Hub de hidrogênio

Projeto de aço verde da Vale é incluído em lista de prioridade da União Europeia

Mega Hub de produção de hot-briquetted iron será abastecido com hidrogênio verde

Bart Biebuyck, CEO da Green Energy Park (à esquerda), e Rogério Nogueira, vice-presidente executivo Comercial e de Desenvolvimento da Vale (Foto Divulgação Vale)
Bart Biebuyck, CEO da Green Energy Park (à esquerda), e Rogério Nogueira, vice-presidente executivo Comercial e de Desenvolvimento da Vale (Foto Divulgação Vale)

RIO — O projeto da Vale com a Green Energy Park (GEP) para a construção de uma planta de hidrogênio verde no Brasil foi incluído na lista prioritária do programa Global Gateway da União Europeia (UE). O hidrogênio irá abastecer um mega hub de produção de hot-briquetted iron (HBI ou ferro-esponja) — produto intermediário entre o minério de ferro e o aço.

O Global Gateway é um programa europeu que prevê investimentos de até 300 bilhões de euros entre 2021 e 2027, focando em setores como energia, transporte e digitalização para fortalecer parcerias e cadeias produtivas globais.

Na avaliação de Rogério Nogueira, vice-presidente executivo de Comercial e Desenvolvimento da Vale, a decisão mostra um reconhecimento da União Europeia sobre a relevância da iniciativa para o desenvolvimento da cadeia do hidrogênio verde e a descarbonização da indústria siderúrgica global.

“Ganhamos mais um impulso para atrair outros parceiros para nos apoiar na viabilização deste projeto, que consideramos fundamental para a economia de baixo carbono do Brasil”, comenta. 

Anunciada em outubro de 2024, a parceria Vale-GEP está na fase de estudos de viabilidade. Além do reconhecimento europeu, o projeto já havia sido incluído na Plataforma Brasil de Investimentos Climáticos e para a Transformação Ecológica (BIP), iniciativa do governo brasileiro para promover investimentos em sustentabilidade.

A mineradora espera captar aproximadamente US$ 2,5 bilhões para a construção desses mega hubs de HBI. 

Hidrogênio brasileiro para descarbonização europeia

A tecnologia de produção de HBI verde envolve a utilização de hidrogênio renovável, obtido através da eletrólise da água com eletricidade de fontes como solar e eólica, ao invés do gás natural e do carvão, tradicionalmente usados no processo.

Devido à necessidade de proteger a própria indústria siderúrgica, a estratégia europeia para descarbonização do aço encontrou na importação do HBI verde uma alternativa à transferência de plantas siderúrgicas para o Brasil, no conceito de powershoring

“Empresas europeias e brasileiras, como Green Energy Park e Vale, lideram o desenvolvimento de soluções de descarbonização no Brasil”, afirma Marian Schuegraf, embaixadora da Delegação da União Europeia no Brasil.

“Apoiar estas iniciativas, ligando e reforçando as cadeias de valor de ambos os lados do Atlântico e para benefício mútuo, é uma prioridade para a UE no âmbito da Agenda de Investimento do Global Gateway”, completa. 

A Green Energy Park desenvolve um dos maiores projetos de hidrogênio verde do mundo, no Piauí. No ano passado, a presidente da Comissão Europeia confirmou o aporte de 2 bilhões de euros para financiar a produção do energético no Brasil. Parte dos recursos serão destinados ao projeto da GEP.

O empreendimento terá capacidade de produzir 10 GW de hidrogênio e amônia que, a princípio, seriam enviados para a ilha de Krk, na Croácia.

A partir daí, o hidrogênio poderia abastecer consumidores industriais no Sudeste da Europa.

O projeto Green Energy Park Piauí deve ser instalado na ZPE de Parnaíba, e terá uma conexão com o futuro Porto de Luís Correia — ainda em construção.

Para Bart Biebuyck, CEO da GEP, este é o exemplo perfeito de uma iniciativa que cumpre plenamente os objetivos do Global Gateway.

“O Global Gateway é um instrumento que ajuda a financiar o tipo de cooperação que representa um ganha-ganha para a Europa e países parceiros como o Brasil. É exatamente o caso deste projeto”, explica.

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