BRASÍLIA – Maior usina a gás natural do Brasil, a termelétrica GNA II, no Rio de Janeiro, teve operação comercial autorizada pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) nesta sexta-feira (31/5) e acrescentou 1,673 gigawatts (GW) de potência ao Sistema Interligado Nacional (SIN).
A usina começou a gerar dois meses antes da previsão atual (1º agosto), revertendo parte dos atrasos. Mesmo com a expansão recorde na capacidade de geração termoelétrica no Brasil, a potência nova é insuficiente para atender a demanda do Sistema Interligado Nacional (SIN).
A GNA II é a maior do Brasil, com potência equivalente a 10% de todas capacidade em térmicas movidas a gás natural. Além de gás natural, liquefeito (GNL), a planta pode operar com uma mistura de até 50% de hidrogênio, segundo a agência.
São três turbinas a gás e uma turbina a vapor. O complexo da Gás Natural Açu S/A está localizada no Porto do Açu, em São João da Barra (RJ), e chega a 3 GW de potência total. No mesmo porto, está instalada a UTE GNA, que tem uma capacidade de 1,338 GW.
A GNA II foi negociada no leilão A-6 de 2017, mas o projeto sofreu alterações no cronograma devido à mudança no ponto de conexão ao sistema e à pandemia de covid-19, em 2020.
Ocorreram atrasos na emissão da licença ambiental da linha de transmissão à qual a usina é conectada. No final de 2024, um ato de vandalismo derrubou a linha e suspendeu temporariamente os testes de comissionamento.
Maiores usinas a gás natural do Brasil
- GNA II (1.673 MW)
- Porto de Sergipe (1.593 MW)
- GNA I (1.338 MW)
- Santa Cruz (1.000 MW)
- Termorio (989 MW)
- Termomacaé (922 MW)
- Norte Fluminense (826 MW)
- Porto do Pecém (720 MW)
- Uruguaiana (639 MW)
- Mauá 3 (590 MW)
Expansão contratada é insuficiente para garantia de potência
O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) identificou um déficit de potência de 4 GW no segundo semestre de 2025, segundo a MegaWhat. O montante seria contratado no Leilão de Reserva de Capacidade (LRCap), com entrega a partir de setembro de 2025.
O leilão foi cancelada pelo Ministério de Minas e Energia (MME), em razão de ações judiciais movidas por geradores insatisfeitos com as regras originais do leilão. O MME ainda não definiu as novas diretrizes, mas entrada de potência em térmicas existentes em 2025 já está descartada.
Para contornar o déficit, o governo antecipou contratos de usinas termoelétricas contratadas em 2021, com o despacho de usinas existentes e com o reforço na importação de energia do Uruguai e da Argentina para suprir a região Sul. A retomada do horário de verão também é cogitada.
Expansão da matriz elétrica
Com o novo empreendimento, a expansão termelétrica a combustíveis fósseis (gás natural, GNL e óleo) atinge 73% capacidade total prevista de 2,403 GW, conforme dados da Aneel. Agora, são esperados 642 MW adicionais até o fim de 2025.
Até 2 de junho, além da GNA II, entraram em operação as usinas Auxiliadora (1,3 MW), no Amazonas, e Nova Venécia 2 (87,2 MW), localizada no Maranhão.
Mais termelétricas previstas para 2025
- Novo Tempo Barcarena (629 MW);
- Vila Amazônia (5,4 MW);
- Moura (1,09 MW);
- Carvoeiro (0,37 MW);
- Santa Isabel do Rio Negro (5,4 MW);
Será a maior expansão do parque termelétrico brasileiro em um ano desde 2013, segundo os dados públicos da Aneel. Além as térmicas a gás natural, são previstos 794 MW em térmica a biomassa.
Matéria atualizada em 5/6 para corrigir a capacidade da usina, antes 1,673 gigawatts (GW) e para retirar a informação de que a planta pode operar a biometano.