BRASÍLIA – O ministro da Casa Civil, Rui Costa (PT), reforçou, na China, a promessas do governo brasileiro de fazer o primeiro leilão de bateria, para armazenamento de energia de fontes renováveis, ainda em 2025.
Em conversa com os jornalistas na terça-feira (13/5), Costa falou sobre as reuniões com empresas chinesas, citando o interesse no mercado e parcerias para centros de pesquisa e desenvolvimento em energias renováveis.
“Projetos de armazenamento são hoje um ponto crucial para o Brasil. O Brasil é um dos países que mais investiu em eólica e solar, mas hoje é carente de poder armazenar essa energia, e por isso, em breve, o Ministério [de Minas e Energia] lançará editais para a contratação de grandes sistemas de armazenamento, e nós vamos desenvolver isso no Brasil”, disse.
A intenção do governo é aproveitar a geração renovável utilizando sistemas de armazenamento que permitam o despacho a qualquer hora do dia.
“O Brasil é uma das referências no mundo na produção de solar e eólica. Só que nós precisamos acumular essa energia, para estabilizar esse sistema ao longo das 24 horas por dia”, afirmou.
Segundo previsão do ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, as diretrizes do leilão serão definidas ainda em maio.
O MME anunciou que a estatal Windey Energy Technology Group assinou um acordo com o SENAI CIMATEC para a instalação de um centro de pesquisa no Brasil, com prazo inicial de 24 meses, envolvendo, entre outros objetivos, o desenvolvimento de projetos de armazenamento de energia
MME prepara edital
A intenção de um edital específico para sistemas de armazenamento é conhecida desde meados de 2024, quando ainda se especulava que as baterias poderiam ser inseridas no leilão de reserva de capacidade.
Em abril, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira prometeu diretrizes para maio, já antecipando a ida à China para tratativas com fabricantes de baterias.
Agentes do mercado esperam que as diretrizes saiam nas próximas semanas e que o leilão ocorra em novembro. Por ora, as projeções de capacidade a ser contratada são tímidas, por volta de 200 megawatts (MW) a 300 MW.
Mas os players nacionais esperam que a visita à China tenha mostrado ao governo a possibilidade de se contratar uma maior potência, já que o Brasil pretende estreitar laços comerciais com os chineses, em um contexto de guerra comercial com os Estados Unidos.
O mercado brasileiro poderia fornecer commodities, enquanto os equipamentos para energia renovável, como placas solares, inversores e baterias, seriam recebidos pelo Brasil.
A Associação Brasileira de Sistemas de Armazenamento de Energia (ABSAE) entende que o ideal seria uma contratação mínima de 2 gigawatts (GW), para fomentar a cadeia de suprimentos e a indústria nacional.
Estimativas da consultoria Aurora Research dão conta que o Brasil pode alcançar 10 GW de capacidade em baterias até 2040, com leilões com contratações cada vez maiores.
Estimativas da Greener apontam que o país vai receber investimentos de R$ 22,5 bilhões em sistemas de armazenamento até 2030.
No mercado de armazenamento, são esperadas definições consideradas importantes, a exemplo das receitas de arbitragem. Ou seja, a remuneração das baterias para mediarem quais fontes seriam despachadas para a carga dos sistemas.
Além disso, as diretrizes que serão divulgadas podem estabelecer critérios para os sinais locacionais que favoreçam a instalação de sistemas em determinados centros de carga ou próximos de usinas renováveis.
A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) deve regulamentar o armazenamento de energia ainda em 2025, o que inclui também as usinas hidrelétricas reversíveis.