NESTA EDIÇÃO. Brasil vai precisar comprar mais diesel do exterior caso suspensão da mistura de biodiesel entre em vigor.
Geradoras obtêm liminar contra leilão de reserva de capacidade.
Agentes estão cautelosos com preços no mercado livre de energia.
Transição energética está entre as principais preocupações do mercado de mineração no Brasil.
Aquecimento das águas levou a elevação inesperada do nível do mar em 2024, segundo a Nasa.
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Suspensão da mistura de biodiesel elevaria importação e teria impacto sobre abastecimento
A suspensão da mistura obrigatória de biodiesel ao diesel teria impactos sobre o abastecimento nacional devido à necessidade de maior importação do combustível fóssil.
- O diesel vendido nos postos é acrescido 14% de biodiesel.
- O Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis e de Lubrificantes (Sindicom) pediu à ANP a suspensão, por 90 dias, da obrigatoriedade de adição do biocombustível, em meio à disparada nos casos de fraudes na mistura nos últimos meses.
As refinarias brasileiras não conseguem atender a toda a demanda interna, portanto, a redução na mistura significaria um aumento da entrada do diesel estrangeiro no país.
- “Uma mudança repentina de mistura e a necessidade de maior volume de produto importado poderia causar problemas logísticos nos portos e levar a uma redução de disponibilidade imediata de produto no curto prazo, o que poderia limitar a redução do preço”, diz o gerente de desenvolvimento de negócios da Argus, Amance Boutin.
O potencial de redução nos preços ao consumidor gira em torno de 30 centavos por litro, estima a Leggio Consultoria.
Entretanto, especialistas apontam que dificilmente o alívio aos preços dos combustíveis ocorreria de forma imediata e significativa para a população.
Além disso, os efeitos estariam na contramão dos esforços do governo, que tem comemorado a redução das importações, com o aumento do fator de utilização das refinarias da Petrobras.
- Na mensagem ao Congresso para a abertura do ano legislativo, o presidente Lula destacou a redução nas importações como uma forma de reduzir “a vulnerabilidade do país nas oscilações de oferta de produtos em cenários de crise internacional”.
O mercado tem alertado também para os impactos ambientais da eventual suspensão da mistura.
- O resultado seria a retirada do mercado de 2,4 bilhões de litros do biocombustível, o que aumentaria as emissões de CO2 em 4,5 milhões de toneladas pelo maior consumo de diesel fóssil, calcula a produtora de biodiesel Binatural.
Preço do barril. Os contratos futuros do petróleo fecharam em alta na sexta (14/3), em meio às pressões de países ocidentais para que a Rússia aceite o cessar-fogo de 30 dias com a Ucrânia e dúvidas sobre a possibilidade de que a guerra acabe rapidamente. Na Intercontinental Exchange (ICE), o Brent para maio avançou 1% (US$ 0,70), a US$ 70,58 o barril.
Quando o gás argentino vai começar a entrar no Brasil? O fim do verão se aproxima e a janela de oportunidade para importação de excedentes de gás argentino durante a temporada ainda não se confirmou. A expectativa entre os comercializadores, hoje, é de que o negócio só deve vingar, de fato, a partir do fim do ano, na próxima janela de verão — estação em que o consumo de gás na Argentina sazonalmente arrefece, abrindo espaço para exportações. Leia na gas week.
Judicialização do leilão de potência O Superior Tribunal de Justiça atendeu ao pedido de um grupo de geradores que questionam o teto de CVU das usinas a biocombustíveis no leilão de reserva de capacidade (LRCAP). Com a liminar, os prazos do certame foram suspensos.
Competição predatória. A disputa pela captação de clientes no mercado livre de energia precisa passar pela educação do consumidor e pelo uso da tecnologia, na visão do CEO da Thopen, Gustavo Ribeiro.
- Segundo o executivo, a competição por clientes a partir dos preços é destrutiva e não gera valor. “Muita gente, na loucura de buscar o cliente a qualquer custo, tem um custo muito grande. É aí que entra a questão predatória”, diz.
Preços no radar. Geradores e comercializadores estão cautelosos com os preços do mercado livre de energia no Brasil. O motivo é o receio de uma estiagem em 2025, como a seca que ocorreu no ano passado e levou à diminuição do nível dos reservatórios das hidrelétricas.
- Os preços da energia também estão sendo influenciados pelas ondas de calor recentes no país. Com a alta da carga elétrica, os preços em alguns horários do dia têm aumentado, principalmente entre o fim da tarde e o início da noite.
Hub de hidrogênio. O Conselho Nacional das Zonas de Processamento de Exportação aprovou a instalação de um projeto para produção de hidrogênio verde e amônia verde, com capacidade de produção de 3 GW ao ano, na ZPE de Parnaíba (PI) pelo grupo espanhol Solatio.
- A reunião também autorizou a instalação de uma planta de produção de querosene de aviação sustentável (SAF) e outros combustíveis na ZPE de Bacabeira (MA).
Regulamentação do hidrogênio. A tendência é que o decreto traga clareza em algumas definições consideradas importantes, como o ciclo de vida para contabilidade de emissões de carbono, mas mantenha a flexibilidade. Leia na coluna de Gabriel Chiappini.
€ 12 bilhões para a transição energética. O quinto fundo flagship (CI V) da Copenhagen Infrastructure Partners (CIP) ultrapassou a captação de € 12 bilhões em recursos. O fundo tem mais de 50 projetos em estágio de desenvolvimento e vai investir em diferentes frentes, que incluem energia eólica, solar fotovoltaica e armazenamento em baterias. As iniciativas serão implementadas em países de baixo risco da OCDE.
Conflitos entre petróleo e estocagem de carbono. A Comissão de Meio Ambiente da Câmara analisa o PL 156/2025, que estabelece regras para a solução de controvérsias entre empresas que atuam na estocagem geológica de dióxido de carbono e as que exploram petróleo e gás natural, e altera a Lei do Petróleo.
- Os conflitos entre essas empresas, que muitas vezes compartilham áreas ou reservatórios geológicos, deverão ser solucionados com base nas regras da ANP. No caso de conflitos que envolvam a estocagem de carbono em áreas de exploração mineral, a solução seguirá as normas da Agência Nacional de Mineração (ANM).
Fundo Nacional de Mudança do Clima. A Comissão de Meio Ambiente da Câmara também analisa o PL 4571/2024, que determina que os recursos do fundo para combate às mudanças climáticas deverão ser destinados prioritariamente à região da Amazônia Legal. O projeto aguarda distribuição para relator.
Renováveis. Já a Comissão de Agricultura analisa o PL 4386/2024, que prevê uma série de salvaguardas para a instalação de usinas eólicas e solares, com o objetivo de resguardar as populações afetadas e o meio ambiente. O texto também prevê medidas para proteger os proprietários de terras arrendadas pelas usinas solares e eólicas. A matéria ainda está sem relator.
Mineração. Levantamento da consultoria EY identificou que a transição energética está entre as principais preocupações do mercado de mineração brasileiro, ao lado de mudanças climáticas e meio ambiente. A lista de riscos indicados pelos executivos também inclui aumento de custos, produtividade e esgotamento de recursos e reservas.
Mobilidade. O BNDES aprovou um financiamento de R$ 241,8 milhões para a Stellantis. O recurso, proveniente do programa BNDES Mais Inovação, deverá ser usado para desenvolver tecnologias de veículos híbridos e elétricos na fábrica de Betim (MG).
- A Stellantis planeja criar três modelos híbridos (com motores flex e elétricos) e um modelo totalmente elétrico na unidade mineira, segundo nota do BNDES.
COP30. Tramita em regime de urgência na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados o PL 358/2025, que transfere simbolicamente a capital do Brasil para a cidade de Belém (PA) durante o período de realização da 30ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, de 11 e 21 de novembro deste ano. O projeto aguarda designação de relator.
Nível dos oceanos. A Agência Espacial dos Estados Unidos, a Nasa, anunciou na quinta (13), que o nível global do mar apresentou uma elevação “inesperada” em 2024, sobretudo por causa do aquecimento das águas dos oceanos. Segundo a análise, a taxa de elevação foi de 0,59 centímetro, bem acima da projeção inicial, de 0,43 centímetro.
Opinião: Produção de biocombustíveis pode aumentar oferta de alimentos e gerar renda no campo, desde que integrada a práticas agrícolas sustentáveis e políticas públicas eficientes, escreve Marcelo Gauto, o gerente de Modelos de Negócios e Certificação de Produtos da Petrobras e colunista da eixos.