BRASÍLIA – Entre 2013 e 2024, 43% dos desligamentos em linhas de transmissão foram causados por fortes chuvas e queimadas, segundo a Empresa de Pesquisa Energética (EPE).
O estudo aponta iniciativas para diminuir os impactos das mudanças climáticas, que podem intensificar os eventos extremos, a exemplo da enchente no Rio Grande do Sul em maio de 2024. Veja o roadmap, na íntegra (.pdf).
Os raios foram responsáveis por 20% dos desligamentos em redes de transmissão, seguidos de queimadas (16%), ventos fortes (4%) e chuvas (3%). Todas as causas estão ligadas a eventos extremos.
Entre as conclusões do estudo, EPE aponta a necessidade de reforço nas infraestruturas, com equipamentos mais resistentes às condições futuras e a ampliação de tecnologias de armazenamento de energia, incluindo abordagens locacionais.
Além disso, devem ser desenvolvidos planos de resposta a emergências, soluções compartilhadas entre agentes do setor, uma revisão de critérios de planejamento da expansão da operação e também uma nova abordagem relacionada a critérios de dimensionamento e identificação de locais para novas linhas e subestações.
A EPE lista como principais ameaças à transmissão o aumento nas temperaturas, as maiores frequência, duração e força de secas e chuvas extremas, o incremento nas rajadas de vento e a subida no nível dos oceanos.
Características e riscos nas regiões brasileiras
Ao analisar as características dos subsistemas, a pesquisa listou o volume de importação e exportação de energia como uma das situações desafiadoras para o Sistema Interligado Nacional (SIN).
Na região Norte, existe um grande território e uma alta sensibilidade socioambiental, o que dificulta a implantação de novas linhas de transmissão. Essas características deixa o sistema mais vulnerável aos impactos das mudanças climáticas pela ausência de ramificação da rede e dificuldade de acesso.
Maior exportador de energia, com predominância de geração renovável, o Nordeste é suscetível a alterações do clima, já que sol e ventos utilizados nas usinas solares e eólicas são variáveis.
No subsistema Sudeste/Centro-Oeste, a EPE destaca a maior demanda por energia e uma alta densidade de linhas de transmissão. Construir novos equipamentos envolve impactos socioambientais, custo e disponibilidade fundiária. Além disso, na região existe uma grande dependência de importação de energia, por possuir carga maior do que a geração.
O Sul também também depende de geração a partir de outras localidades e enfrenta a dificuldade de expansão por questões socioambientais e de disponibilidade. Ondas de calor e ocorrências de chuvas extremas são questões que chamam a atenção para os riscos na transmissão de energia.