NESTA EDIÇÃO. Os resultados do cadastro de projetos para o leilão de potência.
Trinta petroleiras inscritas para próxima rodada da oferta permanente.
CMSE cria grupo de trabalho para mitigar cortes de geração renovável.
Produtores projetam volume menor para safra de etanol 2025-2026.
As políticas climáticas e a agenda energética do Brics.
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Termelétricas novas dominam projetos cadastrados para o leilão de reserva de capacidade
Confirmando as expectativas de concorrência acirrada, o leilão de reserva de capacidade teve 327 projetos cadastrados, num total de 74,07 GW.
- De toda a potência registrada, a maior parte veio de novas usinas termelétricas (67%).
- Ao todo, pediram o registro para participar do certame 228 projetos de termelétricas a gás natural, que somam 61,6 GW, além de 87 termelétricas a combustíveis, com 6,96 GW.
- O produto do leilão com a maior procura pelos agentes é o que vai negociar térmicas com entrada em operação prevista para 2029.
O estado do Rio de Janeiro concentra 23% de toda a potência inscrita.
Os dados foram divulgados pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE) após o término do prazo para o pedido de habilitação dos projetos.
Novidade nessa modalidade de contratação, a possibilidade de contratar ampliação de hidrelétricas atraiu 12 empreendimentos, com 5,48 GW.
- A Associação Brasileira das Empresas Geradoras de Energia Elétrica (Abrage) havia mapeado um potencial de 7,4 GW em projetos nesse perfil com potencial para participar do leilão.
Leia no site: New Fortress entra com 2 GW de térmicas a gás no leilão de reserva.
Após esse registro inicial, os empreendimentos ainda precisam entregar a licença ambiental, até 8 de abril, e ter a habilitação confirmada pela EPE, antes da realização do leilão, marcada para 27 de junho.
Em paralelo, o setor de petróleo e gás também se planeja para o próximo leilão de áreas de exploração e produção. Ao todo, trinta petroleiras, três delas pela primeira vez, estão inscritas para a próxima rodada da oferta permanente, marcada para 17 de junho.
- As estreantes são Westlawn Energia do Brasil, Lux Oil e Dilllianz Petróleo & Gas Natural-Biocombustivel. A estatal chinesa CNODC também está inscrita pela primeira vez para disputar um leilão de concessão de blocos
Falando em leilão… Outro certame muito aguardado para este ano é a contratação de projetos de armazenamento. Alguns dos fatores importantes para o sucesso do primeiro leilão de baterias do Brasil serão a remuneração, a atratividade e a capacidade a ser contratada, dizem especialistas.
- Os agentes do setor veem uma janela entre 1 GW e 2 GW a ser licitada.
Mercado já se movimenta. O conhecimento adquirido em outros países, como o Chile, vai ser um dos caminhos para desenvolver o armazenamento no Brasil. Além da criação de uma regulação robusta, o setor vai demandar também um trabalho de aprendizado junto a financiadores e importadores, aponta o diretor Global de Estratégia Comercial da Atlas Renewable Energy, Lucas Salgado.
- A companhia está desenvolvendo um projeto de baterias na região de Antofagasta, no Chile, e avalia participar do certame para essa tecnologia no Brasil.
Opinião: Fabricantes de soluções de armazenamento de energia que atuam no Brasil — e acreditam no potencial desse mercado e da cadeia como um todo — têm muito a ganhar com os desdobramentos que devem ser conquistados com essa regulamentação no mercado brasileiro, escreve o diretor-executivo da SolaX Power no Brasil, Gilberto Camargos.
Em busca de soluções para o curtailment. O Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE) criou um grupo de trabalho para coordenar ações, realizar diagnóstico, avaliar e propor medidas de planejamento, regulatórias e operacionais para mitigar cortes na geração de energia renovável.
Transferência da Amazonas Energia. A Justiça Federal negou o direito da Companhia de Gás do Amazonas (Cigás) de dar autorização à conversão de contratos da distribuidora de energia elétrica amazonense, que está em processo de transferência à Âmbar, do Grupo J&F.
Portabilidade no mercado livre de energia. A mudança de comercializadora ganhou impulso em 2024 em meio à busca dos consumidores por melhores condições e ofertas. Segundo dados da CCEE, 137 unidades consumidoras trocaram de fornecedor no mercado livre no ano passado, ante 11 casos em 2023.
- Além dos melhores preços, a busca por serviços customizados é outro motivo para a troca do fornecedor de energia, assim como a oferta de serviços adicionais.
Carros elétricos em condomínios. Está em análise na Câmara dos deputados o projeto de lei 158/25, que assegura a condôminos o direito de instalar infraestrutura de recarga para carros elétricos nas garagens, desde que respeitem normas técnicas, de segurança e a convenção do condomínio. A proposta é dos deputados do Novo de São Paulo Adriana Ventura e Ricardo Salles.
Competição no mercado de gás. O prêmio de incentivo à demanda introduzido pela Petrobras em sua política de preços de gás natural em 2024 aumenta a competitividade da estatal frente à possível entrada de gás argentino spot no mercado brasileiro, na avaliação da Rystad Energy.
- A consultoria destaca que o desconto oferecido pela estatal se tornou uma ferramenta para competir melhor com o gás importado; e que os produtores argentinos enfrentarão “condições mais desafiadoras” no Brasil.
Petrobras perdeu espaço. A estatal perdeu participação de mercado na comercialização de gás natural em 2024, com reflexos sobre a rentabilidade de seu negócio. Levantamento da agência eixos, com base em dados (preliminares) da ANP mostra que o market share da Petrobras caiu para menos de 70% do gás firme contratado pelas distribuidoras no Brasil. Leia na gas week.
Distribuição de gás. Associações ligadas aos produtores de gás natural e consumidores industriais emitiram nota conjunta de apoio à revisão dos termos do contrato de concessão da Sergas, proposta pela Agrese, a agência reguladora de Sergipe.
- O IBP, a Abpip e a Abrace afirmam que as mudanças corrigem distorções tarifárias e vão ajudar a reduzir custos para consumidores; além de criar um “ambiente regulatório mais claro e previsível” para a expansão da rede.
Vendas de ativos. O conselho da Brava Energia decidiu que novos desinvestimentos de campos terrestres e em águas rasas de petróleo e gás ficarão restritos aos ativos localizados na Bahia. A companhia segue em tratativas com empresas selecionadas e espera receber propostas vinculantes até abril.
Estoques de petróleo nos Estados Unidos tiveram alta de 3,614 milhões de barris, a 433,77 milhões de barris na semana passada, informou o Departamento de Energia do país. Analistas consultados pelo The Wall Street Journal previam alta muito menor, de 200 mil barris.
Alta nos preços. Todos os combustíveis registraram alta em fevereiro no Brasil, na comparação com o mês anterior, segundo o Panorama Veloe de Indicadores de Mobilidade, desenvolvido em parceria com a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe). O destaque foi o diesel, que ficou 4,6% mais caro nos postos de abastecimento, após o aumento de 6% aplicado pela Petrobras nas suas refinarias a partir de 1º de fevereiro.
Renovabio. O Instituto Combustível Legal rejeita a tese de que há risco ao abastecimento de combustíveis em virtude do aumento de penalidades aos inadimplentes do programa. O posicionamento é uma resposta às manifestações da Associação Nacional dos Distribuidores de Combustíveis que alegou sonegação de produto por parte de produtores de biocombustíveis.
Safra de etanol. Os produtores projetam um volume menor para 2025-2026, mas estão otimistas com a possibilidade de expansão do mercado, aguardando o aumento da mistura do biocombustível à gasolina e ampliação da oferta do produto à partir do milho.
- Estimativas da SCA Brasil indicam que a produção total pode chegar a 33,8 bilhões de litros, no período 2025-2026, sendo 24 bilhões de litros da cana e 9,8 bilhões de litros de milho. A projeção, no entanto, é inferior aos 36,83 bilhões de litros registrados em 2024.
Políticas climáticas no Brics… As metas climáticas dos países fundadores do Brics — Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul — estão abaixo do necessário para limitar o aquecimento global a 1,5°C, conforme estabelecido pelo Acordo de Paris, indica levantamento feito pelo BRICS Policy Center, com apoio do Instituto Clima e Sociedade.
… E a agenda para o setor de energia. A agenda energética do Brics em 2025, sob a presidência brasileira, deve seguir os passos do G20 de 2024 e incluir entre as prioridades a harmonização regulatória para novos combustíveis e o acesso universal à eletricidade, além de blindar os fósseis.
- Para os membros do grupo, essa discussão é crucial, já que muitos desses países ainda dependem fortemente de combustíveis fósseis e enfrentam desafios socioeconômicos significativos, em especial em países em desenvolvimento.
Leilão de hidrogênio. Um dos grandes desafios será estimular a criação de uma demanda doméstica, evitando que todo o hidrogênio produzido seja destinado à exportação. Leia na coluna de Gabriel Chiappini.