NESTA EDIÇÃO. Expectativa de perfuração da Petrobras e de extensão das descobertas na Guiana desperta interesse pela Bacia da Foz do Amazonas em leilão da ANP.
Conflito entre Irã e Israel aumenta a atratividade do petróleo brasileiro, diz IBP.
Comissão Europeia apresenta plano para interrupção da importação de gás natural e petróleo da Rússia.
Projeto do Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação vai desenvolver microrreatores nucleares em parceria com a Diamante Energia.
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Embaladas pela Petrobras, majors retornam à Bacia da Foz do Amazonas
A entrada de grandes petroleiras dos Estados Unidos na disputa por áreas na Bacia da Foz do Amazonas no leilão da ANP de terça-feira (17/6) marcou o retorno da concorrência internacional pela região.
- O 5º ciclo da oferta permanente teve, inclusive, disputa por áreas na bacia — e o consórcio da Petrobras perdeu todos os blocos em que teve competição. A agência eixos transmitiu ao vivo, com análises e entrevistas direto do local.
As sinalizações de avanço no processo de licenciamento da estatal para perfurar o primeiro poço em águas profundas na bacia contribuíram para dar confiança às empresas de que a aposta no certame não será em vão.
- Até então, a Petrobras tentava viabilizar sozinha o avanço exploratório — depois da debandada de outras companhias da região na década passada, frente às dificuldades para o licenciamento.
Ao todo, o leilão negociou 34 blocos exploratórios dos 172 disponíveis.
- Na Bacia da Foz do Amazonas, foram arrematadas 19 áreas, sendo dez pelo consórcio entre Petrobras e ExxonMobil. As demais ficaram com a parceria entre Chevron e CNPC.
- As companhias estadunidenses replicaram no Brasil o embate societário que travam na Guiana. Por lá, as empresas disputam participação no bloco Stabroek, um dos maiores descobertos até o momento no país vizinho.
- A expectativa é que as grandes reservas encontradas na Guiana podem se estender ao território brasileiro e abrir uma nova fronteira na região Norte do país.
Entretanto, ambientalistas questionam a ampliação da fronteira exploratória.
- Líderes de povos indígenas, membros de sindicatos da indústria petroleira e representantes da sociedade civil protestaram do lado de fora do hotel onde ocorreu a rodada da ANP.
Mas a indústria alerta para o esgotamento das reservas do pré-sal e a necessidade de novas descobertas. Do contrário, o Brasil voltará a ser importador de petróleo na próxima década.
Nesse sentido, as petroleiras sinalizaram no leilão da ANP interesse também por outras áreas de fronteira: a Petrobras repetiu a aposta na Bacia de Pelotas, desta vez em consórcio com a Petrogal, que estreou na região.
- Já o Grupo Dillianz, do agronegócio, arrematou um bloco na Bacia dos Parecis — região com potencial para exploração de gás natural em reservatórios não-convencionais.
O leilão ajudou ainda a ampliar o portfólio de empresas que já atuam na bacia de Santos — onde Shell, Equinor e Karoon arremataram áreas.
Com arrecadação recorde para um ciclo da oferta permanente de concessões, a licitação levantou R$ 989 milhões para os cofres públicos, em um momento de crise fiscal.
- “Quase R$ 1 bilhão que não estava previsto para este ano. Isso auxilia o governo a evitar cortes maiores no orçamento”, disse o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira (PSD), em nota.
E o próximo leilão já está marcado: a ANP lançou o edital da próxima rodada da oferta permanente sob o regime de partilha.
- O leilão do pré-sal de 2025 vai ocorrer em 22 de outubro, com 13 blocos disponíveis.
Estabilidade atrai. O conflito entre Irã e Israel aumenta a atratividade do petróleo brasileiro para as empresas, na visão do presidente do Instituto Brasileiro de Petróleo (IBP), Roberto Ardenghy.
- “Os últimos fatos que estão acontecendo no Oriente Médio, a partir da semana passada, ressaltam o fato de que o Brasil está localizado numa região que não está submetida a essas questões geopolíticas que a gente está vendo lá”, disse após os resultados do leilão da ANP.
Preço do barril. As sinalizações de intensificação do conflito no Oriente Médio levaram os contratos futuros de petróleo a fechar com elevação acima de 4% na terça-feira (17/6). O Brent para agosto encerrou o dia em alta de 4,4% (US$ 3,22), a US$ 76,45 o barril.
- Segundo a Agência Internacional de Energia, o petróleo fornecido pelo Irã, até o momento, continua a fluir em níveis relativamente robustos, apesar dos ataques.
- Mas o país teve ainda um outro incidente: um navio petroleiro da Frontline colidiu com outra embarcação e pegou fogo. A empresa descartou ligação com a guerra.
Na Europa, outro conflito. A Comissão Europeia apresentou uma proposta para interrupção gradual da importação de gás natural e petróleo russo no bloco até o final de 2027. Segundo o comunicado oficial, a medida é útil aos europeus para se tornarem mais independentes em termos energéticos.
- Os países europeus estão buscando reduzir a dependência energética da Rússia desde a invasão à Ucrânia, em 2022.
Conclusão da Rnest. A Petrobras assinou com a Consag Engenharia os três primeiros contratos, com valor aproximado de R$ 4,9 bilhões, para a conclusão da construção do Trem 2 da Refinaria Abreu e Lima (Rnest), em Pernambuco. Segundo a companhia, o valor já está previsto no Plano de Negócios 2025-2029.
Certificação de biocombustíveis. A ANP publicou a nova resolução que regulamentará a certificação da produção ou importação eficiente de biocombustíveis e o credenciamento de firmas inspetoras no RenovaBio. Aprovado pela diretoria colegiada da agência na última quinta (12/6), o documento é resultado de uma discussão iniciada em 2023.
Nuclear em pequena escala. O Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação e a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) assinaram contrato para o desenvolvimento de um projeto de microrreatores nucleares. O investimento será de R$ 50 milhões
- O projeto vai ser conduzido pela Diamante Energia, dona do complexo termelétrico Carlos Lacerda, em Santa Catarina.
Inverno favorece solar e eólica. As gerações solar e eólica devem ser favorecidas durante o inverno de 2025, devido ao menor volume de chuvas previsto para o Nordeste do que o usual para o período, avalia o sócio-diretor da consultoria de meteorologia Nottus, Alexandre Nascimento.
Reciclagem de baterias. O senador Jaques Wagner (PT/BA) apresentou um projeto de lei que cria a Política Nacional de Circularidade das Baterias e estabelece regras para reaproveitamento, rastreabilidade e reciclagem dos acumuladores usados em veículos híbridos e elétricos.
Transporte de carbono. A Petronas, estatal de óleo e gás da Malásia, anunciou a criação da Jules Nautica, uma nova joint venture dedicada ao desenvolvimento e operação de navios transportadores de dióxido de carbono liquefeito (LCO2). Além de fornecer soluções logísticas, a nova JV deve apoiar a criação de hubs de CCS.
Mudança no MDIC. Rodrigo Rollemberg (PSB/DF), até então secretário de Economia Verde do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, toma posse como deputado federal nesta terça-feira (17/6). A saída do MDIC já era esperada.
Opinião: Medida do governo federal eleva custos e gera incertezas jurídicas, levando empresas a avaliarem alternativas como reestruturação financeira e judicialização, escreve Marcelo Carvalho Pereira, sócio do escritório Gaia Silva Gaede Advogados.
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