Mercado rebaixa Petrobras e Bolsonaro promete mais interferência no setor de energia

Foto: Valéria Gonçalvez / Agência Petrobras
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Editada por Gustavo Gaudarde
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Os olhos da indústria de óleo e gás estarão voltados para a Petrobras. O primeiro movimento se dará no mercado financeiro, com a expectativa de desempenho dos papéis da empresa na B3 e na Bolsa de Nova York – no pré-mercado, os papéis registram queda de mais de 16%.

— “Não há mais como defender; rebaixamos para venda”, publicou a XP Investimento em relatório que reflete a interferência de Bolsonaro na governança da companhia (CNN).

— Analistas do Bradesco BBI rebaixaram sua recomendação para as ações da Petrobras para “neutra” – há muitas questões a serem respondidas com a troca de comando da companhia, como o futuro da política de preços da companhia.

— Somente na sexta, a perda de valor de mercado da petroleira somou R$ 28 bilhões. A Petrobras registrava valor de mercado de R$ 383 bilhões na véspera e fechou o dia valendo R$ 354,79 bilhões. Yahoo Notícias, com Folha de São Paulo

— As perdas acumuladas até sexta somavam R$ 60 bilhões e devem chegar a R$ 100 bilhões nesta segunda (22/2), segundo banqueiros e gestores, devido ao que o mercado chama de intervenção do governo na companhia. Os números consideram a desvalorização das ações na B3 e nas bolsas estrangeiras onde são negociadas as ADRs da petroleira. Folha de São Paulo

— Amanhã, o Conselho de Administração da companhia se reúne para a aprovação do balanço anual de 2020, que será divulgado na quarta (24), e tratar da substituição de Castello Branco tanto na presidência do CA como à frente da companhia.

General promete manter independência. Bolsonaro indicou o general Joaquim Silva e Luna, presidente da Itaipu Binacional, para o lugar de Roberto Castello Branco na presidência e no Conselho de Administração da Petrobras. No fim de semana, Bolsonaro também deu a entender que irá substituir toda a Diretoria Executiva da companhia.

— “Serei um gestor e não um general. Não será uma intervenção… mas sem deixar a experiência que reuni na gestão das três Forças como ministro da Defesa e na gestão de Itaipu”, disse Luna à Reuters

— A demissão de Castello Branco vinha sendo cogitada desde quinta (18/2), após Bolsonaro fazer críticas diretas ao executivo em razão da política de preços dos combustíveis e anunciar a isenção de PIS/Cofins sobre o diesel, por dois meses, e o GLP, de forma permanente. epbr

O Conselho de Administração da Petrobras avalia que mudança no estatuto da companhia feita em 2018 blinda a gestão contra interferências na política de preços dos combustíveis. Isso reduziu a resistência inicial à troca no comando da estatal.

— A mudança de postura do CA é fruto também de um trabalho de convencimento feito pelo governo nos últimos dias. A avaliação agora é que, em vez de questionar a nomeação, será mais produtivo cobrar o cumprimento da política de preços da companhia. Folha de São Paulo

Petrobras abusando e dedo no setor elétrico. Jair Bolsonaro acha que que os aumentos nos preços dos combustíveis este ano são injustificáveis: “não tivemos essa variação dos preços lá fora ou dólar aqui dentro. Ninguém esperava essa covardia de reajuste. Ninguém quer interferir na Petrobras. Mas eles estão abusando”.

— Atacou a paridade: “não é aumentando o preço de acordo com o dólar lá fora, mais do que isso, a preocupação é ganhar dinheiro em cima do povo”.

— E ameaçou intervir no setor elétrico: “vamos meter o dedo na energia elétrica, que é outro problema”.

Tirando o ruído, medidas concretas anunciadas para o setor, até o momento, são:

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Em Itaipu, sai um general, entra outro O governo federal anunciou o general da reserva João Francisco Ferreira para comandar a parte brasileira de Itaipu Binacional. A indicação foi feita na sexta (19/2) horas após Jair Bolsonaro (sem partido) anunciar que o atual diretor-geral, Joaquim Silva e Luna, deverá assumir a presidência da Petrobras no lugar de Roberto Castello Branco.

– João Francisco Ferreira foi transferido para reserva remunerada do Exército desde 2014. Serviu em 1977 no 26º Batalhão de Infantaria Paraquedista no Rio de Janeiro. Foi contemporâneo de Jair Bolsonaro, que fez o curso de paraquedista na mesma época.

– As indicações de Silva e Luna para Petrobras e Ferreira para Itaipu ainda dependem de aprovação dos Conselhos de Administração das estatais. epbr

Ação contra venda da RLAM. O coordenador geral da Federação Única dos Petroleiros (FUP), Deyvid Bacelar, anunciou nesse domingo (21/2) que ingressou, em conjunto com o senador Jaques Wagner (PT/BA) e o coordenador-geral do Sindipetro-Bahia, Jairo Batista, com ação popular na Justiça Federal de Salvador para suspender imediatamente a venda da Refinaria Landulpho Alves (RLAM) para a Mubadala Investment Company.

— A ação questiona o valor do negócio, anunciado em 8 de fevereiro pela Petrobras e avaliado em US$ 1,65 bilhão (R$ 8,9 bilhões). A ação leva em consideração avaliação feita pelo Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (Ineep), ligado à FUP, que estima valor de mercado para a refinaria variando entre US$ 17 bilhões e 21 bilhões.

— Também aponta avaliação do BTG Pactual, que apontou que a RLAM foi vendida por um valor 35% menor que o de mercado, o que causa uma perda de cerca de R$ 5 bilhões para a Petrobras pelo negócio.

— “Vale lembrar que a Petrobras ainda pretende privatizar sete refinarias, e faz-se urgente um recado dos trabalhadores da companhia de que não aceitarão que seus bens sejam entregues por valores irrisórios”, diz a nota divulgada.

— Um dia após o anúncio do fechamento da operação entre a Petrobras e a Mubadala, Jaques Wagner já havia indicado que o negócio era um “ataque à soberania energética do Brasil”. Defendeu a tese de que o negócio vai criar um monopólio regional “que não mais atenderá interesses do povo brasileiro, mas sim de seus acionistas, que são investidores internacionais”.

— O argumento é o mesmo levado ao Cade pelas distribuidoras regionais de combustíveis representadas pela Brasilcom, que pediram a suspensão da venda das refinarias da Petrobras ao órgão de defesa da concorrência. As empresas alegam que há risco de concentração dos mercados atendidos pelas unidades.

— A medida tem apoio do Jean-Paul Prates (PT/RN), presidente da Frente Parlamentar Mista em Defesa da Petrobras, e da Federação Única dos Petroleiros (FUP). epbr

Petróleo com sinais invertidos na semana Os contratos futuros do petróleo fecharam em baixa a sessão de sexta (19/2), pressionados pela provável retomada da produção do óleo nos EUA, após uma nevasca causar cortes de energia no Texas que afetaram o suprimento no país ao longo da semana.

— Há ainda preocupações quanto a uma demanda menor por causa do episódio. O mercado ainda repercute as expectativas pela reunião da Opep+, marcada para acontecer no início do mês que vem.

— O Brent para abril fechou a sessão em queda de 1,60% (-US$ 1,02), cotado a US$ 62,91 o barril, mas teve avanço semanal de 0,77%. Já o WTI para abril recuou 2,10% (-US$ 1,27), a US$ 59,26 o barril. Na semana, o contrato mais líquido do WTI teve baixa de 0,35%. IstoÉ Dinheiro, com Estadão Conteúdo

Enauta retoma produção em Atlanta A Enauta informou ao mercado que retomou a produção do campo de Atlanta, na Bacia de Santos. Conforme fato relevante divulgado em 27 de janeiro, a companhia decidiu realizar a troca definitiva dos tubos de um dos aquecedores do poço 7-ATL-4HB-RJS. Com a conclusão dessa atividade, o poço foi reiniciado, atingindo a produção prevista de 10,4 mil barris de óleo por dia.

— O cronograma de retorno dos demais poços permanece inalterado. Assim, o poço 7-ATL-3H-RJS está previsto para retornar ainda no primeiro trimestre de 2021, com produção inicial esperada em torno de 10,0 mil barris de óleo por dia. Outro poço (7-ATL-2HP-RJS) está previsto para retornar em meados deste ano.

— A Enauta é operadora de Atlanta, com 100% de participação. Autorizada pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), a transferência dos 50% anteriormente detidos pela Barra Energia está sujeita à aprovação da ANP.

Incêndio na P-48. Um incêndio atingiu a plataforma P-48, da Petrobras, que opera no campo de Caratinga, na Bacia de Campos. O acidente, ocorrido no sábado (20/2), se deu próximo a um vaso de drenagem da embarcação, segundo informações do Sindipetro-NF. De acordo com a Petrobras, o fogo começou durante atividade de manutenção em uma tubulação.

— Um funcionário teve queimaduras no pescoço, ombros, braços e costas, segundo o sindicato. Foi atendido na enfermaria da plataforma e, em seguida, desembarcado. Passou por avaliação médica e está “bem” e em casa, conforme a Petrobras.

— O sindicato afirma que as operações da estatal na Bacia de Campos vêm sendo “negligenciadas”. “A redução de investimentos, principalmente em conservação, efetivo a bordo e segurança das unidades, tem sido constante”, diz. Poder 360

BNDES financia Energisa. O BNDES vai financiar o plano de investimentos de nove distribuidoras de energia do Grupo Energisa, com foco na melhoria dos serviços, expansão da rede de distribuição e ampliação do número de clientes atendidos. O financiamento será de R$ 1,49 bilhão, dos quais R$ 965 milhões na modalidade direta e R$ 522 milhões por meio indireto.

— Operação pelo Finem – Distribuição de Energia Elétrica, com a concessão de crédito individual a cada uma das nove distribuidoras da Energisa nos estados do Acre (EAC), Mato Grosso (EMT), Mato Grosso do Sul (EMS), Minas Gerais (EMG), Paraíba (EPB), Rondônia (ERO), Sergipe (ESE), Minas Gerais, São Paulo e Paraná (ESS) e Tocantins (ETO).

Enel dá a partida em expansão solar A Enel Green Power Brasil, subsidiária brasileira de energia renovável do Grupo Enel, iniciou a operação comercial da expansão de 133 MW da usina solar fotovoltaica São Gonçalo (475 MW), em São Gonçalo do Gurguéia (PI), que já estava em operação e é a maior instalação fotovoltaica da América do Sul. A construção da seção de 133 MW envolveu um investimento de cerca de R$ 422 milhões.

– A extensão de 133 MW que entrou em operação começou a ser construída em agosto de 2019. Antes disso, em outubro de 2018, a empresa iniciou a construção da primeira seção de São Gonçalo, de 475 MW, que foi conectada à rede em janeiro de 2020.

EDP investe em hidrogênio e armazenamento O Grupo EDP lançou duas unidades que irão explorar o potencial do hidrogênio verde e sistemas de armazenamento de energia.

— A H2 Business Unit (H2BU) será o novo braço do grupo português para o desenvolvimento de projetos de hidrogênio verde, enquanto a unidade dedicada ao armazenamento, constituída na EDPR NA, terá como objetivo atingir 1 GW em armazenamento no período de cinco anos.
se da tecnologia de armazenamento.

Mudanças na regulação para GD A Associação Brasileira de Geração Distribuída (ABGD) e outras entidades participaram na sexta (19/2) da reunião semanal com a Aneel para debater a revisão da Resolução Normativa 482/2012, que regula a GD.

— Na exposição, a agência manteve a posição adotada em 2019, com inclinação para a escolha do cenário número 5, que propõe que o consumidor de geração distribuída receba de volta apenas 37% da energia injetada na rede.

— Para a ABGD, a adoção de tal cenário não é justo com o segmento. “O cálculo utilizado não contabiliza os diversos benefícios sistêmicos proporcionados pela produção de energia junto ou próximo à carga”, aponta Carlos Evangelista, presidente da ABGD.

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