O vice-presidente de Mercado de Gás da Rystad Energy para a América Latina, Vinícius Romano, afirmou que há espaço para um salto na demanda brasileira de gás natural se o preço da molécula for mais competitivo.
Só a substituição do carvão por gás natural no Brasil, citou, representa um potencial de até 30 milhões de metros cúbicos por dia de nova demanda.
“A competitividade do gás poderia proporcionar um salto de crescimento. A gente avalia que tem mais de 30 milhões de metros cúbicos de demanda nova que poderia vir da substituição de carvão”, disse o executivo em entrevista ao estúdio eixos, durante o Seminário de Gás Natural do IBP.
Romano pontua que, para que essa mudança ocorra, é preciso que o gás seja competitivo frente ao carvão e a outros combustíveis. Ele comparou a situação com os Estados Unidos, onde a troca foi viabilizada pela oferta doméstica abundante e pelos preços baixos, e com a Europa, onde a alta carga tributária sobre emissões de CO₂ tornou o carvão menos atraente. “Não é o caso do Brasil”, afirmou.
O analista da Rystad acredita que o crescimento orgânico da demanda por gás no Brasil não ocorrerá de forma acelerada. “Não é uma curva exponencial”, disse. Ele apontou que o mercado livre pode trazer benefícios imediatos ao permitir maior flexibilidade nos contratos, com potencial para gerar economias relevantes para as indústrias consumidoras.
Romano também avaliou que o gás argentino é uma alternativa de suprimento de longo prazo, mas que os principais interessados devem ser os consumidores brasileiros. “A responsabilidade de trazer o gás argentino é muito mais do consumidor de gás. […] O consumidor tem a chance de ser protagonista em trazer novas ofertas”, disse. Ele citou Vale e Suzano como exemplos de empresas dispostas a avaliar contratos de longo prazo para diversificar fontes.
Sobre o crescimento da oferta doméstica, Romano ponderou que, apesar dos novos projetos, como Rota 3 e Raia, o incremento de gás será limitado pelo declínio de campos maduros. “Nesse balanço, a gente não vai ter um grande incremento de oferta de gás doméstico”, concluiu.