Os choques no mercado de petróleo, provocados pela pandemia de covid-19, forçaram a indústria a repensar as projeções para a transição energética e muitos analistas vêm apontando que o pico da demanda futura por óleo pode estar mais próximo ou mesmo já ter sido ultrapassado.
Na visão de Lorena Dominguez, diretora de Operações da Repsol Sinopec Brasil, o óleo ainda tem um papel a cumprir, até no financiamento desta transição, que de fato, será mais rápida.
“[A pandemia] foi como um empurrão para a transição energética. Todas as empresas vinham falando sobre a transição. Com a redução da demanda e diminuição do preço do óleo, a covid-19 foi uma aceleração dessa transição”, diz.
Ainda assim, “é preciso dinheiro para a transição energética, e o upstream vai financiar parte dessa transição. O upstream ainda tem muito tempo de vida”, conclui.
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Lorena Dominguez participou do Backstage Rio Oil & Gas 2020 (veja a a íntegra aqui).
Curto prazo será mais lento…
Lorena Dominguez ressalta que o adiamento de projetos neste ano de pandemia fez com que a indústria brasileira acumulasse um estoque de projetos exploratórios, com demandas por investimentos pesados.
Combinado com o fato de a indústria estar mais seletiva, buscando projetos de alta rentabilidade para compensar a queda nos preços do petróleo, a tendência é a desaceleração da contratação de novas áreas de exploração.
“A chave no Brasil agora é desenvolver esses 120 blocos que foram contratados [em anos recentes]. Este ano, durante a covid-19, a maior parte dos projetos novos foram adiados”.
E a redução de custos é urgente.
“Vamos ver maior foco em projetos que têm que ser mais rentáveis, o controle de custos é mais importante que antes”.
Com destaque para novas soluções: “digitalização é a palavra crítica para todos os projetos. Com a pandemia, estamos virando mais rápido dentro da era digital”.
…Mas o Brasil está bem posicionado
Neste mesmo contexto de rearranjo dos investimentos em óleo e renováveis, a executiva afirma que a oferta de fontes no Brasil e alta competitividade dos ativos do pré-sal deixam o país em uma posição favorável.
“O Brasil é um dos maiores focos do óleo e gás nesse momento, pelo potencial que tem na transição energética e na produtividade dos poços”.
E pode ser otimista com reformas que ajudem a destravar projetos (e novos investimentos).
“O Brasil está fazendo mudanças, é uma realidade. Há dois, três anos atrás, tínhamos mais dúvidas. Essa virada para abrir o mercado do gás está sendo mais rápida. A regulação tem que mudar bastante, mas estamos mais otimistas”.
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