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Petrobras admite vender campos na Bahia e sindicato reage

Após retomar produção e interromper privatizações, estatal cogita vender ativo em terra por baixa rentabilidade; FUP reage e cobra intervenção de Lula e do MME

Presidente da Petrobras, Magda Chambriard, em coletiva sobre o Plano de Negócios 2025-2029, em 22 de novembro de 2024 (Foto Guarim de Lorena/Agência Petrobras)
Magda Chambriard durante coletiva sobre o Plano Estratégico 2050 e o Plano de Negócios 2025-2029 (Foto Guarim de Lorena/Agência Petrobras)

NESTA EDIÇÃO. Petrobras admite a possibilidade de vender o Polo Bahia Terra, ideia enterrada em 2023 por uma decisão política e em meio a problemas operacionais nos campos.

“Passamos por esse terror no governo Bolsonaro”, disse o coordenador-geral da FUP, Dayvid Bacelar, em reação imediata às declarações de Magda Chambriard.

Na Cúpula dos Brics, declarações rumo à COP30: bloco defende fósseis na matriz, cobra financiamento e consolida atuação em prol de biocombustíveis. 


EDIÇÃO APRESENTADA POR

A Petrobras considera novamente vender o Polo Bahia Terra, conjunto de 28 campos que chegou a ser negociado com operadores independentes, mas teve sua venda encerrada em 2023, por uma decisão política e em meio a problemas operacionais.

“Vamos decidir se Polo Bahia fica com a gente, se terceirizamos a operação ou se repassamos o ativo”, disse a presidente da Petrobras, Magda Chambriard a jornalistas, após um evento paralelo à cúpula do Brics, no sábado (5/6).

O motivo da reconsideração é o mesmo que justificou a tentativa de venda no governo de Jair Bolsonaro (PL): “[o conjunto de campos] é menor que um poço do pré-sal. Quando o óleo está a US$ 100 o barril faz sentido, não a US$ 65”, explicou a executiva.

  • Bahia Terra chegou a receber uma oferta de US$ 1,5 bilhão pelo consórcio Aguila Energia e Infra Construtora e Serviços, mas a Petrobras não se convenceu da capacidade de pagamento e abriu uma negociação com Petrorecôncavo e Eneva.
  • Depois de uma disputa judicial, a interdição dos ativos pela ANP por riscos operacionais e até um ofício do ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, cobrando a suspensão da venda, a Petrobras decidiu cancelar o negócio e saneou as operações, retomando a produção em 2024. 

Reação imediata. “Passamos por esse terror no governo Bolsonaro”, disse o coordenador-geral da FUP, Dayvid Bacelar, em vídeo publicado no fim de semana.

  • “Milhares de trabalhadores e trabalhadoras da Petrobras foram transferidos da Bahia para outras regiões do país por causa das privatizações desses anos. Agora estão voltando e não podem ser tratados como joguetes.” 

Bacelar afirma que a declaração de Magda Chambriard foi “extremamente infeliz” e “inaceitável”. Segundo ele, a FUP vai buscar apoio de Lula (PT) e do MME para evitar que eventuais planos de liquidação do ativo prosperem.  

Até vendeu. Desde 2023, quando os grandes planos de desinvestimento foram, de fato, interrompidos, a Petrobras continuou devendo, mas ativos muito pequenos — menores que as operações em terra. 

  • Cherne e Bagre, em águas rasas na Bacia de Campos, foram vendidos para a Perenco por US$ 10 milhões. Os campos estavam hibernados, sem produção. E no início do ano, ainda tentava vender Tartaruga, também em águas rasas em Sergipe

Urucu, não. Em um comentário rápido, Chambriard descartou vender o polo de produção na bacia do Solimões, no Amazonas: “O óleo de Urucu é o melhor óleo do Brasil, vamos pensar na Bahia e depois olhar Urucu”.

Foi posto à venda no governo passado, mas a venda fracassou antes mesmo da mudança de governo, de Bolsonaro para Lula. 3R Petroleum (hoje, Brava), ofereceu e retirou uma proposta de US$ 1 bilhão. Eneva tentou levar por US$ 600 milhões e a negociação foi encerrada em 2022.



O petróleo cai. Os preços do petróleo caíram no mercado asiático após a Opep+ decidir por um aumento da produção acima do esperado no próximo mês, em 548 mil barris por dia, além de considerar manter o patamar em setembro. A reunião será em 3 de agosto.

  • Na noite de domingo (6/7), o barril do Brent para setembro caía 1,1% para US$ 67,50. Nos EUA, o WTI recuava 2,1% para US$ 65,59 por barril (Investing.com).
  • Entre maio e julho, o acordo de controle da oferta envolveu um aumento de 411 mil barris por dia. Trata-se da continuidade da reversão dos cortes voluntários de produção da Opep+ de 2,2 milhões de barris por dia, iniciado no início de 2025. 

As curvas futuras de preços do petróleo terão efeito sobre o leilão que o governo pretende realizar este ano para liquidar a participação em áreas não contratadas do pré-sal. Recebeu o aval do Congresso Nacional, com uma expectativa de levantar R$ 20 bilhões — e desafogar a execução do orçamento e o pagamento de emendas.  

De volta aos Brics. Estaleiros brasileiros (EBR, Rio Grande, Mauá e Enseada) e chineses (COOEC, CSSC, Cosco e CIMC) assinaram acordos para desenvolver parcerias comerciais. Representantes chineses visitaram plantas industriais brasileiras desde 30 de junho para alinhar interesses mútuos.

  • O memorando, durante o Fórum Estratégico para a Indústria Naval Brasil-China, é desdobramento da visita de Lula ao país em maio. “A assinatura dos acordos de parceria entre os estaleiros chineses e brasileiros ocorre no momento que a Petrobras e a Transpetro retomam os investimentos no segmento naval e offshore”, informou a empresa. 

Rumo à COP30. Na declaração final da 17ª Cúpula dos Brics, o grupo disse que os “combustíveis fósseis ainda desempenham papel importante” nas matrizes energéticas, especialmente nos países em desenvolvimento. E cobrou, dos países ricos, maior compromisso com o financiamento climático em condições viáveis. 

  • A cúpula do Rio antecipa os debates da COP30, marcada para novembro em Belém, e traz evoluções da declaração conjunta do G20, presidida pelo Brasil no ano passado. 

Biocombustíveis. Com a intenção de construir uma base técnica comum que barreiras comerciais disfarçadas de ambientais, os Brics anunciaram a adoção dos “Princípios para a Contabilidade de Carbono Justa, Inclusiva e Transparente”. Outra evolução da declaração conjunta do G20. 

  • Reconheceram a importância dos combustíveis sustentáveis de aviação (SAF) e dos combustíveis de baixo carbono (LCAF), como parte da solução para reduzir as emissões do setor aéreo internacional, por exemplo.  

Veja todos os destaques: Brics cobra países ricos por recursos para transição

Energia nuclear. O MME assinou uma carta de intenções com a CGN Energy, envolvendo o uso pacífico e sustentável dos recursos minerais nucleares no Brasil. São ações de P&D; o grupo chinês atua no Brasil com 1,4 GW de capacidade instalada em parques eólicos e solares.

  • O acordo prevê a criação de uma plataforma institucional de cooperação em pesquisa, desenvolvimento e inovação em tecnologias energéticas sustentáveis, incluindo também geração, armazenamento e digitalização de energia. 

E Lula critica ‘instrumentalização’ da AIEA. Em seu discurso, Lula comparou os ataques de Israel e EUA a instalações nucleares do Irã às justificativas do então governo Bush para invadir o Iraque, em razão da produção de armas de destruição em massa, o que se mostrou falso.

  • “Velhas manobras retóricas são recicladas para justificar intervenções ilegais”, disse Lula no Brics. “Assim como ocorreu no passado com a Organização para a Proibição de Armas Químicas, a instrumentalização dos trabalhos da Agência Internacional de Energia Atômica coloca em jogo a reputação de um órgão fundamental para a paz” (EstadãoAgência Brasil). 

Por aqui, tarifa social. A nova tarifa social de energia elétrica entrou em vigor no sábado (5/7). Criada pela MP 1300 — e batizada na propaganda do governo de Luz do Povo — a medida vai permitir o consumo gratuito de até 80 kWh por mês para famílias de baixa renda (veja como era e como ficou).

Em 1° janeiro de 2026, a MP prevê a entrada em vigor do Desconto Social de Energia Elétrica: famílias beneficiadas deixarão de pagar as despesas da Conta de Desenvolvimento Energético (CDE) relativos ao consumo mensal de até 120 kWh por mês.

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