LYON (FR) — O Suriname deve receber US$ 9,5 bilhões em investimentos no setor de exploração e produção de petróleo e gás, entre 2025 e 2027, aponta a consultoria Rystad Energy. No ano passado, o país registrou um salto no gasto em exploração para US$ 514 milhões, ante US$ 348 milhões em 2020.
Segundo a consultoria, o crescimento nos investimentos é impulsionado por projetos na costa do país, como a área de GranMorgu, operada pela TotalEnergies, que deve entrar em operação em 2028 e será o primeiro campo de produção de petróleo offshore em águas profundas no Suriname.
A operação inclui os campos Sapakara South e Krabdagu, e a expectativa é de recuperar cerca de 700 milhões barris de óleo equivalentes (boe), ao todo.
Os recursos atuais do país são de 2,2 bilhões de boe recuperáveis, de acordo com a Rystad Energy. Isso posiciona o Suriname no segundo lugar do ranking de áreas emergentes para a exploração da consultoria, atrás apenas da Namíbia, que tem 3,6 bilhões de boe recuperáveis.
Além da TotalEnergies, também estão envolvidas nos esforços de exploração no país sulamericano a Shell, Chevron e Petronas.
Vizinha do Suriname, a Guiana descobriu mais de 13 bilhões de boe nos últimos dez anos.
“A Guiana tem sido tradicionalmente o foco da exploração de petróleo, mas o Suriname está ganhando cada vez mais atenção como um alvo promissor.” , disse, em nota, o vice-presidente de Pesquisa Upstream da Rystad Energy, Palzor Shenga.
“As semelhanças nos sistemas petrolíferos entre os vizinhos costeiros devem desempenhar um papel crucial no processo de tomada de decisão das grandes petroleiras, que são atraídas pelas semelhanças geológicas, pelo sucesso comprovado da exploração e pelo esforço ativo do Suriname para atrair investimentos estrangeiros, criando um ambiente favorável para exploração e produção”, acrescentou Shenga.
Semelhanças com o Brasil
A geologia de Suriname tem semelhanças com a Margem Equatorial brasileira e há a expectativa de que as reservas da região se estendam até o Brasil — onde a Empresa de Pesquisa Energética (EPE) estima ter 10 bilhões de barris recuperáveis.
Entretanto, ainda não foram realizadas atividades exploratórias na região considerada mais promissora no Brasiç, uma vez que a Petrobras aguarda licença ambiental do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) para perfurar um poço em águas profundas na Bacia da Foz do Amazonas.
No início deste mês, o presidente Lula (PT) disse que “Suriname e a Guiana tão ficando ricos às custas do petróleo que têm, a 50 quilômetros de nós”.
O chefe do Executivo já se manifestou favorável à exploração da Margem Equatorial e teceu críticas ao Ibama devido à indefinição sobre a licença.
Na semana passada, a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, publicou uma nota em que defende que a discussão sobre a exploração na região ocorra no Conselho Nacional de Pesquisa Energética (CNPE).