BRASÍLIA — O governo federal espera que implantação de tarifas horárias possa ajudar a suavizar a rampa de consumo do fim da tarde. Com o sinal indicativo aos consumidores, a expectativa é que haja uma diminuição da demanda nesse período de maior consumo.
A iniciativa está prevista na medida provisória 1300/2025, de reforma do setor elétrico. O secretário Nacional de Energia Elétrica do Ministério de Minas e Energia (MME), Gentil Nogueira, disse que o consumidor poderá ser estimulado a adotar hábitos diferentes.
“A tarifa horária é justamente para o consumidor regulado, que não sabe que gera um custo muito alto para o sistema se consumir energia às 18 horas ao invés de meio-dia”, disse.
Além de tarifa horária, o secretário destacou também a importância da digitalização para que os consumidores possam programar melhor os horários de uso de eletrodomésticos, por exemplo.
A fala ocorreu durante o evento Aquecimento MegaTalks, nesta quarta-feira (4/6), em um debate sobre a necessidade de realização do leilão de reserva de capacidade (LRCAP). O certame que vai contratar potência para o sistema foi adiado pelo MME e ainda não tem data para ocorrer.
Nesse cenário, Nogueira afirma que o déficit de potência pode ser atacado também pelo lado do consumidor.
“A gente tem que olhar diversas variáveis, tanto do ponto de vista da demanda, quanto do ponto de vista da oferta existente, para tornar eficiente a oferta, usar linhas de transmissão em determinados horários do dia um pouco mais estressadas, para trazer hoje a energia óbvia que eu não consigo trazer em determinado horário do dia para atender esse requisito de potência”, disse.
Enquanto o LRCAP não ocorre, o governo estuda alternativas para garantir potência ao sistema. Um novo certame é necessário, já que o estoque de usinas termelétricas já foi acionado.
Na esteira da otimização de recursos, o Ministério de Minas e Energia e o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) estudam a volta do horário de verão.
Outra medida, já confirmada, é a segunda edição do programa de resposta da demanda. A iniciativa remunera grandes consumidores que deixarem de operar em horários de sobrecarga das redes.
As duas ferramentas são importantes para deslocar as cargas e atenuar a rampa de consumo, que coincide com a interrupção da geração solar ao fim da tarde.