A União Europeia levará para a Conferência de Biodiversidade da ONU, em maio, uma proposta para garantir internacionalmente a proteção de 30% da áreas naturais em terra e nos mares, afirmou a presidente da Comissão Europeia, órgão executivo do bloco, Ursula von der Leyen, em discurso no Fórum Econômico Mundial.
A proposta segue em linha com o compromisso firmado pelos países membros do bloco para proteger o mesmo percentual de áreas no continente e é um dos eixos do Pacote Ecológico Europeu, firmado no ano passado.
Agora, Ursula von der Leyen afirma que a criação de uma meta internacional de mesma magnitude será necessária para manutenção da biodiversidade no planeta.
A conferência da Biodiversidade da ONU será realizada em Kunming, na China.
A dirigente europeia defendeu que o encontro precisa ter o peso equivalente ao da COP21, quando foi assinado o Acordo de Paris.
“Com o avanço das mudanças climáticas, veremos mais desastres naturais e a proliferação de zoonoses, como a covid-19 e o ebola. Devemos agir. A próxima pandemia estará no dobrar de uma esquina”, disse Ursula.
“Precisamos de um acordo semelhante ao Acordo de Paris para a biodiversidade”.
A Europa tem avançado com seus compromissos ambientais. O bloco trabalha para tirar do papel a primeira lei climática europeia para o clima. Em dezembro os países-membros firmaram um acordo para o corte de emissões de gases do efeito estufa em 55% até 2030.
“Vamos avançar com legislação para nos ajudar a chegar lá desde renováveis a comércio de emissões, de hidrogênio limpo até a economia circular”, frisou a presidente da Comissão Europeia.
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Due diligente para estrangular capital para poluidores
Outro front prometido pelo bloco será a definição de regras claras e acompanhamento de parâmetros para investimentos financeiros em projetos verdes.
“Sabemos como isso é importante para investidores que estão buscando por investimentos que sejam verdadeiramente sustentáveis. A UE vai liderar esse caminho, com seus padrões de green bounds e vai trazer clareza para o mercado”, frisou Ursula von der Leyen.
A Comissão Europeia vai propor novos processos de due diligence (diligências prévias) sobre empresas para assegurar que as cadeias produtivas financiadas não ocultem danos ao meio ambiente na Europa ou em outras partes do mundo.
O desenvolvimento de tecnologias que permitam o maior uso do hidrogênio como combustível, a reforma de políticas para moradia e o aumento da fiscalização sobre investimentos em projetos sustentáveis estarão no centro das prioridades da União Europeia na próxima década, afirmou Ursula von der Leyen.
Entre os planos, está a definição de novas regras mais sustentáveis para a construção civil. Na Europa os prédios são responsáveis por 40% das emissões de gases do efeito estufa (GEE).
O bloco agora pretende reformar 35 milhões de residências nos próximos 10 anos com materiais inovadores que garantam, por exemplo, soluções verdes de energia e materiais sustentáveis.
A Comissão Europeia conta com efeitos secundários, como a redução do consumo de energia e da conta de luz de seus habitantes, para fortalecer o apoio às medidas.
Será uma oportunidade para as empresas europeias. O bloco de países pretende injetar 750 bilhões de euros em recursos públicos para financiar a retomada econômica após a pandemia e conta com a colaboração cm o setor privado para investir em tecnologia e ganhos de escala.
O equivalente a 37% dos 750 bilhões de euros serão destinados ao Pacto Ecológico Europeu.
Durante seu discurso em Davos, Ursula von der Leyen usou os investimentos em tecnologia para o uso do hidrogênio em mobilidade como exemplo. A European Clean Hydrogen Alliance, lançada em julho passado, uma parceria do bloco com empresas privadas envolvidas com pesquisas e com a cadeia de transportes conta hoje com a adesão de mais de mil companhias.
“A aliança permite que olhemos para a cadeia de hidrogênio como um todo, desde a produção até a distribuição e permite definir onde vamos alocar recursos para o desenvolvimento de tecnologias”, disse ela.
Um conjunto de empresas, entre montadoras e companhias de energia, fechou uma parceria para colocar em circulação ao menos 10 mil caminhões movidos a hidrogênio na Europa na segunda metade da década de 2020.
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