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Mercado prende o fôlego com a ameaça do Irã de fechar o Estreito de Ormuz após ataque dos EUA

Parlamento iraniano aprovou bloqueio ao canal por onde passa 20% do petróleo e gás que atende a demanda global

Donald Trump, presidente dos EUA, durante a reunião anual do Fórum Econômico Mundial em Davos, em 26 de janeiro de 2018 (Foto Valeriano Di Domenico/WEF)
Presidente Donald Trump durante a reunião anual do Fórum Econômico Mundial, em Davos (Foto Valeriano Di Domenico/WEF)

NESTA EDIÇÃO. Entrada dos EUA no conflito no Oriente Médio faz Irã ameaçar interromper escoamento de uma das principais rotas para petróleo e gás do mundo. 

Aneel avalia recomendar a renovação da concessão da Enel Rio

Ibama vai anunciar a primeira licença ambiental para um projeto de eólica offshore no Brasil. 

CCEE começa preparativos para atuar com hidrogênio e biometano


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O mercado de petróleo inicia a semana sob a expectativa de aumento do preço do barril, com a decisão do parlamento do Irã de aprovar o fechamento do Estreito de Ormuz, uma das principais rotas de escoamento de petróleo e gás do mundo. 

  • A decisão ocorreu depois que os Estados Unidos bombardearam instalações nucleares iranianas no sábado (21/6), marcando assim a entrada do país no conflito, em apoio a Israel.
  • A interrupção dos fluxos na costa iraniana depende agora apenas do Conselho Supremo, comandado pelo aiatolá Khamenei. 

Desde a intensificação do conflito entre Israel e Irã, analistas apontavam que o maior risco para os mercados globais seria justamente o bloqueio do tráfego de navios no estreito — cenário considerado improvável até a semana passada. 

  • O Estreito de Ormuz escoa 12 milhões de barris de petróleo bruto por dia. Com os produtos refinados, o volume chega a 20 milhões de barris/dia, quase um quinto da demanda global.
  • A região recebe boa parte da produção do Oriente Médio, incluindo GNL de grandes exportadores, como o Qatar e os Emirados Árabes
  • O destino das exportações é, sobretudo, a Ásia, com destaque para a China
  • No caso de uma eventual restrição, outras rotas teriam capacidade para absorver apenas metade dos volumes que passam por Ormuz diariamente. 

Especialistas vinham alertando que um eventual bloqueio no canal levaria a uma forte alta do preço do barril e teria potencial para elevar as cotações para US$ 90 a US$ 150

Segundo a Rystad Energy, na semana passada o fluxo de navios petroleiros na região aumentou em cerca de 40% em comparação com igual período no ano passado. 

  • A consultoria acredita que o Irã buscou acelerar as exportações do petróleo que estava retido em estoques e terminais terrestres, antes mesmo da decisão do parlamento. 
  • Em paralelo, o trânsito de outros navios na região diminuiu, como consequência dos impactos do conflito sobre os sinais de GPS e dos prêmios mais altos para os seguros. 

Os movimentos são um sinal ruim para a inflação global

  • Vale lembrar que o presidente dos EUA, Donald Trump, foi eleito sob a promessa de reduzir o custo da energia dentro do país.  

Para o Brasil, o cenário afeta sobretudo as importações de diesel — que já vinham sentindo os impactos desde a semana passada — e de gás natural. 

  • Também passam pelo Estreito de Ormuz cerca de 100 mil barris/dia de petróleo leve árabe que a Petrobras importa para a produção de lubrificantes na Refinaria de Duque de Caxias (Reduc). A diretoria da empresa indicou que tem alternativas logísticas para o suprimento no caso de um eventual bloqueio. 


Energia em foco

Renovação das distribuidoras. A Aneel se prepara para recomendar a renovação de contrato da Enel Rio ao MME. O processo está na pauta da reunião da diretoria colegiada da agência da próxima terça (24/6). A relatora da renovação da concessão é a diretora Ludimila Lima.

Licença para eólica offshore. O Ibama deve anunciar, na próxima semana, a primeira licença ambiental para um projeto de eólica offshore no Brasil. A agência eixos apurou que a licença será para um empreendimento piloto do Instituto Senai de Inovação em Energias Renováveis (ISI-ER), no Rio Grande do Norte.

Mercado de carbono. O governo federal pretende divulgar em julho o plano de implementação do mercado regulado de carbono, previsto na Lei nº 15.042/2024, além de anunciar a criação de um órgão gestor provisório responsável pela governança do novo sistema.

Transição justa. A transição energética industrial deve respeitar as circunstâncias regionais, indica a quarta carta da presidência brasileira da COP30, publicada na sexta-feira (20/6).

  • “A natureza multifacetada do desafio climático exige que soluções inovadoras sejam adaptadas de acordo com as circunstâncias regionais, nacionais e locais, de forma a beneficiar mais comunidades e países”, afirma o documento.

CCEE mira hidrogênio e biometano. Em meio à reforma do setor elétrico brasileiro, a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) se prepara para atuar na certificação do hidrogênio de baixo carbono e do biometano. A câmara de comercialização vê uma “janela de oportunidade”  para entrar no segmento de registro de certificados em outros setores de energia.

Judicialização. Ao serem derrotados mais uma vez no Congresso Nacional, entidades que representam consumidores industriais de energia cogitam recorrer ao Supremo Tribunal Federal em busca de salvação contra as emendas na lei que levou à privatização da Eletrobras.

Contratação das térmicas. Com a derrubada dos vetos às emendas no marco das eólicas offshore, o governo Lula sofreu um  revés no Congresso. A expectativa agora é que a contratação de térmicas a gás na base deve ser tema de uma nova Medida Provisória, trazendo de volta à pauta a contratação obrigatória das térmicas a gás natural na base.  Entenda o que está em jogo com a gas week

Opinião: A verdadeira segurança energética não está na multiplicação de terminais flutuantes de regaseificação de GNL, mas na construção de um sistema coeso e planejado, que diversifique com inteligência e que evite transformar um instrumento legítimo como o GNL em mais um custo desnecessário para o país, escrevem Marina Cyrino, gerente do Jurídico e Regulatório da ATGás, e o economista da associação, Ricardo Piedras.

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