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Comitê de Monitoramento do Gás elege transporte como prioridade na agenda

Primeira reunião do grupo focará em destravar investimentos e modicidade tarifária nos gasodutos

Heloísa Borges, diretora de Petróleo, Gás e Biocombustíveis da EPE, em entrevista ao estúdio eixos durante a ROG.e no Rio, em 26/9/2024 (Foto Vitor Curi/eixos)
Diretora de Petróleo, Gás e Biocombustíveis da EPE, Heloísa Borges, em entrevista ao estúdio eixos, durante a Rio Oil & Gas & Energy (ROG.e) 2024 | Foto Victor Curi/eixos

PIPELINE.Comitê de Monitoramento do Setor de Gás Natural prepara 1ª reunião com foco em destravar investimentos e modicidade tarifária no transporte. EPE começa os trabalhos do Plano Integrado de Infraestruturas.

Laércio Oliveira promete novo projeto para gas release no Senado. Comgás compra gás argentino. Consumo industrial em queda. Nasce o mercado livre em SC. 70 GW no leilão de reserva e mais. Confira:


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O governo pretende colocar o bloco na rua , com as primeiras entregas da agenda de trabalho do novo decreto da Lei do Gás.

Passado o carnaval, a Empresa de Pesquisa Energética (EPE) espera lançar, em março, a consulta pública sobre a metodologia do Plano Nacional Integrado das Infraestruturas de Gás Natural e Biometano.

Para abril, está prevista a abertura de chamada pública para estimar a demanda efetiva por serviços nas infraestruturas dos elos da cadeia do gás e identificar o potencial de oferta. A estatal trabalha para que o plano fique pronto em setembro e seja colocado, então, em consulta pública.

O Ministério de Minas e Energia também pretende, nos próximos dois meses, avançar com a agenda do Comitê de Monitoramento do Setor de Gás Natural. 

A expectativa é que a primeira reunião do grupo seja convocada para entre março e abril – vai depender, ao fim, do ritmo e maturidade das entregas. A intenção, no MME, é que a primeira reunião do Comitê já encaminhe as primeiras deliberações.

O elo do transporte será a prioridade da agenda inicial de trabalho. Membros do MME, ANP e EPE, que compõem o grupo, têm interagido entre si para estruturar as primeiras propostas, com foco em destravar investimentos na malha de gasodutos e em modicidade tarifária.


A agenda prioritária do Comitê se debruça sobre, dentre outros pontos, a padronização dos contratos de serviço de transporte; e sobre aspectos no quesito modicidade tarifária.

A palavra de ordem tem sido, nesse ponto, de “freio de arrumação”, após os episódios de tarifaço, em 2024, nas ofertas de capacidade da NTS e TBG.

Um dos desafios postos na mesa é como dialogar os novos investimentos com os contratos legados, no cálculo das tarifas.

Para ilustrar a questão: a nova metodologia aprovada para a NTS, cuja tarifa final passou a ser composta pela soma de duas parcelas (Tarifa Legados + Tarifa Gasig), vai nesse sentido – embora não seja, necessariamente, a única forma de lidar com o assunto.

Outro assunto no radar do Comitê é a postalização das tarifas. O decreto 12.153/2024 reintroduziu o conceito da tarifa postal (uniforme entre todos os usuários), como modelo preferencial, no capítulo que reforça a competência da ANP em adotar medidas transitórias.

A ideia é adotar uma tarifa postal para entrada e outra postal para saída do sistema, sem tarifas de interconexão, como medida transitória até que a ANP publique uma nova resolução sobre o assunto.

A revisão da Resolução 15/2014, que também trata dos mecanismos de repasse de receitas entre transportadoras, é um caminho aberto para discussão desse tema na agência.

As transportadoras alegam que a atual metodologia de WACC (o custo médio ponderado de capital, usado como taxa de remuneração do capital no cálculo das receitas do transporte) e a Resolução 15/2014 (critérios para cálculo das tarifas) estão defasadas.

O diagnóstico é que a falta de clareza sobre a remuneração de investimentos travou projetos. 

As transportadoras convivem, hoje, com impasses na aprovação de novos investimentos e depositam as expectativas de que o novo decreto da Lei do Gás ajude a destravá-los.

A Ecomp Japeri (RJ), parte do projeto Corredor Pré-sal, crucial para a entrada do gás de Raia, da Equinor, em 2028, é o principal case: a NTS deu entrada no processo de aprovação do projeto em 2022 e só em janeiro deste ano obteve a autorização para construção – mas ainda aguarda do regulador uma posição sobre os parâmetros da remuneração do investimento.

A TBG, com a Ecomp Gaspar (SC), e a TAG, com a Ecomp Itajuípe (BA), também aguardam o aval da agência sobre seus respectivos projetos. 

As transportadoras pregam senso de urgência na fixação de um regra transitória de remuneração dos investimentos para esses ativos.

Propõem, nesse sentido, a adoção do conceito (comum no setor elétrico) de base regulatória blindada para os projetos de expansão aprovados – o que preservaria o ativo, por um tempo definido, de revisões tarifárias futuras. 

A EPE também promete destravar novos investimentos pela via do planejamento.

A diretora de Petróleo, Gás e Biocombustíveis da estatal, Heloísa Borges, destaca que um dos principais objetivos do Plano Integrado é ajudar a casar a oferta e demanda do mercado de gás e contribuir para que a ANP tome as melhores decisões na outorga de projetos a partir de uma avaliação mais sistêmica das melhores alternativas.

“A ideia é ajudar a ANP a enxergar melhor esse todo coordenado (…) A ANP deixa de olhar para um projeto só, que é a lógica regulatória da autorização, e passa a ter uma forma de olhar de forma sistêmica”, resumiu Heloísa Borges, ao apresentar no dia 17/2 os novos estudos da estatal para a malha de gasodutos.

E o projeto Corredor Pré-sal, da NTS, promete ser, justamente, um dos projetos contemplados na primeira versão do plano.

A EPE lançou, em fevereiro, a nova edição do Plano Indicativo de Gasodutos de Transporte (PIG), que contribuirá para a elaboração do novo plano integrado – que não se limitará, porém, ao elo do transporte.

É a primeira versão do PIG desde que o novo decreto da Lei do Gás, de 2024, mudou os ritos e trouxe um papel mais ativo para o Estado não só no planejamento da expansão dessas infraestruturas, mas também na proposição de projetos aos agentes do mercado.

Ao todo, a nova edição do Plano Indicativo de Gasodutos da EPE mapeou oito projetos., dentre eles o gasoduto Duque de Caxias/RJ–Taubaté/SP, parte do projeto Corredor Pré-sal da NTS – conjunto de duplicações de gasodutos com investimentos em compressão que visam a ampliar a capacidade de envio de gás do pré-sal do Rio para São Paulo, para compensar o declínio das importações bolivianas.

O projeto também está associado às perspectivas de queda na oferta de gás da UTGCA, em Caraguatatuba (SP).

A Ecomp Japeri é o primeiro passo e permitirá aumentar o fluxo de gás entre Rio de Janeiro e São Paulo dos atuais 12 milhões de m3/dia para 20 milhões de m3/dia.

A NTS está propondo ao mercado o faseamento do projeto Corredor Pré-sal. A ideia é distribuir o investimento em três fases a partir da construção da Ecomp Japeri e, com isso, diluir o seu impacto tarifário (uma preocupação externada pelos usuários) e mitigar incertezas referentes ao projeto, da ordem de R$ 7,8 bilhões.

No plano indicativo de gasodutos recém publicado, a EPE sinaliza que o investimento deverá ser avaliado no plano integrado a partir de um olhar sistêmico sobre a infraestrutura de gás como um todo.

O PIG cita que será importante avaliar os custos da adequação da UPGN de Caraguatatuba em relação aos custos de ampliação dos gasodutos prevista no projeto da NTS, “de forma a se indicar a melhor opção para o sistema de gás natural como um todo”.

E mais: O plano indicativo se debruça, pela primeira vez, sobre o potencial de conexão do biometano à malha de gasodutos, diante das perspectivas de crescimento da oferta a partir do mandato do Combustível do Futuro.

E também avalia algumas alternativas para importação de gás argentino, incluindo a rota via Paraguai — que, pelas estimativas da EPE, pode se tornar uma opção mais barata, para o Brasil, do que a integração via Rio Grande do Sul.

A EPE olha também para perspectivas de interiorização e reforços na malha de gasodutos. 

A proposta do Plano Integrado foi bem recebida pelas transportadoras, mas é vista com ressalvas no setor. 

As incertezas sobre a demanda do mercado de gás, por exemplo, impõem um risco sobre a construção do planejamento, na avaliação da vice-presidente da Equinor, Cláudia Brun.

Segundo ela, existe o risco de erros no dimensionamento da infraestrutura e falta clareza de como, eventualmente, lidar com eles. No aquecimento da gas week 2025

Aquecimento gas week 2025. Laércio Oliveira (PP/SE) pretende apresentar um projeto para criar um programa de desconcentração do mercado e, com isso, retomar a discussão sobre o gas release no Congresso, anunciou o senador na abertura do evento organizado pela  no escritório da Mattos Filho, na Faria Lima, na segunda (24/2).

– A revisão tarifária da Comgás, prevista para ser concluída em junho, seguirá o cronograma independentemente das negociações entre Arsesp e ANP sobre a disputa envolvendo o gasoduto Subida da Serra, disse o diretor-presidente da agência estadual, Thiago Nunes, durante o aquecimento gas week.

Demanda. O consumo de gás pela indústria no Brasil caiu 3,6% em 2024, para 28,386 milhões de m³/dia, segundo a Abegás. 

Argentina. A Pan American Energy (PAE), um dos principais produtores privados do país, assinou contrato com a Comgás para fornecimento de até 1 milhão de m3/dia por transação, na modalidade flexível, até o fim de 2025.

Mercado livre.Três clientes industriais de Santa Catarina migraram no início de 2025 e a abertura deve continuar a ganhar tração nos próximos meses, segundo a SCGás.

Fertilizantes. O diretor da Petrobras, William França, disse que a companhia está próxima de fechar um acordo com a Unigel, para retomada das atividades das fafens da Bahia e Sergipe. As partes negociam um contrato de industrialização.

LRCAP. Ao todo, 327 projetos estavam cadastrados para o leilão de reserva de capacidade até terça (25/2), totalizando 70 GW, disse o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira.

– A Aneel aprovou a abertura de uma consulta pública até 14/4 sobre o certame. Uma das propostas é que os participantes tenham que comprovar que os projetos não estão comprometidos com outros contratos.

– A Edge mira o leilão de reserva de capacidade de junho como uma oportunidade para ampliar suas vendas a partir do TRSP.

– E a Petrobras tem 2,9 GW de térmicas a gás para concorrer no leilão de reserva de capacidade de junho e projetou outros 800 MW em projetos greenfield no Rio de Janeiro.

Petroquímica. A Braskem aprovou o início do projeto para o aumento da capacidade de sua central petroquímica do Rio em 220 mil toneladas/ano de eteno. Companhia deverá firmar com a Petrobras um contrato de fornecimento de longo prazo e buscará os recursos previstos no âmbito do Reiq.

Biometano. Os aterros sanitários são uma solução para ajudar o biometano a ganhar escala em um país de dimensões continentais como o Brasil, e superar desafios logísticos, avalia o CEO da Waga Energy Brazil, Álvaro Ferreira.

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