A Brava Energia estuda transformar o campo de Manati, na Bahia, em uma grande instalação de armazenamento de gás natural, projeto inédito no país. O CEO da companhia, Décio Oddone, afirmou em entrevista ao estúdio eixos durante a Offshore Technology Conference (OTC), em Houston, Texas, que a estrutura atualmente parada pode ganhar nova função estratégica diante da abertura do mercado.
“Estamos avaliando usar Manati como a primeira grande instalação de armazenamento de gás no Brasil. O consórcio tem a Petrobras com 35%, a Brava com 45% e a Gas Bridge [GBS Storage] com 20%.”
A expectativa, hoje, é que a vida útil econômica da produção de gás de Manati se encerre entre 2027 e 2028. Segundo a GBS Storage, a capacidade inicial de armazenamento estimada no campo é de 300 milhões de m3 de gás.
A Brava firmou recentemente contrato com a Comgás para fornecimento de gás ao Sudeste e opera plantas de tratamento no Rio Grande do Norte e na Bahia.
Produção e consolidação
Décio Oddone alertou que o Brasil pode voltar a importar petróleo nos próximos dez anos caso não avance na reposição de reservas. “Se não encontrar novas reservas, o Brasil pode voltar a importar petróleo em até 10 anos. Isso teria um impacto direto na arrecadação e nas reservas cambiais.” Segundo ele, petróleo, agropecuária e mineração são os pilares que sustentam o saldo comercial e as reservas cambiais do país.
Com a queda no preço do barril, a Brava tem reduzido investimentos e priorizado a eficiência operacional. “Nosso objetivo é chegar a uma alavancagem de 1 a 1,25 vez a dívida sobre o EBITDA no próximo ano.”
A empresa opera os campos de Atlanta e Papa-Terra. Em Atlanta, com produção acima de 40 mil barris por dia, estão previstas conexões de novos poços até 2027. “A unidade FPSO instalada lá tem capacidade para oito poços. A gente vai conectar mais dois ainda este ano e mais dois no fim de 2026.” Já Papa-Terra, mais complexo, tem o dobro do volume de Atlanta e foco na recuperação de reservatórios.
Oddone também vê espaço para novos movimentos de consolidação no mercado independente. “Nosso negócio é de escala. Quem não tem pelo menos 80 ou 100 mil barris por dia dificilmente consegue captação com custo competitivo.”
A refinaria Clara Camarão e o terminal de Guamaré, no Rio Grande do Norte, são considerados ativos essenciais para o escoamento e valorização do petróleo da região. “A refinaria e o terminal elevam nossa rentabilidade no RN. Sem eles, teríamos que transportar o petróleo por caminhão. A integração é essencial.”