Acordo de Paris: se os EUA saírem, quem assume?

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Diálogos da Transição

Apresentada por

Editada por Nayara Machado
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Acordo de Paris: se os EUA saírem, quem assume?

Em meio à caótica contagem de votos da corrida presidencial dos EUA, o país abandonou formalmente o Acordo do Clima de Paris, uma promessa antiga do candidato à reeleição, Donald Trump.

Seu oponente Joe Biden, no entanto, promete reintegrar o país – segundo maior emissor global – ao acordo em caso de vitória nas urnas.

Responsável por cerca de 12,8% das emissões globais de gases de efeito estufa, os EUA são estratégicos no esforço internacional para frear o aquecimento do planeta.

Biden promete muito mais: tem um plano de 1,7 trilhão para a maior economia do mundo alcançar a marca de zero emissões de carbono em 2050.

Por outro lado, o presidente republicano Donald Trump, que enfraqueceu várias proteções ambientais durante sua gestão, defende energicamente a indústria dos combustíveis fósseis e questiona se as mudanças climáticas são causadas por ação humana, conclusão majoritária da comunidade científica.

“Os EUA têm orgulho de seu histórico como líder mundial na redução de todas as emissões, promoção da resiliência, crescimento da economia e garantia de energia para nossos cidadãos. Nosso modelo é realista e pragmático”, afirmou o secretário de Estado, Mike Pompeu, nesta quarta (4).

A redução de emissões nos setores de energia e transportes é um ponto fundamental para que os EUA consigam descarbonizar sua economia. Juntos, esses setores representam quase dois terços das emissões norte-americanas.

No caso da reeleição de Trump, estados, cidades e empresas terão que liderar as iniciativas de baixo carbono.

Uma ação desses grupos possibilitaria a redução das emissões em 37% até 2030 no país, segundo um relatório do grupo America’s Pledge, organização que propôs um modelo descentralizado — na ausência de um direcionamento do governo central americano — para aproximar o país às metas do Acordo de Paris.

Em caso de vitória de Biden, será preciso notificar oficialmente a ONU sobre a vontade de retornar ao Acordo de Paris. A apuração nesta quinta (5) pode confirmar a vitória do democrata, mas a contagem completa dos votos vai se extender, pelo menos, até a próxima semana – enquanto Trump move ações judiciais em todos os estados em que foi derrotado.

China e UE querem assumir liderança nas discussões. Mais da metade das emissões globais de carbono são geradas por EUA, China e União Europeia. Não à toa, eles têm protagonizado o debate internacional sobre clima.

Com a saída dos EUA do acordo, os governos da China e da União Europeia estão se organizando para tentar ocupar a liderança nas discussões sobre o tema.

Os anúncios recentes de Xi Jinping sobre a meta de neutralizar as emissões de carbono do país até 2060, e as intensas negociações da UE para redefinir um corte mais ambicioso nas emissões para o bloco em 2030 apontam para uma nova aliança geopolítica com objetivo de manter a ação contra a mudança do clima em pé, mesmo sem o governo norte-americano. (ClimaInfo)

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Quando o Acordo do Clima foi firmado em Paris em 2015, os governos reconheceram formalmente que, coletivamente, suas metas climáticas nacionais não seriam suficientes para alcançar o objetivo de limitar o aquecimento a 1,5˚C.

Por isso o compromisso de fazer a primeira atualização de metas para 2030, a “contribuição nacionalmente determinada” (NDC), até 2020. Ou seja, este ano, os países deveriam apresentar a revisão de suas NDCs na conferência internacional do clima – COP26.

A pandemia forçou o adiamento da conferência para o ano que vem e, junto com os sinais confusos da maior economia global em relação às ambições climáticas, pode ter contribuído para atrasar as revisões de metas.

Até 27 de outubro, apenas 12 dos 192 países que faziam parte do tratado apresentaram a revisão.

Entre os países que não atualizaram, está o Brasil, sob a liderança de Jair Bolsonaro, um admirador de Donald Trump e que vem adotando uma postura controversa em relação ao acordo e à agenda ambiental internacional.

Corrida para o zero. Em junho, a ONU lançou a campanha “Race to Zero” (“corrida para o zero”), para mobilizar desde empresas até nações inteiras a eliminar as emissões de GEE o mais tardar até 2050.

De lá para cá, mais de 120 países adotaram a meta de neutralidade climática até 2050.

E ainda: quase mil empresas, 458 cidades, 24 estados e regiões, 500 universidades e 36 investidores de grande porte também se comprometeram com a meta. (Deutsche Welle)

No Brasil, Salvador, Curitiba, Rio e São Paulo assumiram o compromisso de zerar as emissões de carbono até 2050. (O Tempo)

Curtas

O Congresso Nacional aprovou nesta quarta (04) a abertura de crédito de R$ 743,9 milhões para a Eletronuclear investir nas obras da usina nuclear de Angra 3, no Rio de Janeiro. O aporte será feito pela holding Eletrobras e faz parte dos esforços para avançar com etapas críticas do projeto antes da contração da conclusão das obras. epbr

O Sindicato Nacional de Produtores Rurais dos Estados Unidos criticou a saída do país do Acordo de Paris. Afirma que o compromisso é um passo necessário para combater incêndios florestais, secas e inundações cada vez mais comuns e que o trabalho em direção ao cumprimento das metas teria criado novos empregos. Broadcast/Agência Estado

 A Embrapa apresentou ontem (4) seu novo plano diretor, com as prioridades para os próximos 10 anos. Entre os temas prioritários estão a mitigação de efeitos da mudança do clima, aproveitamento e transformação de biomassa para energia renovável, bioprodutos, bioinsumos, desenvolvimento territorial sustentável também estão no radar. Agência Brasil

A Shell planeja reduzir para seis seu portfólio de 14 refinarias, até 2025. Segundo a companhia, as refinarias serão integradas com produtos químicos e cada vez mais com combustíveis de baixo carbono, como biocombustíveis, hidrogênio e combustíveis sintéticos. (I.C.I.S)

O leilão para a Parceria Público-Privada (PPP) de iluminação pública de Belém recebeu oito propostas para modernização e manutenção de mais de 90 mil pontos de iluminação pública da capital do Pará. A abertura dos envelopes vai acontecer amanhã (6), na B3, em São Paulo, junto com o leilão de PPP para Sapucaia do Sul, no Rio Grande do Sul. epbr

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