Laudo preliminar da Polícia Civil descarta que incêndio em subestação foi provocado por raio

Comitiva do MME, com Bento Albuquerque, em vistoria à subestação em Macapá danificada por um incêndio em 3 de novembro de 2020 -- foto por MME
Comitiva do MME, com Bento Albuquerque, em vistoria à subestação em Macapá danificada por um incêndio em 3 de novembro de 2020 -- foto por MME

Um laudo pericial da Polícia Civil do Amapá descartou, inicialmente, que o incêndio na subestação de Macapá foi provocado pela queda de um raio nas instalações. A explosão de um dos transformadores ocorreu durante uma tempestade na região, levando a suspeita inicial que as condições ambientais poderiam ter contribuído.

As informações foram apresentadas nesta quarta (11) pela polícia, a partir de um exame preliminar da Polícia Técnico-Científico (Politec) do estado. Antes, foram publicadas pelo site local SelesNafes.com.

De acordo com a Polícia Civil, o para-raios dos transformadores estava intacto. Pela manhã foram cumpridos mandados de busca e apreensão na subestação (SE) Macapá.

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De acordo com o delegado Janeci Monteiro, a “constatação preliminar” da perícia é que o incêndio foi causado por falha em uma das buchas do transformador. “Essa foi a causa do incêndio. Além disso, a empresa não possuía uma guarnição que pudesse, naquele momento, fazer a contenção do fogo”, afirmou.

As informações são de O Globo.

Em coletiva realizada na semana passada, o Mistério de Minas Energia (MME) já evitava tratar a queda de um raio como a causa do apagão.

A fiscalização da concessão de transmissão é de responsabilidade da Aneel, agência federal do setor elétrico. A operação do Sistema Interligado Nacional (SIN) é feita pelo ONS.

A subestação deveria ter três transformadores principais, mas um deles estava fora de operação desde dezembro do ano passado. Na noite de 3 de novembro, dia do incêndio, dois transformadores foram destruídos e um terceiro, que poderia servir de backup, estava fora de operação.

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Linha do tempo

  • Terça (3), às 20h47: desligamento automático da SE Macapá 230/69 kV (LMTE) e das UHEs Coaracy Nunes (Eletronorte, 37 MW), Ferreira Gomes (Ferreira Gomes Energia, 27 MW) e Cachoeira Caldeirão (Cachoeira Caldeirão, 30MW). Explosão e incêndio em um dos transformadores da SE, o TR-1 230/69 kV. O TR-2 já estava indisponível para manutenção corretiva, sem previsão de retorno;
  • Quarta (4), às 06h09: Restabelecimento parcial da cargas a partir da Coaracy Nunes, incialmente com entrega de 13 MW de carga.
  • Quarta (4), fim do dia: Bento Albuquerque embarca para o Amapá em comitiva do , com Aneel e ONS. Gabinete de crise é formado. Cerca de 85% da população do estado sofre com a falta de energia.
  • Quinta (5): é possível restabelecer a carga para 40 MW. Força-tarefa com Eletronorte, FAB e agentes do governo iniciam plano para levar equipamentos para reparo de um dos transformadores, além de geradores para atendimento emergencial. Equipamentos precisam ser transportados de outros estados. Prefeito de Macapá, Clécio Luís (sem partido) decreta estado de calamidade.
  • Sexta (6), pela manhã: ao menos 14 dos 16 municípios do Amapá ainda são afetados pela falta de energia há mais de 60 horas. MME espera concluir reparos no transformar para elevar a carga para 70%. Bento Albuquerque afirma que a situação será completamente normalizada em 10 dias.
  • Sexta (6), fim do dia completa 72 horas. Aeronave C-130 Hércules, da FAB, embarca equipamentos para acelerar a entrada em operação emergencial de um dos transformadores da SE Macapá. Um KC-390 foi deslocado de Roraima para transportar 4 geradores até Macapá e atender, de forma emergencial, as atividades essenciais determinadas pelo governo do estado.
  • Sábado (7), pela manhã: Macapá é interligada ao SIN e começa a receber cargas de energia. O início do fornecimento de energia na cidade é gradativo.
  • Domingo (8), pela manhã: o ministro Bento Albuquerque faz uma visita técnica à subestação de Laranjal do Jari, da empresa Linhas Macapá de Transporte e Energia (LMTE). 65% da energia do estado está restabelecida.
  • Quarta (11), UHE Coaracy Nunes entra em operação, adicionando 25 MW na carga disponível para o Amapá. O atendimento chega a 80%.

Os agentes envolvidos

  • A estatal Eletrobras, por meio da Eletronorte, auxilia nas medidas emergenciais, como a contratação de geradores. É uma das fornecedoras da energia que passa pela SE Macapá, danificada;
  • A CEA é a distribuidora estadual de energia elétrica. Ela recebe a energia transformada da subestação e distribui nas cidades. Estatal, é controlada pelo governo do estado;
  • A Linhas de Macapá Transmissora de Energia (LMTE) é a concessionária de transmissão responsável por linhas e pela operação da SE Macapá. Originalmente, a empresa esteve sob controle do grupo espanhol Isolux. Atualmente, é uma operação da Gemini Energy, uma empresa com sede no Rio de Janeiro, controlada pelo fundo Starboard Partners, que investe em energia e infraestrutura;

Por que o apagão?

A SE Macapá é o ponto vital de conexão do Amapá com o Sistema Interligado Nacional (SIN) de energia elétrica. O estado é ligado por um ramal do Linhão de Tucuruí, mega projeto de transmissão que conectou os estados do Norte, permitindo que localidades antes isoladas passassem a ser abastecidas pela energia gerada em outras partes do país.

No caso do Amapá, as fontes principais são usinas hidrelétricas locais, mas elas também estão conectadas à SE Macapá, que faz a redução da tensão de 230 kV para 69 kV, e entrega a energia para a rede de distribuição da CEA (Companhia de Eletricidade do Amapá), controlada pelo governo do estado.

As poucas regiões que não foram afetadas são, justamente, os sistemas isolados remanescentes no estado, em que a geração é local, por termoelétricas.

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