Por Bete Nogueira, da Alter Conteúdo Relevante
Uma empresa que não tem lugar para a diversidade está comprometendo a sua relevância e sua capacidade de se perpetuar no mercado. A avaliação é de Tânia Cosentino, presidente da Microsoft Brasil, durante o Expert ESG, realizado pela XP Investimentos nesta quarta-feira (3).
Tânia participou do painel “A força da Liderança Feminina” ao lado de Luiza Trajano, presidente do Conselho do Magazine Luiza, e Rachel Maia, fundadora da RM Consulting e presidente do Conselho Consultivo do Unicef.
Defendeu que não é viável que negros e mulhres continuem invisíveis no mundo corporativo. “A diversidade traz criatividade, é um fator de atração de talentos. A população de mulheres no Brasil é de 52%. Não olhar para esse recorte é simplesmente abrir mão de metade do potencial de talentos do mercado. Os negros são 56% da população brasileira. Não dá mais para tornar invisíveis esses dois públicos”, comentou Tânia.
Luiza Trajano decretou o início do fim da empresa mecânica, classificada por ela mesmo como a empresa que está preocupada apenas como o lucro e que as pessoas não podiam ser elas mesmas. Esse processo foi acelerado durante a pandemia da covid-19, que no Brasil já matou mais de 250 mil pessoas e nesta quarta registrou recorde de 1840 mortes, de acordo com o balanço dos veículos de imprensa.
“É importante registrar que a gente mudou de ciclo. Nós não estamos naquele ciclo mais que a gente tinha que brigar para que o negro tenha espaço. Nós temos que lutar para que o negro esteja em cargos de presidente, em cargos de diretoria. É outro ciclo”, comentou Luiza.
Rachel Maia defendeu que toda a inclusão precisa ser genuína e não para ficar bem na foto. E alertou que a decisão pela inclusão oferece risco, já que nem todos os executivos querem tratar de inclusão.
“Se nós não iniciarmos no topo, no C-Level, não vai ter efeito cascata de uma forma genuína. Começar essa inclusão e essa diversidade pelo indivíduo, para que desta forma reflita no coletivo, eu acho que é a melhor forma. Não só empresas multinacionais ou grandes empresas nacionais.pequenos negócios representam mais de 80%”, comentou Rachel.
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Mas a entrada no mercado de trabalho também precisa ser humanizada, defende Maitê Schneider, embaixadora da Rede Mulher Empreendedora (RME) e co-fundadora do projeto Transempregos, rede que faz inserção de pessoas trans no mercado de trabalho. Para ela, de nada adianta abrir as portas para a diversidade se o ambiente for hostil.
Maitê participou de outro painel do Expert ESG, desta vez para discutir futuro inclusivo nas empresas, com Liliane Rocha, fundadora e CEO da Gestão Kairós; Rodrigo Mendes, fundador e diretor do instituto que leva seu nome, voltado para a educação de pessoas com deficiência; e DJ Bola, fundador de A Banca, produtora social cultural.
“Nós somos um acumulado de diversidades, o que é nossa maior igualdade. As empresas humanizadas são aquelas que entenderam que não adianta cobrar metas, exigir que todos sejam iguais, porque o ambiente fica hostil. Em um ambiente onde se entende que todo mundo é diferente, o resultado no macro vai acontecer quando o micro estiver realmente potente. Pensando de uma forma holística, todos ganham e a gente diminui a desigualdade”, concluiu.