O presidente da Bolívia, Luis Arce, escolheu Franklin Molina Ortiz para assumir o Ministério de Hidrocarbonetos. Economista, Ortiz passou a maior parte de sua carreira no governo do ex-presidente Evo Morales, chegando ao posto de vice-ministro de Desenvolvimento Energético.
Arce tomou posse na semana passada. Ele próprio foi ministro da Economia de Evo Morales, mas vem frisando que o ex-presidente não vai integrar seu governo.
O novo governo chega ao poder um ano após a renúncia de Morales, que comandou o país por 14 anos e saiu após a se reeleger mais uma vez, em um pleito cercado por denúncias de fraude e inconstitucionalidades.
Evo Morales retornou ao país após o período de exílio na Argentina.
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Governo Arce mira renegociação de contrato de gás
O desafio imediato de Franklin Ortiz será a exportação de gás natural, especialmente para o Brasil, um dos pilares dos investimentos bolivianos em exploração e produção.
Em entrevista à Folha de São Paulo, após sua eleição em outubro, Luis Arce afirmou “que falta legitimidade” aos acordos fechados entre a YPFB e a Petrobras durante o governo provisório da senadora de oposição Jeanine Añez.
O novo governo ainda não divulgou seu plano para uma nova proposta para exportação do gás para o Brasil.
Do ano passado para cá, a Petrobras revisou termos do acordo para iniciar sua saída como principal supridora de gás boliviano no Brasil. Foram feitos também cortes de volume após a crise desencadeada pela pandemia de covid-19, que derrubou a demanda pelo energético, especialmente no segundo trimestre deste ano.
Diante do processo de abertura do mercado brasileiro de gás natural, o desafio da Bolívia será encontrar novos clientes no Brasil, concorrendo com as ofertas crescentes de GNL e gás nacional no Brasil.
Em geral, o plano da Petrobras é deixar de ser a única supridora de gás natural boliviano para o Brasil, o que inclui vender sua participação de 51% na TBG, dona do gasoduto Bolívia-Brasil.
Luis Arce deixou claro durante a campanha que não pretende propor reformas que levem a privatizações ou maior controle privado das operações de exploração e produção do país. A escassez de recursos, contudo, levam analistas a crer que, independente do modelo de desenvolvimento, alguma abertura será necessária para assegurar investimentos ma oferta de gás.
Em março, a Petrobras reduziu o volume máximo do contrato com a YPFB, de 30 milhões para 20 milhões de m³/dia, como parte do acordo assinado com o Cade para abrir espaço para outros agentes no mercado de gás. O aditivo ao contrato original de 1999 prevê o esgotamento de volumes pagos, por meio das cláusulas de take or pay, mas não despachados pela YPFB.