HOUSTON — A nova política energética dos Estados Unidos deve provocar mudanças nos fluxos globais de petróleo e gás, com impactos diretos para o Brasil. A avaliação é de Felipe Pérez, diretor de downstream da S&P Global, em entrevista ao estúdio eixos durante a CERAWeek 2025.
Pérez destacou a decisão do governo americano de liberar exportações de gás natural liquefeito (GNL), assinada durante o evento, e o aumento da guerra tarifária com países como Canadá e México. Segundo ele, essas medidas alteram o cenário do comércio global de petróleo e podem abrir espaço para o Brasil suprir parte da demanda por petróleo pesado nos EUA. “A grande questão é como o Brasil pode se posicionar estrategicamente diante dessa mudança para garantir benefícios ao setor”, afirmou.
Brasil na OPEP
O especialista também comentou a aproximação do Brasil com a OPEP, destacando que o país deve adotar uma postura estratégica e flexível nas negociações com diferentes blocos econômicos e produtores de petróleo. Segundo ele, a entrada dos Estados Unidos em um cenário mais volátil de política energética reforça a importância do Brasil manter boas relações comerciais sem se vincular rigidamente a um grupo específico.
Sobre a transição energética global, Pérez destacou que há um movimento de reavaliação dos custos e prazos de implementação, impulsionado pela saída dos Estados Unidos do Acordo de Paris.
Ele afirmou que essa decisão pode influenciar outros países a reverem seus compromissos climáticos, afetando políticas ambientais e o financiamento de projetos sustentáveis. No entanto, para ele, o Brasil deve seguir consolidando sua posição como líder na produção de energia limpa e renovável, aproveitando suas vantagens competitivas.
Impacto no mercado interno brasileiro
No cenário interno, o executivo enfatizou a necessidade de políticas públicas bem estruturadas para garantir previsibilidade aos investimentos no setor energético. Ele alertou para os impactos da inflação dos combustíveis na economia brasileira, especialmente diante da dependência de importação de diesel da Rússia e das incertezas em relação às sanções internacionais.
“O Brasil precisa estar atento às mudanças no mercado global para evitar oscilações bruscas que possam afetar o custo dos combustíveis e a competitividade da indústria”, disse.