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Hidrogênio e corredores verdes embarcaram na visita de Lula à França 

Viagem de Lula à França resulta em parcerias sobre hidrogênio e corredores marítimos verdes

Brasil e França firmaram acordos em hidrogênio verde e corredores marítimos sustentáveis durante visita de Estado (Foto: Ricardo Stuckert/PR)
Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, durante sessão de encerramento do Fórum Econômico Brasil–França (Foto: Ricardo Stuckert/PR)

NESTA EDIÇÃO. Brasil e França firmam cooperações em hidrogênio verde e corredores marítimos sustentáveis durante visita de Estado.

Países, no entanto, ainda estão batendo cabeça sobre acordo Mercosul-UE e proteção ambiental.


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A visita de Estado do presidente Lula (PT) à França esta semana foi marcada por declarações pedindo mais ambição climática, menos protecionismo e divergências entre as visões brasileira e a francesa sobre quem ganha e quem perde com o acordo Mercosul-União Europeia.
 
E em meio a celebrações do Dia do Meio Ambiente (5/5) temas caros à agenda de transição energética do Brasil também embarcaram na viagem.
 
Nesta sexta (6/6), o Ministério de Minas e Energia (MME) e o Ministério da Economia, Finanças e Soberania Industrial e Digital da França firmaram uma Declaração de Intenções voltada à cooperação bilateral no setor de hidrogênio de baixo carbono
 
De acordo com o MME, o documento estabelece bases para o intercâmbio de informações regulatórias, a criação de sistemas de certificação confiáveis e a promoção de parcerias industriais e tecnológicas. 
 
As ações deverão ser coordenadas pelo Comitê Gestor do Diálogo sobre Transição Energética e Minerais Estratégicos (DTEME), criado para articulação entre os dois países.
 
A visão do governo brasileiro é que sua matriz predominantemente renovável o posiciona como um potencial grande fornecedor de hidrogênio a custos competitivos. Enquanto a Europa, e portanto a França, precisará importar o energético para descarbonizar sua indústria. 
 
“Brasil e França são países que não fogem de sua responsabilidade com o planeta. E, ao abraçar a nova economia verde, identificam um campo de oportunidades de negócios e investimentos”, declarou o ministro Alexandre Silveira (PSD) durante um evento empresarial em Paris.
 
O ministro usou como exemplo o projeto do hub de hidrogênio verde no Porto do Pecém (CE), que já conta com a presença de empresas francesas como Voltalia, Qair, EDF e Engie – e a maioria dos projetos mira a exportação.



Já o CEO do Porto do Açu, Rogério Zampronha, defendeu nesta sexta (6/6) que Brasil e França cooperem no desenvolvimento de corredores verdes para o frete marítimo.
 
“Entendemos que ter um ponto de produção e abastecimento desses combustíveis [sustentáveis] vai permitir que se estabeleçam rotas de muito mais baixa emissão”, disse durante o Fórum Econômico Brasil-França. 
 
Na quinta (5), os ministros de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, e de Transportes da França, Philippe Tabarot, assinaram um acordo não vinculativo para a criação de corredores marítimos verdes.
 
A declaração defende que a criação de infraestrutura para abastecimento de navios com soluções alternativas aos combustíveis fósseis é um fator-chave para acelerar a adoção de novas tecnologias no setor.
 
E indica potenciais cooperações na utilização de combustíveis, tecnologias e fontes de energia de emissão baixa, zero ou quase zero de carbono ao longo de rotas estratégicas.
 
Por aqui, o MPor está mobilizando o setor privado em torno do recém lançado Pacto da Sustentabilidade. Nesta sexta, a pasta divulgou a adesão de 59 empresas do setor de portos, aeroportos e hidrovias à iniciativa voluntária que incentiva a adoção de práticas de governança ambiental, social e corporativa.
 
lista inclui empresas de navegação como Maersk e Bunker One e as aéreas Gol e Latam. 


Falta dinheiro para plano de data centers. A finalização da medida provisória para atrair empresas de data centers atrasou diante da crise fiscal. O eixos pro apurou, ainda, que a proposta de criação do Redata para oferecer desoneração de PIS, Cofins e IPI sobre a importação de equipamentos deve ser mais tímida que o previsto.
 
Regulação para IA. Lula também defendeu em Paris que a ausência de uma regulação das redes digitais interessa apenas às grandes corporações. E disse que é necessário criar uma governança sobre o uso da inteligência artificial. Segundo o presidente, a Cúpula dos Brics, marcada para julho no Brasil, irá adotar uma declaração conjunta sobre o tema.
 
Retração no O&G. A combinação da queda no preço do barril de petróleo e as perspectivas de menor demanda vão levar os investimentos em petróleo e gás à primeira queda anual em 2025 desde a eclosão da pandemia de Covid-19, em 2020. Segundo relatório internacional, a expectativa é de US$ 1 trilhão em investimentos no segmento este ano, valor 2% menor do que em 2024.
 
Eneva estuda armazenar CO2. Os projetos miram a criação de uma nova frente de negócios com foco em descarbonização e geração de créditos de carbono. Os alvos são a proximidade dos campos de gás natural na Bacia do Parnaíba, no Maranhão, e a Bacia do Paraná, onde a Eneva possui blocos exploratórios próximos a usinas de etanol de outras companhias.
 
FS também. A produtora de etanol de milho FS estuda a perfuração de um novo poço para armazenamento de carbono em sua planta de Sorriso (MT), além de uma unidade para produção de metanol renovável em sua outra planta, em Primavera do Leste, também no Mato Grosso.
 
MP 1300. O deputado federal Arnaldo Jardim (Cidadania/SP) defendeu na quinta-feira (5/6) que a medida provisória da nova tarifa social de energia incorpore emendas para tratar dos cortes de geração (curtailment). A MP já conta com 600 emendas.
 
Atlas de biometano amazônico. A Petrobras e instituições de pesquisa vão elaborar um Atlas sobre o potencial de produção de biogás, biometano e biodiesel na Amazônia e em todo o Brasil. O projeto faz parte de acordo assinado com a Universidade Federal do Amazonas (UFAM), a FGV Energia e o Instituto Senai de Inovação (ISI Biomassa) para transformar resíduos da pesca em biocombustíveis e biogás.
 
Vale testa off-road a etanol e diesel. A parceria com a Cummins e a Komatsu iniciou o comissionamento de uma célula de testes de etanol para desenvolver um caminhão do tipo off-road dual fuel. Os caminhões serão os primeiros veículos de tal porte, capazes de transportar de 230 a 290 toneladas de minério, a funcionar com etanol.

Corredores marítimos verdes: uma ponte para o futuro do hidrogênio É preciso mitigar riscos associados aos projetos de corredores de abastecimento com derivados de hidrogênio, escreve Gabriel Chiappini
 
Biocombustíveis e alimentos, um falso jogo de soma zero Dados mostram que expansão de biocombustíveis não comprometeu segurança alimentar: cana ocupou apenas 1,6% de vegetação nativa, e setor gerou 2,2 mi de empregos com salários 46% maiores, escreve Glaucia Souza
 
A convergência entre a transição energética e a expansão do refino nacional Petrobras domina 85% do refino nacional enquanto coprocessamento com óleos vegetais e projetos como SAF ganham espaço. Desafio é reduzir importações, avalia Erick Diniz
 
O mito da geração espontânea de gás natural Especialistas defendem que segurança energética depende da disponibilidade de gás, não apenas de dutos. GNL e modelo R2W foram cruciais em crises hídricas, avalia José Andrade
 
O papel do setor de seguros no desenvolvimento do mercado de carbono brasileiro Lei do mercado de carbono gera polêmica ao obrigar seguradoras a investir 0,5% de reservas em ativos verdes. Setor contesta regra no STF e alerta para risco de liquidez, escrevem Luciana Prado, Amanda Correa, Gabriela Mello Nina Meloni

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