comece seu dia

Hidrogênio expõe gargalo na rede; e agora vêm os data centers

Dificuldades em conectar grandes cargas preocupam investidores

Torres à contraluz com linhas de transmissão de energia de alta tensão, durante o por do sol (Foto Claudia Barros/Ibama)
Linhas de transmissão de alta tensão (Foto Claudia Barros/Ibama)

NESTA EDIÇÃO. Investidores veem insegurança jurídica nas limitações da infraestrutura elétrica no Brasil. 
 
Brasil cai no ranking de países com maior expansão da geração solar em 2024.
 
São Paulo quer ser o primeiro estado a substituir uso do diesel, diz governador. 
 
Revendedoras e distribuidoras de botijões entram em choque no debate sobre a proposta para o novo vale-gás.
 
Mais uma comercializadora brasileira importa gás natural da Argentina
 
Elbia Gannoum será a enviada especial para energia na COP30


EDIÇÃO APRESENTADA POR

As recentes negações de pareceres de acesso à rede para projetos intensivos em consumo de energia geram insegurança jurídica para investidores que enxergam no Brasil potencial para iniciativas que dependem de geração renovável. 
 
Recentemente, o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) barrou o acesso à rede elétrica de projetos de hidrogênio verde da Solatio, Casa dos Ventos e Fortescue.

  • As iniciativas estão tendo dificuldades em avançar devido à limitações na infraestrutura de distribuição e transmissão do país. 

O cenário é preocupante sobretudo num contexto em que o Brasil busca atrair novos investimentos justamente com base no alto índice de geração renovável na matriz. 

  • É o caso do regime especial para os data centers, o Redata. A proposta que deve ser lançada nas próximas semanas prevê a desoneração de investimentos para essa cadeia, de modo a fomentar o setor no país.
  • No entanto, a capacidade do sistema elétrico brasileiro de absorver com rapidez as grandes cargas dos data centers vai ser uma medida estruturante para a atração desses investimentos, segundo o diretor sênior da A&M Infra, Juan Landeira. 
  • “Esse é um tema que traz arrepios para os investidores”, afirma o especialista em relação à conexão à rede elétrica.

 Em busca de destravar os gargalos na rede de transmissão, a Empresa de Pesquisa Energética pretende entregar ao Ministério de Minas e Energia até dezembro os estudos para ampliar a capacidade de conexão em 4 GW, junto com o cronograma de contratação do reforço no Sistema Interligado Nacional (SIN). 

  • O setor tem a expectativa de que seja possível antecipar as autorizações para a conexão de mais 2 GW ao sistema


Brasil cai em ranking solar. O país foi o quarto que mais acrescentou geração solar em 2024, segundo o relatório da SolarPower Europe, mas caiu no ranking em relação ao ano anterior, quando chegou a alcançar a terceira posição global.

  • Ao todo, o Brasil adicionou 18,9 gigawatts (GW) de capacidade solar em 2024, volume recorde. Entretanto, o crescimento em relação a 2023 foi de apenas 21%, menor do que os percentuais de 60% em 2021 e de 81% em 2022.

210 GW é a potência fiscalizada de geração de energia elétrica ultrapassada pelo Brasil ao final de abril, segundo dados da Aneel. O país encerrou o mês passado com  mais de 24 mil usinas em operação comercial.

  • Mais da metade da geração de energia elétrica no país vem de hidrelétricas, que oferecem ao sistema 51,97% da energia, com 109,96 GW. As usinas termelétricas respondem por 47,07 GW de potência instalada (22,82% do total). 

Eólicas offshore. Até o fim do primeiro semestre o Ministério de Minas e Energia vai publicar o cronograma com os principais marcos para regulamentar a lei das eólicas offshore, sancionada em janeiro deste ano, segundo a diretora de Transição Energética da pasta, Karina Sousa.

  • A ideia é indicar as etapas até o primeiro leilão de cessão de áreas, ainda sem data definida, com base nos modelos de oferta permanente e a oferta planejada. 

Leilão do óleo da União. A PPSA vai ofertar cerca de 78,5 milhões de barris de petróleo da União no próximo leilão, previsto para o segundo semestre de 2025. O volume foi ampliado e representa o dobro do leiloado em 2024. O edital final será publicado na próxima semana

  • Confira a entrevista com o diretor da estatal, Samir Awad, ao estúdio eixos durante a OTC 2025, em Houston.  

Reforma da partilha do pré-sal. O senador e presidente da Comissão de Infraestrutura, Marcos Rogério (PL/RO), atendeu a um pedido de Rogério Carvalho (PT/SE) e retirou de pauta o projeto de lei 3.178/2019, que propõe alterar o regime de partilha do pré-sal, eliminando o direito de preferência da Petrobras nos leilões. 

  • O projeto também acaba com o polígono do pré-sal e permite a contratação de áreas sob o regime de concessão.      

Estoques de petróleo nos Estados Unidos. Os volumes caíram em 2,032 milhões de barris, a 438,376 milhões de barris na semana passada, informou nesta quarta-feira (7) o Departamento de Energia. 

  • O volume da queda foi maior do que o previsto por analistas consultados pelo The Wall Street Journal, que esperavam uma redução de 1,3 milhão de barris. 

Preço do barril. Os contratos futuros do petróleo fecharam em queda na quarta-feira (7), em meio ao fortalecimento do dólar e à persistente incerteza sobre a relação comercial entre EUA e China, que planejam iniciar negociações tarifárias no fim de semana.

  • Na Intercontinental Exchange (ICE), o Brent para julho recuou 1,66% (US$ 1,03), para US$ 61,12 o barril

Preços dos combustíveis. O etanol foi mais competitivo em relação à gasolina em seis estados na semana de 27 de abril a 3 de maio. Na média dos postos pesquisados no país, o etanol tinha paridade de 68,57% ante a gasolina no período, portanto favorável em comparação com o derivado do petróleo.

Transição em SP. O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), afirmou que o estado está na dianteira da transição energética e será o primeiro do Brasil a substituir o uso do diesel, começando pelo setor agropecuário. 

  • Segundo Tarcísio, as lavouras do estado já demonstram essa transição, com caminhões e máquinas agrícolas movidos a etanol e biometano

Enquanto isso, na Euopa… Países membros da União Europeia concordaram em flexibilizar as metas de emissões de CO2do bloco para carros e vans, atendendo a um apelo das montadoras que chegaram a estimar um custo de 15 bilhões de euros em multas caso tivessem que cumprir a regra prevista já para 2025. Entenda o impacto da decisão com diálogos da transição.

Consequências da guerra. A Comissão Europeia apresentou um novo roteiro do plano REPowerEU, com medidas para eliminar totalmente a dependência da União Europeia em relação à energia russa. O objetivo é encerrar as importações de gás, petróleo e energia nuclear russos até 2027.

Terminal de etano. A Braskem inaugurou na quarta-feira (7) no México, o Terminal Químico Puerto México (TQPM), uma parceria entre a Braskem Idesa e a Advario. 

  • Com capacidade para importar 80 mil barris diários de etano, o terminal localizado em Coatzacoalcos (Veracruz) recebeu US$ 450 milhões em investimentos.  

Novo vale-gás. Revendedores e distribuidoras de GLP entraram em choque sobre os efeitos da proposta de reforma do desenho do mercado de botijões. O debate ocorre em meio ao desenho do Gás para Todos, programa social gestado no governo Lula para substituir gradativamente o novo vale-gás. Ambos segmentos estão mantendo reuniões no governo, disputando o saldo dessa discussão.

  • A principal mudança será destinar recursos do orçamento da União para a aquisição de cargas de gás de cozinha, criando um vetor de crescimento do mercado. 

Gás argentino continua a chegar. A Tradener fez seu primeiro teste de importação do país vizinho. A molécula foi fornecida pela Pampa Energía, proveniente das reservas de gás não convencional de Vaca Muerta, na Patagônia. 

  • Segundo a produtora argentina, foram entregues, na semana passada, 110 mil m³ de gás. 

Custo do gás. Usuários da malha de gasodutos pedem à Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) uma redução no adicional pago hoje pela contratação de capacidade de transporte a curto prazo, de forma a incentivar mais o mercado spot.

  • A revisão dos multiplicadores, bem como o uso da conta regulatória, foram alguns dos temas levantados pela ANP na consulta prévia aberta para discutir com o mercado os critérios de cálculo das tarifas de transporte. 

COP30. Presidente da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, o Brasil quer liderar pelo exemplo e fazer o fórum ficar conhecido como a COP da implementação. Mas, para alcançar esse objetivo, precisará lidar com contradições domésticas e mostrar compromisso com a transição energética, disse na terça (6) a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva (Rede).

Ainda sobre COP30. A economista Elbia Gannoum, presidente da Associação Brasileira de Energia Eólica e Novas Tecnologias (Abeeólica), será a enviada especial para energia na conferência climática da ONU que será realizada em Belém, no Pará, em novembro. A informação foi confirmada pela própria executiva.

Importação de resíduos. O governo federal publicou o novo decreto sobre as possibilidades de importação de resíduos sólidos pela indústria, com limites para alguns materiais estabelecidos por cotas.

  • O novo decreto revoga o anterior, publicado em 17 de abril. A mudança atende pleitos de catadores de materiais recicláveis, que temiam ameaça às cadeias de reciclagem existentes no país e danos à economia circular.

Opinião: É essencial avançar também na construção de uma infraestrutura logística robusta e de marcos regulatórios claros e modernos que viabilizem o transporte, o armazenamento e a certificação do hidrogênio de forma segura, eficiente e economicamente sustentável, escreve o CEO da Honeywell para a América Latina, José Fernandes.

Newsletter comece seu dia

Inscreva-se e comece seu dia bem informado sobre tudo que envolve energia