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Com guerra comercial, indústria do petróleo se prepara para menor demanda global

Consumo brasileiro deve seguir resiliente, aponta Opep

Bomba de abastecimento na cor vermelha em posto de combustíveis em Brasília/DF (Foto Marcello Casal Jr/Agência Brasil)
Abastecimento de veículo em posto de combustíveis em Brasília/DF (Foto Marcello Casal Jr/Agência Brasil)

NESTA EDIÇÃO. Demanda por petróleo no Brasil segue firme mesmo com redução do consumo global em meio à guerra comercial, indica Opep. 

Senador propõe projeto de lei para acelerar exploração na Margem Equatorial

Leilão de reserva de capacidade pode aumentar preço do diesel, diz Abicom. 

Abren quer projeto para contratar usinas a biogás para suprimento de potência. 

Justiça prorroga prazo para a transferência de controle da Amazonas Energia.


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A guerra comercial iniciada pelos Estados Unidos este mês com a imposição de tarifas às importações está levando a indústria do petróleo a se preparar para uma menor demanda global pela commodity em meio à desaceleração da economia mundial

  • Em relatório divulgado na segunda-feira (14/4), a Opep cortou em 150 mil barris/dia as previsões de crescimento da demanda global por petróleo em 2025.
  • Com isso, a estimativa agora é de um aumento do consumo de 1,30 milhão de barris/dia este ano.
  • Apesar da pausa de 90 para a implementação das tarifas, as maiores taxas sobre o comércio com a China seguem válidas. 

No entanto, o Brasil pode estar na contramão da tendência global.

Segundo o cartel, a expectativa é que o consumo no país continue resiliente, mesmo em meio à guerra comercial. 

  • A Opep lembra que o Brasil já estava adotando uma política monetária para lidar com a alta na inflação antes do anúncio das tarifas. 
  • Por isso, manteve as projeções de crescimento da economia nacional, com a expectativa de aumento do PIB brasileiro de 2,3% em 2025 e 2,5% em 2026

Além disso, a Opep acredita que o cenário internacional poderia até mesmo favorecer o agronegócio nacional, um dos setores que mais impulsiona a demanda por diesel no país. 

  • “O Brasil está relativamente bem posicionado e pode até mesmo se beneficiar da situação atual. Por exemplo, as tensões comerciais entre os EUA e a China podem aumentar a demanda chinesa por exportações agrícolas brasileiras”, diz o documento.

Mas a indústria de petróleo brasileira não deve sair ilesa da turbulência global. 

O aumento dos custos de desenvolvimento offshore e as pressões inflacionárias podem atrasar projetos de produção previstos para entrar em operação no Brasil em 2026, segundo a Opep. 

O cenário é ruim, sobretudo num contexto em que o país corre para abrir novas fronteiras, com a expectativa de intensificar a exploração em águas profundas na Margem Equatorial

  • Uma nova tentativa de acelerar a exploração na região surgiu recentemente no Senado Federal, com a proposta do senador Mecias de Jesus (Republicano/RR) de adotar uma legislação ambiental específica para autorizar a atividade na Bacia da Foz do Amazonas. Leia no site:


Oferta permanente. A ANP publicou os 16 setores que integram o 5º Ciclo de Oferta Permanente de Concessão (OPC), localizadas em 5 bacias sedimentares.

  • Pela primeira vez desde a criação da OPC serão ofertados quatro setores na Bacia da Foz do Amazonas, na Margem Equatorial brasileira, onde a Petrobras aguarda licença do Ibama para explorar.

TCU avalia oferta. A pauta da reunião do Tribunal de Contas da União de quarta-feira (16/4) prevê o acompanhamento dos processos da oferta permanente. Um dos objetivos é avaliar a adequação dos procedimentos adotados pela ANP. 

Estudos para escoamento. A Petrobras e a Coppe/UFRJ assinam na quarta-feira (16) um acordo para criar o maior laboratório do país para estudos sobre escoamento de gás natural e petróleo. A estrutura de 150 metros permitirá simular condições reais de operação, incluindo pesquisas com CO2 puro. 

  • O equipamento, chamado de Loop de Garantia de Escoamento, será instalado no Centro de Tecnologia da UFRJ. 

Preço do diesel. O leilão de reserva de capacidade (LRCAP) pode aumentar os preços do diesel, por conta da proibição de importação de biodiesel, segundo a Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom).

  • A entidade argumenta que as usinas termelétricas a biodiesel que participarem do certame vão pressionar a demanda pelo combustível, o que pode gerar dificuldades na cadeia de suprimentos nacional.

Por enquanto, queda nos preços. Todos os combustíveis tiveram diminuição nos preços no Brasil na primeira quinzena de abril, segundo o Índice de Preços Edenred Ticket Log apurado em 21 mil postos. 

  • A maior redução foi registrada pelo diesel, depois que a Petrobras reduziu o preço do combustível nas suas refinarias a partir de 1º de abril.
  • Na semana de 6 a 12 de abril, o etanol foi mais competitivo que a gasolina em seis estados. 

Ainda sobre o leilão de reserva. As novas regras do leilão precisam valorizar a conexão das termelétricas à malha de gasodutos, defende o diretor Comercial e Regulatório da Transportadora Associada de Gás (TAG), Ovídio Quintana, em participação na gas week 2025.

  • O executivo destacou que a conexão vai contribuir para aumentar a competição entre os projetos, no leilão, e garantir a mocidade tarifária no transporte de gás. 

Mercado livre de gás. Uma das lições da experiência europeia com a liberalização do mercado e que pode ser aproveitada pelo Brasil é a necessidade de discutir permanentemente medidas pró-abertura, defende o sócio-fundador da ARM Consultoria, Bruno Armbrust, durante a gas week.

Contratação de usinas a biogás. A Associação Brasileira de Energia de Resíduos (Abren) está trabalhando em uma proposta de projeto de lei para a contratação de empreendimentos a biogás para suprir potência ao sistema elétrico

  • O Programa Nacional do Metano Zero vai criar um certificado de origem do biometano, de modo a valorizar os atributos da fonte.
  • A Abren propõe que as usinas a biogás sejam contratadas por meio de chamadas públicas, em volumes em linha com as metas do Plano Clima.

Mais uma aposta no armazenamento. A Solfácil vai entrar no mercado de baterias associadas a sistemas fotovoltaicos com um investimento de US$ 1 milhão. A companhia passará a comercializar equipamentos de íons de lítio e a oferecer financiamento próprio para baterias. 

Impactos de eventos climáticos na geração. O Instituto Senai de Inovação em Energias Renováveis e a TotalEnergies inauguraram, em Natal (RN), uma usina fotovoltaica piloto onde serão estudados os efeitos de eventos extremos na geração de energia solar.

  • Com investimentos de R$ 5,4 milhões e o envolvimento de 17 pesquisadores, o projeto é financiado pela cláusula de P&D da ANP.

Amazonas Energia. A Justiça Federal prorrogou em mais três meses o prazo para a transferência de controle da Amazonas Energia à Âmbar Energia, do grupo J&F. A distribuidora deve apresentar até o dia 23 de abril uma contraproposta relacionada aos repasses pelo não cumprimento de critérios de eficiência.

Fusões e aquisições. O Cade aprovou a compra pelo grupo Matrix de um braço da IBS Energy, a IBS-SE Camanducaia. A transação envolve a sociedade que atua na construção de uma subestação de energia e de uma linha de transmissão em Camanducaia (MG).

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