Vitória de Biden pode acelerar a transição global para energia limpa, diz Fatih Birol

Riscos no suprimento de recursos minerais podem dificultar transição energética, diz relatório da IEA
Fatih Birol, Diretor Executivo da IEA, falando na sessão The Global Energy Challenge na Reunião Anual do Fórum Econômico Mundial 2020 em Davos-Klosters, na Suíça, em 23 de janeiro (Foto: Walter Duerst/FEM)

A eleição de Joe Biden e Kamala Harris como presidente e vice-presidente dos EUA pode acelerar a transição global para energia limpa. A avaliação é do diretor-geral da Agência Internacional de Energia (IEA, na sigla em inglês), Fatih Birol, que disse estar ansioso para apoiar presidente e a vice-presidente eleita a atingir novas metas de energia e clima na maior economia do mundo.

Birol vem reforçando a necessidade de ações urgentes dos países em direção à transição energética para que as metas do Acordo de Paris sejam alcançáveis. Defende que a resposta dos governos e da indústria frente ao aquecimento global está longe de ser satisfatória e que são necessárias “mudanças rápidas e generalizadas nos sistemas globais de energia”, algo que seria sensivelmente mais difícil caso Donald Trump fosse reeleito.

Na contramão das recomendações da IEA, Trump promoveu a desregulamentação no setor de óleo e gás, realizou leilões recordes de área de exploração, promoveu a expansão da indústria do carvão e não avançou na transição da indústria automobilística. Trump também retirou os Estados Unidos do Acordo de Paris.

Na disputa eleitoral, medidas para a redução de emissões e combate ao aquecimento global ganharam espaço na candidatura democrata, sobretudo depois que a Califórnia e o vizinho Colorado enfrentaram incêndios florestais de proporções recordes no verão norte-americano.

Promessas da nova gestão

Entre as primeiras promessas de Biden para combater as mudanças climáticas estão o retorno rápido dos Estados Unidos ao Acordo de Paris, o aumento das restrições à indústria de óleo e gás e o reposicionamento do governo quanto à indústria automobilística visando a neutralização de emissões dos veículos.

Já a vice-presidente eleita é ainda mais enérgica no combate à emergência climática. A senadora pelo estado da Califórnia chegou a apoiar a proposta dos socialistas para o corte radical de emissões, o chamado Green New Deal, encabeçado pela deputada democrata Alexandria Ocasio-Cortez (Nova Iorque). O plano previa investimentos de US$ 10 trilhões em 10 anos para a agenda climática.

O conjunto de propostas de Biden é menos abrangente e considerado mais próxima da iniciativa liderada pela presidente da Câmara dos EUA, Nancy Pelosi (Califórnia), e a deputada democrata Kathy Castor (Flórida). Chamada de “Solving the Climate Crisis”, a proposta prevê  zerar as emissões líquidas de gases do efeito estufa (GEEs) do país até 2050.

O plano foi apresentado no Congresso em julho mas não tinha chance de ser aprovado durante o governo Trump.

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