Onda de calor

Produção de ar-condicionado dispara no Brasil em meio a recordes de calor e de consumo de energia

Produção de ar-condicionado dispara 38% em 2024, impulsionada por ondas de calor e recordes de consumo de energia no Brasil

Geraldo Alckmin se reúne com presidente do CMEC, em 25/2/2025 (Foto Júlio César Silva/MDIC)
Geraldo Alckmin (PSB), vice-presidente e ministro do MDIC (Foto Júlio César Silva/MDIC)

JUIZ DE FORA — A produção nacional de ar-condicionado atingiu um novo patamar em 2024, com seis milhões de unidades fabricadas, um aumento de 38% em relação ao ano anterior, de acordo com dados divulgados pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC). O Brasil consolida-se como o segundo maior produtor global do equipamento, atrás apenas da China. 

O crescimento foi impulsionado, em parte, pelas sucessivas ondas de calor que elevaram a demanda por refrigeração, refletindo também os sucessivos recordes no consumo de energia elétrica no país.

O dado foi divulgado nesta segunda-feira (17/3) pelo vice-presidente e ministro do MDIC, Geraldo Alckmin (PSB), após reunião com representantes do setor eletroeletrônico, incluindo o presidente da Associação Nacional de Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos (Eletros), Jorge Nascimento. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) também participou do encontro.

No total, a comercialização de eletrodomésticos no Brasil alcançou 117,7 milhões de unidades em 2024, um avanço de 29% e o melhor resultado em dez anos.

Segundo a Eletros, o crescimento das vendas foi influenciado por fatores como a ampliação do emprego e medidas econômicas adotadas pelo governo, além da demanda gerada pelas temperaturas elevadas.

Enquanto o Brasil enfrenta os desafios climáticos e energéticos, a produção e o consumo de ar-condicionado seguem como termômetros de uma realidade que exige planejamento e adaptação.

Onda de calor e picos de consumo

As altas temperaturas registradas em 2024 têm sido um dos principais fatores para os sucessivos recordes de demanda por energia no Sistema Interligado Nacional (SIN).

Em um intervalo de 21 dias, entre janeiro e fevereiro, o consumo instantâneo de eletricidade bateu três marcas históricas, atingindo 103.754 megawatts (MW) no dia 12 de fevereiro.

O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) aponta que o uso intensivo de aparelhos como ar-condicionado e ventiladores têm pressionado a rede, especialmente em regiões como Sudeste e Centro-Oeste, onde a demanda média chegou a 54.599 MWmed em fevereiro.

A sobrecarga na rede tem causado desafios, como no Rio de Janeiro, onde a Light relatou a queima de 1.150 transformadores em 2025, com prejuízos estimados em R$ 40 milhões.

Impactos no mercado de energia

O aumento do consumo de energia, aliado às altas temperaturas, também elevou a carga e os preços no mercado livre. Em um cenário de onda de calor, o uso mais intenso de aparelhos de ar-condicionado em ambientes corporativos é tido como um dos responsáveis pelos recordes.

Até o fim de fevereiro, a carga mais alta da história do SIN  foi de 106.5 gigawatts (GW), na quarta-feira (26/2). Houve picos de demanda instantânea nos dias 22 de janeiro e 11, 12, 21 e 24 de fevereiro, sempre na faixa das 14 horas.

Durante fevereiro, o Preço de Liquidação das Diferenças (PLD) saltou de R$ 58,60 no início de fevereiro para R$ 128,93, segundo a comercializadora Clarke Energia. A head de Gestão de Clientes da empresa, Monique Batista dos Santos, alertou para a necessidade de monitorar contratos: “É preciso entender se o perfil de consumo está mudando ou se é apenas uma alteração pontual devido ao calor”.

Cenário econômico

Além do clima, a recuperação da atividade econômica contribuiu para o aumento do consumo de energia.

Dados da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) mostram que o Brasil consumiu 71.317 MW médios no primeiro semestre de 2024, um crescimento de 6,8% em relação ao mesmo período de 2023.

O setor de serviços, impulsionado pelo uso intensivo de ar-condicionado em shoppings e hotéis, registrou um avanço de 24% no consumo.

Mudanças climáticas e alertas

O cenário de calor extremo no Brasil reflete uma tendência global. Relatório da World Weather Attribution (WWA) e da Climate Central apontou que as mudanças climáticas adicionaram, em média, 41 dias de calor extremo em 2024.

No país, eventos como secas severas na Amazônia e no Pantanal destacam os impactos do aquecimento global. “Uma mudança rápida para a energia renovável ajudará a tornar o mundo um lugar mais seguro, saudável, rico e estável”, defende a WWA.

Com informações do Estadão Conteúdo.

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