newsletter
Diálogos da Transição
eixos.com.br | 05/01/21
Apresentada por
Editada por Nayara Machado
[email protected]
Em meio à corrida para a vacinação e aplicação dos planos para recuperação econômica pós-covid, 2021 também tende a ser um ano intenso para as políticas climáticas.
Em novembro acontece a 26ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP26), onde os países signatários do Acordo de Paris deverão apresentar suas ambições para manter o aumento da temperatura do planeta abaixo dos 2 ºC e a intenção de ficar em 1,5°C.
O desafio é grande. Não só porque o encontro acontece com um ano de atraso por conta da pandemia, mas também porque, cinco anos após o acordo climático, as emissões de gases de efeito estufa continuam crescendo.
De 53 bilhões de toneladas de CO₂e em 2015, as emissões aumentaram para 59 bilhões de toneladas em 2019, segundo o Emissions Gap Report 2020.
Maior emissor de gases de efeito estufa, o potencial do setor de energia ainda é pouco explorado nas estratégias do acordo climático.
De acordo com a IRENA (Agência Internacional de Energia Renovável), as metas atuais de energia das NDCs deixam 59% do potencial para eletricidade renovável inexplorado até 2030.
“As metas de energia estão cada vez mais aquém das estratégias e planos nacionais. O alinhamento da próxima rodada de NDCs com essas metas do mundo real poderia aumentar a capacidade global de energia renovável para 5,2 TW (ou 2,2 vezes a capacidade global atual) até 2030”, analisa a agência.
Este potencial não deve passar despercebido na administração do novo presidente dos Estados Unidos — país que mais emite CO2 no mundo desde o século 19 –, Joe Biden.
Biden quer alavancar investimentos em energia limpa em direção ao seu objetivo duplo de tirar a economia de uma crise profunda e cumprir as ambiciosas promessas climáticas da campanha.
Para administrar o Departamento de Energia, Biden selecionou a ex-governadora de Michigan, Jennifer Granholm, defensora da energia limpa que trabalhou em estreita colaboração com o governo Obama para resgatar a indústria automobilística de seu estado, em um programa que direcionou fundos de estímulo para construir instalação da LG Chem que produz baterias para o Chevy Volt.
Tanto Biden quanto Granholm argumentam que uma transição para energia limpa pode ajudar a economia dos EUA a resistir à turbulência econômica causada pela pandemia.
É uma sinalização importante, já que o mundo inteiro está de olho na movimentação da maior economia global em relação ao clima, enquanto aguarda a reinserção dos EUA no Acordo de Paris, também uma promessa de campanha de Joe Biden.
No cenário global, a IEA (Agência Internacional de Energia) alerta que, se por um lado as emissões relacionadas ao setor caíram temporariamente com a pandemia de covid-19, os investimentos também caíram drasticamente, o progresso na eficiência energética diminuiu e o número de pessoas sem acesso à eletricidade aumentou.
Em relatório, a agência aponta que o estímulo econômico e os planos de recuperação precisam ser usados para apoiar as transições de energia limpa.
Além da energia, países estão buscando soluções para uma retomada verde. O ano que passou foi marcado por anúncios de planos de descarbonização e investimentos em negócios sustentáveis.
O ano que começa agora deve dar início a implementação de parte dos projetos anunciados e assistir novas movimentações até a COP26.
O que está previsto para 2021
- O Banco da Inglaterra passará a realizar testes de estresse climático em mutuantes e seguradoras;
- A Uganda se comprometeu a investir quase US$39 milhões na montagem de uma fábrica de ônibus elétricos com capacidade inicial de fabricação de 5 mil veículos por ano a partir de 2021. O governo espera que 90% das unidades de ônibus elétricos possam ser produzidas no país;
- A UE, o Reino Unido e o presidente-eleito dos EUA, Joe Biden, estão considerando ajustes fiscais na fronteira do carbono em jurisdições que respondem por 30% das importações globais em valor;
Para levar à COP26
- A estratégia de £100 bilhões para a infraestrutura do governo britânico delineia planos de investimentos em infraestrutura verde para a criação de uma economia carbono-líquido zero até 2050, com mais de 60% de redução de emissões até 2030;
- Um terço do pacote de estímulo pós-covid da França – cerca de US$30 bilhões – é destinado a medidas verdes (incluindo US$9 bilhões para a indústria verde);
- 20 países e a UE têm um compromisso carbono-líquido zero e mais de 100 outros estão considerando adotar um. 220 estados e regiões se comprometeram com o carbono-líquido zero através da Under 2 Coalition;
A retrospectiva de 2020
- França, Reino Unido e Nova Zelândia tornaram obrigatória a divulgação de riscos climáticos ou se comprometeram a fazê-lo;
- A Coreia do Sul anunciou US$95 bilhões para investimentos em tecnologia verde e digital;
- A China se comprometeu com a neutralidade de carbono até 2060;
- Mais de 1500 empresas com receitas combinadas de US$12,5 trilhões de dólares estabeleceram metas de carbono-líquido zero;
- Investidores institucionais representando US$5 trilhões de ativos sob gestão atualmente se comprometeram a alinhar suas carteiras com um cenário de 1,5°C até 2050 através da Net Zero Asset Owner Alliance;
- Mais de dez montadoras (incluindo Volvo, Renault e Fiat) se comprometeram com metas de vendas de veículos elétricos para o período entre 2020 e 2025.75 Só o Grupo VW planeja investir US$66 bilhões até 2024;
- Os gigantes do transporte marítimo Maersk e CMA CGM se comprometeram a emissões líquidas zero até 2050.
Fonte: Climainfo
Brasil
No ostracismo das negociações climáticas, o Brasil tem o ano de 2021 para tentar correr atrás do prejuízo e apresentar uma política coerente com o objetivo global de manutenção da vida no planeta.
Neste sentido, entram em cena concessões de florestas públicas, emissão de créditos de carbono e pagamento por serviços de recuperação e proteção ambiental, com a proposta de movimentar investimentos sustentáveis em florestas na Amazônia.
A pretensão do governo é conceder à iniciativa privada 2,5 milhões de hectares de seis florestas no Estado do Amazonas pertencentes à União ainda no início deste ano. Os projetos de concessão florestal foram incluídos no portfólio de prioridades do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI), do Ministério da Economia. epbr
No setor energético, mudanças à vista no mercado de energia elétrica e de biocombustíveis.
No final do ano passado o Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) publicou resolução que estabelece como de interesse da política energética nacional as políticas públicas para microgeração e minigeração distribuída.
As políticas precisam prever acesso não discriminatório do consumidor às redes das distribuidoras e gradualidade na transição das regras, com estabelecimento de estágios intermediários para o aprimoramento das regras.
Há também a expectativa de que a Câmara vote o novo marco regulatório para a geração distribuída (PL 5829/19) já em fevereiro. Mas a matéria é polêmica e não conta com apoio de parte do governo. Entenda
Curtas
O governo do Mato Grosso do Sul anunciou nesta segunda (4) o lançamento de um Plano Estadual de Combate a Incêndio Florestal, com investimento de R$ 56,6 milhões. O plano traça estratégias e intensifica ações de prevenção e controle, entre elas o reforço da fiscalização em áreas de estradas e linhões de energia. epbr
O governo da Bahia prevê a instalação de 130 parques eólicos e 57 usinas solares no estado até 2025, com investimento de R$ 22 bilhões e geração de 83,5 mil postos de trabalho no período. Se confirmada, a projeção da Secretaria de Infraestrutura deve manter o estado na liderança da geração de energia a partir de fontes renováveis. epbr
A Minerva (BEEF3) e a Marfrig (MRFG3) entraram, nesta semana, no Índice de Carbono Eficiente (ICO2), composto por ações de empresas transparentes sobre a emissão de carbono. JBS (JBSS3) e BRF (BRFS3) já integravam o ICO2. Criticados por investidores internacionais pela falta de compromisso com a agenda ambiental, os maiores frigoríficos do país vêm tentando virar esse jogo, adotando práticas de sustentabilidade e de apoio ao meio ambiente. Exame
Os preços médios do etanol hidratado subiram em 13 Estados e no Distrito Federal na semana encerrada no sábado (2) ante o período anterior, de acordo com levantamento da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). Nos postos pesquisados pela ANP em todo o País, o preço médio do etanol caiu 0,09% na semana ante a anterior, de R$ 3,183 para R$ 3,180 o litro.
…Os preços médios mostraram-se vantajosos em comparação com os da gasolina em apenas dois Estados brasileiros – Minas Gerais e Goiás, dois grandes produtores do biocombustível, com paridade de 69,34% e 69,27%, respectivamente. AE/Broadcast
A ANP publicou nesta segunda (4) o edital do 78º Leilão de Biodiesel, o primeiro leilão do B13, para abastecimento do mercado nos meses de março e abril deste ano. Certame marca o aumento da mistura para 13% de biodiesel no diesel mineral – até fevereiro a mistura é de 12%. Canal Rural
Segundo a Abiove (Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais), o biodiesel comercializado em dezembro passado para atender a demanda de janeiro e fevereiro de 2021 teve 20,29% de redução nos preços, queda que, se repassada integralmente para o consumidor, representaria redução de R$ 0,12/litro de diesel nos postos, calcula a associação.
[sc name=”news-transicao” ]