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Choque no petróleo esfria enquanto mercado ainda digere impactos da guerra

Risco de inflação repercute no Brasil e nos EUA

Presidente Trump durante reunião bilateral com o primeiro-ministro da Índia, em 13 de fevereiro de 2025 (Foto Oficial Casa Branca)
Presidente Trump durante reunião no Salão Oval, em 13 de fevereiro de 2025 (Foto Oficial Casa Branca)

NESTA EDIÇÃO. Irã responde a ataques, sem interromper Estreito de Ormuz, e petróleo despenca. Mercado, no entanto, ainda digere riscos de inflação sobre a cadeia de óleo e gás.

Distribuidoras lançam chamada para aquisição de gás natural e biometano em SP, SC e RS.

Engie Brasil defende que projetos de data centers levem em consideração sinal locacional.

Ministério de Minas e Energia publica diretrizes para digitalização das redes de distribuição até 2035


EDIÇÃO APRESENTADA POR

Os receios de que o Irã poderia bloquear o Estreito de Ormuz e, assim, restringir a oferta global de petróleo arrefeceram nesta segunda (23/6).

O país optou por responder aos bombardeios dos Estados Unidos, por ora, com ataques a bases militares no Oriente Médio, sem impactos diretos sobre o fluxo do comércio globalIsso se refletiu nos prêmios de risco geopolítico embutidos no preço do barril, que tombou e voltou a se aproximar dos US$ 70.

Já ao fim do dia, o presidente dos EUA, Donald Trump, anunciou que Israel e Irã chegaram a um acordo para um cessar-fogo e que o conflito será encerrado. O chanceler iraniano, Abbas Araqchi, negou.

  • Os preços do Brent, para setembro, recuaram 6,67%, a 70,52 o barril, sem precificar o pronunciamento de Trump sobre o possível cessar-fogo. 
  • O fechamento do Estreito de Ormuz, por onde passa 20% do suprimento global de petróleo, foi aprovado pelo parlamento iraniano na véspera. 

Trump sinalizou preocupação com a possibilidade de alta dos preços. 

  • Em uma publicação em redes sociais, pediu que “todos” se mobilizem para baixá-los, num recado para que a indústria de óleo e gás nos EUA amplie a produção. 
  • Trump foi eleito sob a promessa de baixar os custos da energia. 

A preocupação também teve eco no Brasil. O secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Dario Durigan, afirmou que é importante considerar o risco de guerra sobre o cenário inflacionário, mas indicou que não deve haver um aumento fora de controle.

  • Segundo ele, a política de preços da Petrobras pode ser uma “mitigação bem-vinda” nesse momento. 

Na indústria óleo e gás nacional, também há um receio com o possível aumento de custos. 

  • O cenário pode levar a ajustes na cadeia logística, como na época da invasão da Ucrânia pela Rússia, disse o CEO da PRIO, Roberto Monteiro. Ele ressalva, contudo, que ainda é cedo para estimar os impactos. 
  • A Firjan defendeu, por sua vez, que o conflito no Oriente Médio reforça a urgência de o Brasil acelerar a recomposição das reservas de petróleo e a necessidade de ampliar a capacidade de refino, para reduzir a dependência das importações. 

Os receios se estendem também à cadeia do gás natural e energia elétrica, dado que o Brasil importa gás natural liquefeito (GNL) para as termelétricas. 

  • O Instituto Oxford de Estudos de Energia estima que um bloqueio no Estreito de Ormuz pode levar os preços do gás a patamares similares aos de 2022, quando a Rússia reduziu o suprimento para a Europa em meio à guerra com a Ucrânia. 
  • O Brasil importa GNL sobretudo dos EUA, mas pode ser afetado pela restrição global do produto. 
  • Antes mesmo da crise no Oriente Médio, a reunião do Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE) já havia alertado sobre eventuais restrições no gás importado da Bolívia, o que levou o MME a avaliar uma série de medidas para reduzir a dependência do mercado externo.


Energia em foco

Distribuidoras de gás vão às compras. Compagas (Paraná), Necta Gás (noroeste de São Paulo) e Sulgás (Rio Grande do Sul) abriram uma chamada pública conjunta para aquisição de gás natural e biometano.

  • As três companhias são controladas, direta ou indiretamente, pela Compass, em sociedade com a Commit (Compass/Mitsui); e, juntas, pretendem comprar cerca de 750 mil m³/dia.

Opinião: A fragilidade trazida por uma infraestrutura aquém do perfil do Espírito Santo é um paradoxo, dado o dinamismo da economia capixaba, que abriga clusters estratégicos em diversos setores econômicos, escreve Marcos Lopomo, o diretor Econômico e Regulatório da Abegás.

Atraso na implantação. A Aneel aplicou uma multa de R$ 15 milhões a Marlim Azul pelo atraso na usina termelétrica Marlim Azul II, em Macaé (RJ).

  • O projeto deveria ter entrado em operação em janeiro de 2023, mas o início do funcionamento só ocorreu 206 dias depois.

Data centers. Os sinais locacionais devem ser considerados para a implementação de projetos de data centers, defendeu o CEO da Engie Brasil, Eduardo Sattamini. Segundo o executivo, a medida poderia mitigar os prejuízos causados pelos cortes de geração, mas é necessário levar em conta as localidades onde há melhor infraestrutura de transmissão.

  • O governo prepara uma medida provisória para incentivar a implementação de data centers no Brasil e aproveitar o potencial das fontes eólica e solar.

Mais um passo para as eólicas offshore. O Ibama confirmou que vai emitir, nesta terça (24/6), a primeira licença prévia para um projeto do tipo no Brasil.

Reforço na rede. A Empresa de Pesquisa Energética (EPE) e o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) estimam em R$ 52 milhões os investimentos necessários na subestação Boa Vista, para lidar com o aumento do consumo de energia após a conexão de Roraima ao Sistema Interligado. 

Substituição da frota. O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), disse que o programa de mudança da frota de ônibus convencionais por elétricos está atrasado por culpa do fornecimento de energia pela Enel. Segundo ele, 200 veículos estão à espera de ações da distribuidora.

Redes digitalizadas até 2035. O Ministério de Minas e Energia publicou as diretrizes gerais para estímulo à digitalização das redes e do serviço de distribuição de energia de baixa tensão. Segundo a portaria, os objetivos devem ser alcançados em até dez anos.

  • São 13 diretrizes, incluindo a modicidade tarifária e a transparência dos dados de consumo e de operação da rede; e fomento à resiliência do sistema de distribuição em caso de eventos climáticos extremos.

Combate à desinformação climática. O governo publicou, nesta segunda (23/6), no Diário Oficial da União, uma portaria que cria o comitê gestor brasileiro da Iniciativa Global para a Integridade da Informação sobre Mudança do Clima, o Comitê Informação e Clima Brasil. 

  • As competências do grupo incluem o combate à desinformação sobre causas, consequências e soluções climáticas, além da defesa das políticas públicas de enfrentamento à mudança climática.

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