Exportação de hidrogênio atrai plano de investimento de US$ 5 bi para o Ceará

Usina de Energia Eólica (UEE) em Icaraí, no Ceará (CE). Foto: Cortesia PAC
Usina de Energia Eólica (UEE) em Icaraí, no Ceará (CE). Foto: Cortesia PAC

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Diálogos da Transição

eixos.com.br | 04/03/21
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Editada por Nayara Machado
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O Ceará se prepara para receber a maior usina de hidrogênio verde do mundo. Com investimentos de 5,4 bilhões de dólares, o projeto Base One da Enegix Energy quer produzir mais de 600 mil toneladas de hidrogênio verde anualmente a partir de 3,4GW de energia renovável firme.

A ideia, segundo a empresa, é transformar o Ceará em um importante exportador do combustível – o Porto do Pecém foi escolhido não apenas pela infraestrutura, mas pelo acesso às quantidades necessárias de água.

A expectativa é que o projeto leve de três a quatro anos para ser construído, mas a operação pode começar um pouco antes da conclusão.

“A construção, no nosso caso, é relativamente simples porque nosso sistema é modular. Os módulos já vêm prontos. Então, podemos iniciar a operação antes da construção completa (…) Poderemos ter operação completa em três anos após o início da construção”, explica Marco Stacke, diretor de operações da Enegix.

A empresa contratou 4,5 GW de energia eólica e 3,5 GW de solar fotovoltaica para o projeto.

Segundo o executivo, será possível levar hidrogênio verde para lugares onde a eletricidade, especialmente a renovável, não está disponível ou é muito cara.

“Nós podemos transformar o hidrogênio em energia e vender para o grid. Podemos vender nosso hidrogênio tanto como energia, como combustível”, diz.

Potencial energético

Para Wesley Cooke, CEO e fundador da Enegix, o Ceará tem uma das melhores condições de vento do mundo para eólicas offshore e isso eleva o potencial de expansão do projeto Base One em mais de 100 GW para atender a demanda global.

“Planejamos criar um novo modelo de energia sustentável para a população mundial em rápido crescimento, reduzindo a dependência e os custos do usuário final em fontes de combustível emissoras de carbono, como o diesel”, afirma o CEO.

Já o estado aposta também no potencial solar.

“A solar praticamente vai igualar com a eólica nos próximos três anos.  Com autorização, temos 1400 MW de eólica e 5400 MW de solar, então o potencial solar é bem maior do que o de eólica”, explica Roseane Medeiros, secretária executiva da Indústria, da Secretaria do Desenvolvimento Econômico e Trabalho do Ceará (Sedet).

Há 2,3 GW de eólica e 0,2 GW de solar em operação no estado, e outros 0,3 GW de eólica e 2,2 GW de solar em implantação.

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GT estuda incentivos para atrair investidores

O significativo potencial para energia renovável, essencial na produção de hidrogênio verde, o porto de águas profundas de Pecém e a localização geográfica estratégica para exportação têm chamado a atenção de investidores.

“Percebemos que seria uma oportunidade muito interessante para o estado apoiar essas iniciativas”, conta Roseane.

Um grupo de trabalho criado pelo governo vai estudar questões como incentivos fiscais e o aproveitamento dessa produção na atividade industrial do estado, inclusive com o envolvimento da Cegás (Companhia de Gás do Ceará). 

Isso porque, embora a estratégia da Energix esteja voltada para a exportação, o estado vê também a possibilidade do consumo interno.

“O benefício não é propriamente da indústria, é da sociedade e do planeta, porque irá substituir uma energia baseada em combustível fóssil por uma energia limpa. Aqui no Ceará nós temos termoelétricas, siderúrgicas, indústria de margarina, que consome muito hidrogênio, além do setor de transporte”, destaca a secretária.

Estratégia nacional pode ir além do ‘verde’

A vocação brasileira para a produção de hidrogênio verde também está na mira federal.

Na semana passada, a Empresa de Pesquisa Energética (EPE) lançou a nota técnica Bases para a Consolidação da Estratégia Brasileira do Hidrogênio (.pdf) onde aponta para a expectativa de um boom no mercado de hidrogênio com as políticas energéticas do pós-pandemia.

O texto destaca a necessidade de consolidar uma estratégia nacional neste tema, “elaborada para aproveitar as vantagens competitivas do Brasil (etanol, hidroeletricidade, eólica, solar, gás natural, biogás nuclear e outras biomassas) para desenvolver novas vantagens competitivas na transição energética”.

Entretanto, a EPE aposta em uma estratégia de hidrogênio “arco-íris”, “na qual todas as cores importam”, isto é, considerando também a possibilidade do hidrogênio cinza, que utiliza fontes fósseis, como o gás natural em refinarias, e azul, quando a fonte é fóssil, mas o carbono emitido é capturado para neutralizar as emissões.

Curtas

As emissões globais de CO2 relacionadas à energia foram 2% maiores em dezembro de 2020 do que no mesmo mês do ano anterior. De acordo com dados da IEA (Agência Internacional de Energia, as emissões do setor tiveram recuperação após a queda acentuada no início do ano passado, impulsionadas pela recuperação econômica e pela falta de políticas de energia limpa. IEA

Seguro para eficiência e solar. O BID lançou nesta quarta (03) um seguro de “performance energética”. O  Programa ESI (Seguro de Economia Energética, na sigla em inglês) vai garantir o retorno de investimentos de pequenas e médias empresas em projetos de eficiência energética e instalações de geração fotovoltaica, minimizando o temor de pequenos empresários em adotar essas iniciativas. Broadcast

Uma empresa que não tem lugar para a diversidade está comprometendo a sua relevância e sua capacidade de se perpetuar no mercado. A avaliação é de Tânia Cosentino, presidente da Microsoft Brasil, durante o Expert ESG. Para a executiva, não é viável que negros e mulheres continuem invisíveis no mundo corporativo. epbr

A FGV Energia e o grupo Mulheres de Energia promovem no próximo dia 8 de março o webinar “Energia, Política e Economia no Feminino”. O encontro reunirá, ao longo de cinco painéis de debates, mulheres que são líderes em suas áreas de atuação, com ênfase no setor de energia.  O evento será transmitido ao vivo no canal da FGV no Youtube a partir das 9h.

Petrobras contrata sistemas para controle de emissões em operações onshore e offshore. Negócio fechado com a divisão de Soluções Digitais da Baker Hughes inclui tecnologias de monitoramento e calibração de flare, para elevar a eficiência na queima para pelo menos 98%:  “a queima incompleta é um dos principais fatores que contribuem para o aumento das emissões, visto que, quando não há a queima total, o gás do flare é liberado como metano”, explica a empresa. O metano é 84 vezes mais prejudicial que CO2 em termos em termos climáticos.

A CPFL Piratininga inaugurou hoje seu Laboratório de Mobilidade Elétrica em Indaiatuba, no interior de São Paulo,  em evento que marcou o início da substituição da frota operacional da companhia na cidade. Iniciado em 2020 para a substituição de 100% da frota convencional por veículos elétricos, o projeto piloto prevê aporte de mais de R$ 20 milhões e conta com parceria da GESEL, SENAI CIMATEC, SIEMENS, VW Caminhões e Ônibus, BYD e JAC MOTORS.

Leilões de biodiesel terão etapa exclusiva para produtores de pequeno porte. Portaria aprovada hoje (04) pela ANP divide em duas fases a terceira etapa do certame — na qual os distribuidores disputam os lotes de biodiesel ofertados pelos produtores detentores do selo biocombustível social. A decisão já vale para o próximo leilão de biodiesel (L79). ANP

A americana Bunge lançou nesta quarta (03) um programa de monitoramento para a soja que compra no Cerrado brasileiro de maneira indireta. Batizado de Parceria Sustentável Bunge, o programa vai permitir que revendas e parceiros acessem o sistema de rastreamento da empresa, incluindo imagens feitas por satélite. Valor

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