. A Petrobras se prepara para perfurar um novo bloco exploratório na Bacia de Campos – Água Marinha, arrematado em 2022, na Oferta Permanente de Partilha. 

  • Em entrevista ao estúdio eixos, na Macaé Energy 2025, o gerente-geral da unidade de negócios da Bacia de Campos, Alex Murteira, disse que eventuais novas descobertas ajudarão a alongar a vida útil da bacia, mas é que é preciso não criar “falsas expectativas” de que será descoberto um “novo pré-sal da Bacia de Santos”.

Foz do Amazonas. A ANP suspendeu o período exploratório dos contratos da Petrobras em seis blocos na bacia, arrematados na 11ª Rodada de concessões, em 2013, até que o Ibama conceda a autorização para perfuração no bloco FZA-M-59.

Agenda regulatória do gás. O leilão do gás da União pode colaborar com o fortalecimento da indústria, mas a construção de um ciclo virtuoso no mercado de gás passa, necessariamente, pelo cumprimento da agenda da ANP, defendeu a gerente-geral de petróleo e gás na Firjan, Karine Fragoso, ao estúdio eixos, na Macaé Energy 2025.

Reforma tributária. A cobrança do Imposto Seletivo (IS) sobre as exportações vai penalizar o petróleo brasileiro no mercado global e precisa ser derrubada pelo Congresso, defendeu Chicão Bulhões, head de Relações Institucionais da PRIO, também na Macaé Energy 2025.

E tem mais da EVEx Brasil:

Equidade de gênero: A transição energética passa, no setor elétrico, pela compreensão da diversidade como fator de inovação e eficiência, aponta Solange David, chair do Women in Energy no Cigre International.

Biometano: O biocombustível “não é a bala de prata”, mas terá “papel muito relevante” na descarbonização, defendeu Giovane Rosa, CEO da Gás Orgânico;

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