ES Gás

Energisa prevê investir R$ 1 bilhão em nova fase da concessão de gás canalizado do Espírito Santo

Grupo apresenta seu primeiro plano de negócios para a ES Gás desde que distribuidora capixaba foi privatizada em 2023

Diretor-presidente da ES Gás, Fábio Bertollo, anuncia plano de investimentos ao lado do governador do Espírito Santo, Renato Casagrande (Foto Divulgação)
Diretor-presidente da ES Gás, Fábio Bertollo, anuncia plano de investimentos ao lado do governador do Espírito Santo, Renato Casagrande (Foto Divulgação)

RIO — A ES Gás, distribuidora de gás natural canalizado do Espírito Santo controlada pela Energisa, planeja investir cerca de R$ 1 bilhão até 2030

O novo plano de negócios prevê a interiorização da rede para cinco novos municípios; desenvolvimento de corredores a gás; a injeção de biometano na malha de distribuição; e dobrar o número de clientes conectados, para 180 mil ao fim do período.

O plano foi apresentado esta semana e ainda precisa ser aprovado pela ARSP, a agência reguladora estadual, no processo de revisão tarifária da companhia — o primeiro desde que a ES Gás foi privatizada em 2023.

Sob nova administração

Este é, portanto, o primeiro plano de investimentos montado do zero pela distribuidora sob o controle da Energisa.

Desde a privatização, a ES Gás investiu R$ 126 milhões — parte de um compromisso já estabelecido e assumido pela controladora na ocasião.

Em entrevista à agência eixos, o CEO da ES Gás, Fábio Bertollo, conta que a Energisa herdou uma concessão que pouco avançou na última década.

Reflexo da disputa societária travada entre o estado e a BR Distribuidora (hoje Vibra), antigos acionistas da distribuidora.

“A gente sabe que o estado viveu um advento de insegurança jurídica na distribuição. E isso ocasionou praticamente um congelamento de investimentos aqui. Então, a gente vai começar a investir mais em reconstrução de rede e conversão de clientes”, disse.

O plano em detalhes

O novo plano de negócios da ES Gás é dividido em:

  • R$ 300 milhões em interiorização
  • R$ 470 milhões em adensamento da rede
  • e R$ 230 milhões na segurança e confiabilidade operacional

A expectativa é construir mais 480 km de gasodutos, para 1,1 mil km; e conectar 92 mil novos clientes.

Dentro da proposta de interiorização, a meta é conectar mais cinco municípios: Pedro Canário, Nova Venécia, Jaguaré, Domingos Martins e Mimoso do Sul.

A expansão contempla tanto novas redes, quanto gasodutos virtuais, abastecidos por carretas de gás natural comprimido (GNC). Ao fim do período, a ideia é que a ES Gás abasteça 19 cidades do estado.

Corredores a gás

Uma das avenidas de crescimento da ES Gás para os próximos cinco anos é o uso do gás no setor de transporte de cargas.

A meta é que nenhuma rodovia federal do Espírito Santo chegue a 2030 sem postos com bico de injeção rápida.

“A ideia é a gente garantir que a pessoa consiga sair do Rio de Janeiro, chegar na Bahia ou ir para Minas e passar pelo Espírito Santo, tendo [abastecimento] ou na entrada ou na saída do estado”, comenta Bertollo.

A ES Gás abastece, atualmente, cerca de 40 postos de gás natural veicular (GNV) no estado e a ideia é alcançar os 65 postos, permitindo a substituição de até 10% dos combustíveis líquidos no Espírito Santo.

No industrial, a meta da companhia é conectar mais 30 clientes — ante os cerca de 40 atuais.

“Vamos para a disputa: substituir o energético que o cliente tenha. Às vezes essa substituição é relativamente tranquila para o segmento que esteja buscando uma descarbonização e tenha disponibilidade orçamentária para fazer isso. Às vezes não. Às vezes é uma disputa de preço”.

E, no residencial, o foco está no adensamento da rede na Grande Vitória, Linhares e Cachoeiro de Itapemirim. 

“Uma coisa que a gente busca no Espírito Santo é diversificar. É uma distribuidora que está muito concentrada no consumo industrial. E quando você está muito concentrado num mercado só, você não tem uma distribuidora resiliente. Esse é um ponto muito importante para a própria saúde da concessão”, afirma o executivo

A ES Gás mira os exemplos das concessões de São Paulo (Comgás) e Rio de Janeiro (Naturgy), onde os setores residencial e comercial têm pesos maiores na margem das distribuidoras.

“Quero caminhar para esse tipo de maturidade. Hoje 90% do volume da nossa margem está no setor industrial”

Mais biometano

A ES Gás também prevê inserir, nos próximos anos, o biometano na rede. A companhia tem hoje contrato assinado com a Marca Ambiental, para injeção do gás renovável produzido no aterro de Cariacica, na Região Metropolitana de Vitória, e mais três projetos mapeados.

“A gente está imaginando uma injeção de biometano que pode chegar até 100 mil m3/dia”.

O plano de investimentos da concessionária contempla, ainda, um projeto para aumentar a redundância do abastecimento a Aracruz, de olho no potencial de desenvolvimento do consumo industrial e termelétrico no Parque Logístico Espírito Santo (Parklog/BR).

A região é abastecida, hoje, pelo gasoduto de transporte Lagoa Parda, vinculado a campos já maduros, com produção declinante.

A expectativa é que o novo plano de negócios da ES Gás seja submetido a consulta pública na segunda quinzena de maio. 

O processo de revisão tarifária da distribuidora também definirá a margem da companhia para os próximos anos.

Bertollo conta que a empresa espera manter a modicidade tarifária, mas que, ao mesmo tempo, é preciso garantir a capacidade de recuperação de investimentos na concessão.

“A gente não pode deixar de encarar que o estado passou por uma década de subinvestimento. A distribuição é, de longe, o menor componente da tarifa. Então a gente está trabalhando para manter a modicidade tarifária e garantindo que a distribuidora precisa de caixa para investir”, comentou.

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