NESTA EDIÇÃO. Queda no preço do diesel acompanha mercado internacional.
Governo publica decreto para endurecer combate a fraudes no mercado de combustíveis.
EUA suspende obras de eólicas offshore da Equinor.
Alemanha, Países Baixos e Omã terão primeiro corredor de importação de hidrogênio liquefeito do mundo.
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Petrobras acelera redução no diesel
Com a segunda diminuição no preço do diesel em abril, a partir de sexta-feira (18/4), a Petrobras acompanha o movimento do mercado internacional em meio aos temores de uma recessão econômica.
- O preço médio do litro passa a ser de R$ 3,43, uma redução de R$ 0,12.
- Em 1º de abril, a diminuição havia sido de R$ 0,17.
É uma aceleração nas mudanças dos preços dos combustíveis vendidos pela estatal, depois que a companhia passou todo o ano de 2024 sem fazer nenhuma alteração no diesel.
- O reajuste veio em linha com os cálculos dos preços de importação. Antes da alteração, o litro do diesel da companhia era vendido em média R$ 0,11 acima do mercado internacional, segundo a Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom).
Nas últimas semanas, o preço do barril de petróleo no mercado internacional vive uma grande flutuação, com os impactos da guerra tarifária iniciada pelos Estados Unidos.
- O cenário gerou uma expectativa de redução no consumo global de petróleo.
- Na quinta-feira (17), o preço do Brent negociado para junho encerrou o dia a US$ 67,96 o barril, alta de 3,20%.
A presidente da Petrobras, Magda Chambriard, vinha ressaltando que a companhia busca evitar que volatilidade externa contamine o país.
- O diesel tem impacto relevante na inflação, pelo amplo uso no transporte de cargas e passageiros.
- O atual modelo de precificação do diesel e da gasolina da Petrobras considera o preço internacional do barril e o câmbio, mas também outras variáveis para garantir competitividade frente aos concorrentes, como as alternativas para o suprimento e o valor marginal ao definir os preços.
- O Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (Ineep) apontou que a decisão de reduzir o diesel hoje mostra que ainda existe uma forte vinculação dos preços internos aos preços internacionais.
Foz do Amazonas. A Câmara dos Deputados analisa um projeto de lei que proíbe a oferta de novos blocos para exploração de petróleo e gás natural na Amazônia e obriga a recuperação ambiental das áreas com projetos em andamento.
- Autor do projeto, o deputado Ivan Valente (Psol/SP) argumenta que a abertura de uma nova fronteira na região amazônica contraria alertas climáticos emitidos pelo próprio Brasil e abre caminho para degradar ainda mais a área da floresta.
- O Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam) publicou um artigo que propõe um Fundo de Royalties Verdes como alternativa à exploração de petróleo na Margem Equatorial. Entenda melhor a iniciativa com diálogos da transição.
Fraudes na distribuição de combustíveis. O governo publicou o decreto que endurece penalidades contra distribuidoras de combustíveis, por inadimplência com o RenovaBio e descumprimento da mistura obrigatória de biodiesel.
- Instituto Combustível Legal (ICL), Bioenergia Brasil, Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis e de Lubrificantes (Sindicom) e União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica) declararam apoio ao decreto.
- Para as entidades, a medida fortalece o RenovaBio com medidas rigorosas para coibir fraudes e garantir a integridade do programa.
- Já a Frente Parlamentar do Biodiesel (FPBio) criticou a redação final do texto, por não incluir o acesso da ANP às notas fiscais eletrônicas das transações dos produtores e importadores de biodiesel e diesel A com os distribuidores de combustíveis.
Etanol. A Cargill concluiu a compra dos 50% restantes da SJC Bioenergia e passou a deter o controle total da companhia, agora rebatizada como Cargill Bioenergia. A operação foi finalizada após o aval dos órgãos reguladores e marca um novo passo na estratégia da multinacional de expandir sua presença no setor de biocombustíveis no Brasil.
Gás argentino continua chegando. Mais uma comercializadora fez sua primeira operação piloto de importação de gás natural da Argentina, a MGás, joint venture entre o grupo J&F e a Inner Grow. É a terceira companhia brasileira a anunciar testes de importação de gás argentino este mês, depois da MTX Comercializadora de Gás Natural e a Edge.
- A companhia tem acordos de suprimento com Tecpetrol, TotalEnergies e Oilstone Energía na Argentina.
Investimento na distribuição. A ES Gás, controlada pela Energisa, planeja investir cerca de R$ 1 bilhão até 2030. O novo plano de negócios prevê a interiorização da rede para cinco novos municípios; desenvolvimento de corredores a gás; injeção de biometano na malha de distribuição; e dobrar o número de clientes conectados, para 180 mil ao fim do período.
- O plano ainda precisa ser aprovado pela ARSP, a agência reguladora do Espírito Santo.
Trump contra eólicas offshore… O Bureau of Ocean Energy Management dos EUA ordenou, na quarta-feira (16), a paralisação da construção do projeto de eólicas offshore Empire Wind, da Equinor.
- Segundo o órgão, a aprovação da instalação do projeto na costa do estado de Nova York foi “apressada pela administração anterior”.
- As políticas do presidente Donald Trump incluem o desincentivo às energias renováveis e investimento em fósseis.
… E contra outras renováveis também. O Departamento de Energia dos EUA está preparando cortes drásticos que podem interromper quase US$ 10 bilhões em financiamento federal para projetos de energia limpa — e algumas de suas parcerias mais importantes com a ExxonMobil e a Occidental Petroleum estão em jogo.
- A proposta elimina financiamento para hidrogênio, captura de carbono e armazenamento energético, com risco de migração de tecnologias para outros países
No Brasil, reforma do setor elétrico. A proposta de criação da nova tarifa social de energia elétrica , apresentada pelo Ministério de Minas e Energia (MME), simplifica e eleva o desconto na conta de luz dado para todas as famílias de baixa renda elegíveis, independente da faixa de consumo.
- O projeto foi enviado para a Casa Civil e prevê mudanças nos rateios que financiam a Conta de Desenvolvimento Energético (CDE).
Indústria pede mais diálogo. As medidas apresentadas pelo MME na proposta de modernização do setor foram bem recebidas pelo mercado, mas alguns segmentos pedem uma ampliação do debate, sobretudo a respeito dos impactos das alterações de benefícios. O argumento é de que é necessária uma análise mais aprofundada sobre os efeitos na indústria.
Hidrogênio liquefeito. Alemanha, Países Baixos e Omã assinaram um acordo de desenvolvimento conjunto para criação do primeiro corredor de importação de hidrogênio liquefeito do mundo.
- A iniciativa conectará o porto de Duqm, em Omã, ao porto de Amsterdã, nos Países Baixos, e a importantes centros logísticos na Alemanha, incluindo o porto de Duisburgo. O corredor deverá entrar em operação até 2029.
Crise climática. O governo e a ANP, junto com agentes do mercado, precisaram responder a eventos climáticos extremos que ameaçaram o abastecimento de combustíveis em 2024. Secas na Região Norte, dependente da navegação por rios, e as inundações que afetaram mais de 400 municípios e levaram a 183 mortes no Rio Grande do Sul demandaram respostas emergenciais da agência.
Opinião: Existe um consenso de que as iniciativas endereçadas pela Lei de Combustível do Futuro proporcionam um marco legal robusto à transição energética no Brasil. Porém, não são poucos os desafios ao desenvolvimento dessas iniciativas, escrevem a integrante da área de Sustentabilidade Corporativa do Gaia Silva Gaede Advogados, Karina Santos, e o sócio Rodrigo Sluminsky.