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Os primeiros impactos da escalada da guerra entre Israel e Irã no mercado do petróleo

Barril volta a ultrapassar US$ 70 com aumento do risco geopolítico

Petróleo sobe após primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu [na imagem], rejeitar cessar-fogo na guerra contra o Hamas (Foto: Kobi Gideon/GPO)
Primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu (Foto: Kobi Gideon/GPO)

NESTA EDIÇÃO. Escalada no conflito entre Irã e Israel coloca preço do barril em tendência de alta. 

Doze empresas manifestaram interesse em blocos exploratórios que a ANP vai leiloar na oferta permanente na terça-feira. MPF do Pará pede a suspensão imediata do leilão em ação judicial. 

Brasil vê Noruega como aliada na defesa de biocombustíveis na União Europeia. 

Associações de hidrogênio e energia nuclear firmam parceria em busca de oportunidades em conjunto. 


EDIÇÃO APRESENTADA POR

Bombardeios de Israel a alvos nucleares e militares no Irã na sexta-feira (13/6) deram início ao maior conflito direto entre os dois países na história, com impactos imediatos sobre os preços do petróleo. 

  • O barril voltou à casa dos US$ 70, com o Brent subindo 8,77% para US$ 75,44 na manhã de sexta. Já o WTI, de referência nos EUA, subia 8,33%, para US$ 74,05 o barril.
  • No Brasil, o avanço dos preços do petróleo ajudou a atenuar os impactos do conflito na Ibovespa

Os ataques escalaram ao longo do fim de semana, com a retaliação iraniana, que incluiu bombardeios a Jerusalém e Tel Aviv. Novas ofensivas israelenses atingiram, inclusive, a refinaria de Tabriz, no Irã

Analistas apontam que o risco geopolítico aumentou e, com isso, a tendência é de alta no barril no curto prazo. 

  • Um dos principais pontos de alerta para o mercado é a eventual interrupção dos fluxos no Estreito de Ormuz, na costa do Irã, responsável por escoar grande parte da produção de petróleo do Oriente Médio.  

A Rystad Energy calcula que cerca de 12 milhões de barris de petróleo bruto são escoados diariamente pelo estreito. Com os produtos refinados, o volume chega a 20 milhões de barris/dia, o que representa quase um quinto da demanda global

  • A consultoria considera o bloqueio improvável. Mas alerta: no caso de uma eventual restrição, outras rotas teriam capacidade para absorver apenas metade dos volumes que passam por Ormuz diariamente.  

Apesar de concordar que o bloqueio de Ormuz não é provável, o economista-chefe da Argus, David Fyfe, afirma que o cenário poderia levar o preço do petróleo para três dígitos, acima dos US$ 150.

  • “Não acreditamos que Teerã já esteja nesse estágio, embora uma ameaça remota de bloqueio seja suficiente para elevar os preços de energia”, diz.  

Já o Goldman Sachs estima que eventuais danos às infraestruturas de exportação do Irã teriam um impacto de 1,75 milhão de barris/dia no suprimento global ao longo de seis meses, o que pode elevar o preço do barril à casa dos US$ 90.

A Agência Internacional de Energia sinalizou na sexta (13) estar aberta à possibilidade de liberar reservas de petróleo para conter a escalada da commodity

  • As declarações foram criticadas pelo secretário-geral da Opep, General Haitham Al Ghais. Para ele, o alerta cria “alarmes falsos”. 
  • O Irã é um dos principais produtores do cartel

Vale lembrar: o atual conflito é um desdobramento do conflito de Israel com o Hamas, que se arrasta desde 2023. 



Oferta permanente. Doze empresas manifestaram interesse e apresentaram garantias de oferta no próximo ciclo da oferta permanente da ANP, que vai leiloar blocos exploratórios em 16 setores localizados em cinco bacias sedimentares. A apresentação pública de ofertas ocorre na terça (17/6), no Rio de Janeiro.

Incertezas sobre áreas na Foz do Amazonas. O MPF do Pará quer condicionar a realização do leilão a um estudo de impacto climático. O certame tem a previsão de negociar 47 blocos de petróleo e gás natural na Bacia da Foz do Amazonas. 

  • Em ação que pede a suspensão imediata do leilão, o MPF classifica a extração de petróleo na região amazônica como “grave contrassenso” por conta das mudanças climáticas e pelos compromissos assumidos pelo Brasil no Acordo de Paris. 

Harmonização das políticas. A Empresa de Pesquisa Energética  apresenta, na próxima quarta-feira (18/6), a nota técnica que alinha os programas RenovaBio e Mover à lei do Combustível do Futuro. A apresentação ocorre em evento sobre a descarbonização do transporte rodoviário promovido pelo Ministério de Minas e Energia.

Classificação de gasodutos. O setor de biometano teme que a regulamentação da ANP sobre os critérios para classificação dos gasodutos aumente a complexidade regulatória do mandato do Combustível do Futuro. Com isso, a discussão sobre os limites e invasões de competência entre as regulações federal e estaduais volta à tona. Entenda o debate com a gas week.

Opinião: É difícil saber se o clamor por uma revisão tarifária antecipada ou pela extinção precoce dos contratos de transporte de gás guia-se por ignorância ou má-fé, escreve Mauricio Simões Lopes, gerente geral Institucional da NTS.

Exportações de biocombustíveis. A Noruega pode ser uma aliada do Brasil para que o etanol e o biodiesel brasileiro ganhem algum espaço nas políticas de descarbonização da União Europeia, avalia o embaixador do Brasil na Noruega, Rodrigo de Azeredo, em entrevista à agência eixos.

  • Atualmente, a legislação europeia impõe restrições aos biocombustíveis de primeira geração, isto é, baseados em culturas agrícolas, mas o governo brasileiro busca reverter este cenário e enxerga o país nórdico como um parceiro estratégico nessa negociação.  

Hidrogênio nuclear. A Associação Brasileira do Hidrogênio (ABH2) firmou uma parceria com a Abdan, do setor nuclear, para integrar esforços entre os dois segmentos. O objetivo é destravar novas oportunidades para o hidrogênio de baixa emissão de carbono, com destaque para o uso de pequenos reatores modulares, e a contribuição da fonte nuclear para garantir energia firme à eletrólise.

Diversificação. A adoção de múltiplas rotas de produção de hidrogênio de baixo carbono e sua mistura pode aumentar a viabilidade econômica e operacional e destravar, assim, essa nova economia. Leia na coluna Hidrogênio em Foco

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