RIO — A Petrobras reafirmou nesta segunda-feira (7/7) seu interesse em participar da 10ª Rodada de licitação de blocos de óleo e gás na Índia — que será a maior já realizada pelo país asiático, com a oferta de 25 blocos distribuídos por 13 bacias sedimentares.
Ao participar do Fórum Econômico Brasil-Índia, no Rio de Janeiro, evento paralelo à Cúpula dos Brics, o gerente de Relações Institucionais da Petrobras, Francisco Vervloet, destacou o potencial das novas áreas exploratórias indianas e o alinhamento estratégico entre os dois países na área de energia.
“A Petrobras tem interesse de atuar no exterior e acompanha com grande interesse a décima rodada de licitação de blocos exploratórios, anunciada pelo governo indiano no âmbito do programa de licenciamento de áreas abertas [OALP, na sigla em inglês]”, disse Vervloet.
Ao todo, a 10ª Rodada ofertará:
- seis blocos terrestres (com área total de 16.871 km²);
- seis blocos em águas rasas (41.391 km²);
- um em águas profundas (9.991 km²);
- e 12 em águas ultraprofundas (123.733 km²)).
“Essa iniciativa, a maior já realizada pela Índia, em termos de áreas ofertadas, representa uma oportunidade para reforçar a parceria Brasil-Índia na área de energia, para a Petrobras gerar valor aliado à sua estratégia de longo prazo”, disse o gerente da estatal brasileira.
Aproximação com a Índia
A aproximação entre Petrobras e empresas indianas tem se intensificado ao longo de 2025. Em fevereiro, a estatal brasileira assinou memorandos de entendimento com duas das principais companhias de energia da Índia:
- com a ONGC (Oil and Natural Gas Corporation), o acordo prevê colaboração em exploração e produção, descarbonização, biocombustíveis e novas energias;
- e com a Oil India, a Petrobras estabeleceu cooperação para identificar oportunidades no offshore indiano.
Naquele mesmo mês, a Petrobras firmou ainda contrato com a estatal BPCL (Bharat Petroleum Corporation Limited) para exportação de até 6 milhões de barris de petróleo por ano a partir de 2025.
O governo indiano espera atrair investidores internacionais para explorar novas reservas, visando ampliar a segurança energética do país.
O país depende de importações para cerca de 85% de sua demanda por petróleo.
Vervloet destacou as semelhanças entre Brasil e Índia, em relação às desigualdades regionais e à necessidade de ampliar o acesso à energia.
“Tanto como a Índia, temos grandes disparidades em termos de desenvolvimento regional. A energia é a base desse desenvolvimento”, disse.
“Acreditamos em adição energética para mitigar a demanda por fontes mais poluentes e que o petróleo e gás natural ainda continuarão sendo essenciais para o desenvolvimento global e mais ainda principalmente pelo consumo das regiões não pertencentes à OCDE, onde há grande espaço para o combate à pobreza energética”, completou.
Enquanto isso, projeto em Sergipe segue em revisão
Apesar do avanço nas relações com a Índia, o cronograma de um dos principais projetos conjuntos entre Petrobras e empresas indianas segue com cronograma incerto: o Sergipe Águas Profundas (SEAP).
Em maio, a Petrobras anunciou que o investimento está passando por simplificação de projeto, no contexto da redução de preços internacionais do petróleo este ano.
SEAP ainda depende de decisão final de investimento. O empreendimento envolve a instalação de dois FPSOs com capacidade combinada de 240 mil barris/dia e processamento de até 22 milhões de m³/dia de gás natural.
A Petrobras tem como parceiras, no projeto, as indianas: a ONGC Videsh, braço internacional da ONGC, e a IBV, joint venture formada pela BPCL e a Videocon Industries.
Ainda não há novo cronograma definido para o início da produção na região.